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Aos 30 anos de estrada Jorge King estreia carreira solo

Primeiro single de um dos principais cantores do rock baiano chega às plataformas musicais

3 jul 2023 - 10h28
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Foto: Divulgação

Ícone do rock na Bahia, o cantor Jorge King lança seu primeiro trabalho solo, após ter passado por diversas bandas autorais e projetos covers, em mais de 30 anos de carreira. Trazendo na bagagem alguns lançamentos e centenas de shows em festivais, bares, boates e inferninhos nas noites da Bahia, do Brasil e até da Inglaterra, o compositor transcende sua experiência em grupos como Gridlock, Slow, Space Rovers, The Cross e King Cobra, e disponibiliza uma música cujo título não poderia ser mais emblemático: Tempo Pra Mim.

Primeira canção autoral de King em português, essa power ballad traz um misto de rock e hard blues, com clima suave, melancólico e angustiante ao mesmo tempo. Segundo o próprio, a composição nasceu por causa do tédio que se abateu durante o isolamento na pandemia de Covid-19. “Lutei contra o ostracismo musicalmente”, afirmou, destacando que compor foi a melhor forma de se posicionar em relação ao tempo em que vivemos, ao mundo atual. “Até mesmo para me entender, ouvir o que eu tenho a dizer.”

Nesse trabalho solo, Jorge King contou com uma equipe luxuosa, tendo a produção de Martin Mendonça, da banda de Pitty, que ficou responsável também pelas guitarras e violões, e assina a empreitada com sua produtora Praia dos Artistas. O baixo ficou nas mãos de Cadinho Almeida, requisitado por bandas dos mais diversos estilos, desde rock e hardcore ao reggae e black music, e a bateria foi executada por Guimo Migoya, músico histórico no rock, jazz e blues. A banda foi completada pela gaita bluesy de Brenoski Libertae.

Já a gravação foi realizada no estúdio WR, referência da música na Bahia, capitaneada por Apu Tude, guitarrista da banda noventista Úteros em Fúria, enquanto a mixagem e masterização ficaram a cargo de André T., que tem no currículo trabalhos com Pitty, Cascadura, Retrofoguetes, BaianaSystem, Mateus Aleluia e Caetano Veloso, entre dezenas de artistas.

De acordo com Jorge King, o single Tempo Pra Mim é o primeiro passo de uma nova faceta de sua carreira. “Tenho um disco inteiro escrito, mas pretendo continuar a mesma metodologia, sem pressa. A forma como produzimos essa música foi absolutamente espontânea, quase sem tentativa e erro”, disse, garantindo que novas canções estão por vir em breve. Como Jorge e Martin tocaram juntos por mais de dez anos nas bandas Gridlock e King Cobra, entre os anos 1990 e 2000, a relação dos dois foi como um “porto seguro” na hora de extravasar as ideias de King.

FACETAS DE UM VIAJANTE DO ROCK

Jorge King começou a frequentar a cena underground do rock baiano nos anos 1980, e no início dos anos 1990 tornou-se baterista da banda The Cross, pioneira do doom metal no Brasil, com quem lançou a demo tape The Fall em 1993. Dois anos depois, deu a primeira guinada na carreira e tomou de assalto o cenário aparecendo nos palcos como vocalista do grupo Gridlock, tendo como parceiros o guitarrista Martin e o baixista Breno Carneiro, o Brenoski Libertae da gaita de Tempo Pra Mim.

Apesar de uma trajetória curta e apenas uma música lançada oficialmente, Tears of Revolution, que abre a coletânea Doisdabahia, de 1997, a Gridlock marcou a história do heavy metal na Bahia e projetou Jorge como cantor. Contudo, meio desiludidos com a labuta no ingrato cenário autoral, o vocalista e o guitarrista Martin criaram, em 1998, a banda King Cobra, dedicada aos grandes hits do classic rock e hard rock. Com esse projeto de tributo ao passado, dominaram as noites de Salvador, tocando todas as semanas por cerca de quatro anos. E a Gridlock acabou.

No início dos anos 2000, os dois seguiram caminhos diferentes e Jorge King foi para Birmingham, na Inglaterra, cidade natal do Black Sabbath. Lá, participou de alguns projetos e encarou a aventura de ser um brasileiro cantando clássicos do rock inglês em pleno Reino Unido.

Após esse período de autoexílio, voltou ao Brasil e ingressou na banda de metal progressivo Slow, com quem lançou o disco Killer Mermaid em 2006. O grupo encerrou as atividades pouco tempo depois, mas as criações de Jorge com os caras ficaram registradas para a posteridade.

Nos dez anos seguintes, Jorge reformulou a King Cobra e começou novos projetos cover em homenagem a grupos como Deep Purple, Black Sabbath e AC/DC, além de ter integrado a banda stoner/grunge Motrícia. Até que, em 2016, ele formou a Space Rovers, também na pegada retrô do stoner rock, mas misturando blues, hard, metal, funk e rock psicodélico.

Os Space Rovers lançaram o primeiro EP autointitulado em 2019. Só que, logo depois, em meio a atribulações, o vocalista deixou a banda, ao passo que estourou a pandemia de Covid-19 no início de 2020. A partir daí, Jorge viveu o isolamento social com sua família na cidade de Valente, no interior baiano, dedicando-se à escrita de contos e poesias, além de experiências musicais introspectivas que o levaram ao trabalho solo.

Depois disso tudo, Jorge King ressurge dando a cara a tapas e afagos. E em bom português anuncia ao mundo que agora é hora de Tempo Pra Mim.

Cucamonga
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