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Análise: a volta do Gol GTI se tornou um sonho mais próximo?

Tudo vai mudar no mercado automotivo pós-coronavírus. O que parecia impossível talvez possa se tornar realidade. Veja a projeção do Gol GTI

27 abr 2020 - 15h43
(atualizado em 29/4/2020 às 14h00)
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O futuro Gol GTI usaria a mesma plataforma PQ24, mas com elementos do Golf GTI Mk8.
O futuro Gol GTI usaria a mesma plataforma PQ24, mas com elementos do Golf GTI Mk8.
Foto: Renato Aspromonte / OverboostBR

Já escrevi sobre a volta do Volkswagen GTI em outras ocasiões e fui categórico ao afirmar: tudo não passou de sonho de uma noite de versão. O frisson pela volta do Gol GTI foi provocado pela própria Volkswagen, que levou um Gol GT Concept ao Salão de São Paulo de 2016. Como o Gol perdeu a vez na fila da renovação para o lançamento do novo Polo (que poderia se chamar Gol), o que tivemos foi, na verdade, o retorno da linha GTS, tanto no Polo quanto no Virtus.

Também recentemente, ao analisar a chegada do Polo GTS ao mercado, escrevi sobre o significado da sigla GTI para a Volkswagen. Trata-se de uma versão mais apimentada do que a GTS. Usei como exemplo o Golf. Embora não seja um esportivo puro, como o Golf R, o Golf GTI pode ser considerado um esportivo de verdade. Já os carros GTS são grã-turismo que se posicionam entre um esportivado (só maquiagem) e um esportivo. Voltando ao Gol GTI, por que seria possível sonhar e por que não vale a pena sonhar?

O motor ideal para um futuro Gol GTI seria o 1.4 TSI de 150 cv.
O motor ideal para um futuro Gol GTI seria o 1.4 TSI de 150 cv.
Foto: Renato Aspromonte / OverboostBR

Bem, no capítulo sonho, poucos superam nossos amigos do OverboostBR, perfil que o designer Renato Aspromonte mantém no Instagram. Por isso, ele mandou uma projeção de como seria um novo Gol GTI para ilustrar esse artigo. De cara, o carro recupera o clássico azul escuro do primeiro Gol GTi (com i minúsculo) de 1988. Mas, se observarmos bem a projeção, veremos que a carroceria é a mesma do Volkswagen Gol atual, que já está no segundo facelift da terceira geração. Faz sentido? Faz.

Com a terrível crise econômica que virá com a pandemia de Covid-19, os futuros projetos das marcas foram adiados. Estima-se que a indústria automobilística terá um déficit de caixa de R$ 40 bilhões. É muito dinheiro. A renovação do Gol entraria na próxima leva de investimentos da Volkswagen, que começaria neste segundo semestre, após o lançamento do Nivus (último carro do atual ciclo). Nem se sabe se o Gol manteria seu nome, pois tudo indica que o próximo carro seria mais elevado, reunindo aspectos do Gol, do Fox e de um rival importante, o Renault Kwid. Agora tudo mudou.

O Gol GTI estreou a injeção eletrônica e tinha um motor 2.0 de 120 cv.
O Gol GTI estreou a injeção eletrônica e tinha um motor 2.0 de 120 cv.
Foto: VW / Reprodução

Num ambiente de crise, com vendas baixíssimas e com a população necessitando comprar carros mais baratos, faz sentido mudar o Gol para que ele ceda espaço para mais um carro caro e que vai atender a uma parcela da população já cheia de opções? Talvez seja mais lógico fazer um terceiro facelift no Gol e seguir a vida. Para as necessidades do Brasil, o Gol atual está de bom tamanho. Porém, o motor que move o capitalismo é a morte -- mais exatamente a morte de um produto para o nascimento de outro. Assim, as pessoas trocam de bens sem necessidade real, mas sim por uma série de questões que não vem ao caso comentar aqui e agora. É essa necessidade de matar um produto velho para colocar um novo no lugar que torna improvável a permanência do Gol atual por muito mais tempo.

Mas há outro porém. Ninguém sabe ao certo como será o mundo pós-pandemia. Se houver uma mudança radical nos valores da sociedade e a Volkswagen decidir manter o Gol como um clássico (como foi com a Kombi), porém dando a ele um tratamento digo (coisa que a Kombi nem sempre teve), por que o Gol não pode voltar a ter uma versão GTS ou mesmo GTI no futuro? Um esportivo mais barato, na casa de uns R$ 70 mil, seria bem interessante. Claro que as mudanças técnicas seriam grandes, mas um motor 1.4 TSI de 150 cv já cairia bem nesse hipotético Gol GTI.

Anúncio publicado pela Volkswagen sobre as características do Gol GTI.
Anúncio publicado pela Volkswagen sobre as características do Gol GTI.
Foto: VW / Reprodução

Por outro lado, é preciso que haja realmente um novo mundo para que o Gol GTI renasça. O próprio paradigma da globalização teria que ser revisto (não é impossível). Nesse caso, a Volkswagen do Brasil voltaria a ter mais autonomia em seus produtos, como tinha até o início dos anos 2000. Essa seria a única forma de o Gol GTI deixar o mundo dos sonhos e voltar ao mundo real. Se voltarmos à normalidade da globalização, não faz o menor sentido pensar num Gol GTI -- nem mesmo se a Volkswagen apresentar uma nova geração. Isso porque a sigla GTI (vamos repetir) exige um aprofundamento técnico que nenhum GTS requer. Demandaria tempo e dinheiro que a Volks não vai investir, pois o volume de vendas é baixíssimo.

Por enquanto, fiquemos com a projeção do Volkswagen Gol GTI feita pelo OverboostBR, que traz a linguagem visual do novo Golf GTI Mk8 lançado na Europa, mas na carroceria atual do Gol, feita sobre a plataforma PQ24. Afinal, assim já dizia o samba-enredo da Mocidade Independente em 1992: “Sonhar não custa nada / O meu sonho é tão real / Mergulhei nessa magia / Era tudo que eu queria / Para esse carnaval / Deixe a sua mente vagar / Não custa nada sonhar”.

Por que a Volkswagen deveria manter o Gol como está

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