Análise: Peugeot 208 pode usar novo motor 1.0 turbo da Fiat
Agora irmãs dentro da Stellantis, Peugeot e Fiat podem se ajudar para melhorar a eficiência do Peugeot 208, que usa motor 1.6 aspirado
Quando lançou o novo Peugeot 208 no Brasil, a antiga PSA foi bastante criticada por dotar uma carroceria excelente com um motor ultrapassado, no caso o 1.6 aspirado flex de 118 cv. Nem tanto pelo desempenho, mas pelo consumo, o motor 1.6 não condiz com a qualidade do novo Peugeot 208. Mas agora, debaixo do chapéu da Stellantis, Fiat e Peugeot podem se ajudar.
Já nesta semana, depois da largada dada na Europa pelo CEO do grupo, o português Carlos Tavares, as equipes das diferentes marcas da Stellantis no Brasil (especialmente Peugeot, Citroën e Fiat), começam a agendar reuniões para conhecer os processos de cada uma e depois analisar onde pode haver economia de custos (sem demissões) e melhoria dos produtos. O grupo pretende economizar 5 bilhões de euros por meio de sinergia entre as marcas.
O caso mais notório e urgente é o do Peugeot 208. Ainda este ano, a Stellantis começa a produzir a nova família de motores 1.0 turbo (cerca de 115 cv) e 1.3 turbo (cerca de 170 cv) previstos para equipar os carros da Fiat e da Jeep. Esses motores agora podem cair como luva para o Peugeot 208 e também para outros carros, como o Peugeot 2008, o novo Citroën C3 e o atual Citroën Cactus.
Para além de melhorar o Peugeot 208 como produto, deixando-o mais competitivo e aumentando suas vendas, a utilização dos novos 1.0 turbo e 1.3 que serão fabricados em Betim (MG) também aumenta a produção desses motores, o que leva a ganho de escala. O motor 1.6 produzido em Porto Real (RJ) atende também à demanda do Peugeot 208 na Argentina. O benefício dos motores turbo também se aplica ao mercado argentino. Portanto, esses motores podem até deixar de ser produzidos.
Tudo isso, entretanto, leva tempo. Não se trata de uma operação tão simples -- pegar o motor na prateleira e colocar em outro carro. Serão necessários vários testes de validação e isso também tem custos. Ana Theresa Borsari continua sendo responsável pelas marcas Peugeot e Citroën, mas agora responde a Antonio Filosa, ex-FCA, novo chefe de operações (COO) do grupo na América do Sul.
Dependendo da potência que tiver o novo motor 1.3 turbo (fala-se em algo entre 170 e 180 cv), até mesmo o ótimo motor 1.6 THP da Peugeot-Citroën, que foi desenvolvido em conjunto com a BMW, pode ser substituído. Vai depender, claro, de qual motor será mais eficiente.
É importante acrescentar, finalmente, que nenhuma notícia nesse sentido foi dada por qualquer executivo da Stellantis, mas acreditamos nessa possibilidade. O posicionamento dos modelos da Peugeot, Fiat e Citroën é um dos quebra-cabeças que os executivos da recém-criada Stellantis terão que administrar, pois há muita sobreposição de produtos.