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Anfavea atinge 22% da meta, mas ambiente no país "assusta"

Presidente da Anfavea, Luiz Carlos Moraes, faz balanço da venda de carros e reclama de “ruídos políticos inaceitáveis” em Brasília

7 abr 2021 - 12h56
(atualizado às 18h49)
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Luiz Carlos Moraes, presidente da Anfavea: "Atraso na vacinação piora o consumo".
Luiz Carlos Moraes, presidente da Anfavea: "Atraso na vacinação piora o consumo".
Foto: Sergio Quintanilha / Reprodução / Anfavea

O presidente da Anfavea, Luiz Carlos Moraes, fez um balanço da situação da indústria automobilística e considerou normal a queda (-5,4%) no licenciamento de autoveículos no primeiro trimestre. Foram emplacados 527.926 carros, comerciais leves, caminhões e ônibus, ou seja, 30.155 a menos do que em 2020 (janeiro a março). O balanço foi feito em coletiva virtual realizada na manhã desta quarta-feira (7). De uma maneira geral, os resultados do trimestre foram considerados positivos.

Moraes lembrou que em janeiro e fevereiro do ano passado o Brasil ainda não estava afetado pela pandemia de coronavírus. Em março foram emplacados 177.450 veículos leves (automóveis e comerciais), um aumento em relação a março do ano passado (+13,5%) e um crescimento em relação a fevereiro deste ano (+12%). Segundo o presidente da Anfavea, o que preocupa é a sequência do ano, pois o primeiro trimestre costuma ter vendas inferiores.

Quanto aos estoques, mesmo com a paralisação de algumas fábricas, foram considerados normais dentro da atual conjuntura. Desde dezembro tem ficado em torno de 100 mil veículos, que são suficientes para 15 dias de vendas. A Anfavea projeta vender 2,367 milhões de autoveículos em 2021, sendo 1,850 milhão de automóveis de passeio e 400 mil de comerciais leves. O quadro abaixo mostra que 22,3% da meta já foi atingida.

SETOR (x1.000) VENDAS
1º TRI
PROJEÇÃO
ANO
% DA
META
TOTAL AUTOVEÍCULOS 528 2.367 22,3%
VEÍCULOS LEVES 498 2.250 22,1%
    Automóveis de passeio 401 1.850 21,7%
    Comerciais leves 98 400 24,5%
VEÍCULOS PESADOS 29 117 24,8%
    Caminhões 26 101 25,7%
    Ônibus 3 16 18,8%
EXPORTAÇÕES 96 333 28,8%
PRODUÇÃO TOTAL 598 2.520 23,7%

Luiz Carlos Moraes fez sua mais contundente crítica ao ambiente do país. Sem citar nomes, o presidente da Associação Brasileira dos Fabricantes de Veículos Automotores disse que o risco de inflação é real, que está desapontado com a indefinição sobre o orçamento e que “tem tido ruídos políticos inaceitáveis” em Brasília. Foi uma crítica generalizada aos três poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário).

“Este ambiente econômico e este ambiente político assustam”, disse Moraes. “Tem gente em Brasília pensando na eleição de 2022 e não em como cuidar das empresas e resolver os problemas da população.” Segundo o presidente da Anfavea, “é estranho faltar comida para a população num país que é um dos maiores produtores de alimentos do mundo; para mim isso é um absurdo”.

Luiz Carlos Moraes não confirmou que a decisão da Ford de deixar de produzir carros no Brasil pode ser seguida por outros fabricantes. Mas afirmou que os “ruídos políticos” atrapalham nas conversas sobre futuros investimentos com as matrizes. “Toda hora estamos defendendo o Brasil lá fora”, disse, apontando “incompetência, falta de visão e visão eleitoral”, como problemas para o desenvolvimento dos negócios. “O executivo que está lá em Brasília precisa estar pensando na sociedade”.

Durante sua apresentação, Moraes mostrou dois mapas do Brasil com a situação das fábricas. No primeiro mapa, de 31 de março, havia 14 montadoras com parada total ou parcial na produção. A paralisação afetava 30 fábricas e 65 mil funcionárias em seis Estados: Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. No segundo mapa, de 6 de abril, havia apenas cinco montadoras paradas, afetando 10 fábricas e 5.500 funcionários em quatro estados.

Panorama das montadoras no Brasil: paralisação afetou seis estados.
Panorama das montadoras no Brasil: paralisação afetou seis estados.
Foto: Anfavea / Reprodução

“Nunca deveríamos ter desprezado a pandemia”, comentou. Segundo o executivo, se tudo tivesse sido feito da maneira mais correta possível, seguindo as orientações da Organização Mundial da Saúde (que tem pautado as ações das montadoras há um ano), a crise já seria difícil. Agora, novos problemas surgem. Um deles é a volta da inflação: “Se o Banco Central não agir, pode ter um problema maior. Isso nos preocupa porque a inflação tem impacto no nosso negócio”. Moraes também voltou a criticar o aumento do ICMS no Estado de São Paulo e disse que a arrecadação do governo paulista vai cair.

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