Audi E-tron, SUV elétrico de meio milhão, estreia no Brasil
Novíssimo SUV custa R$ 460 mil na versão de entrada e R$ 500 mil na topo de linha. Ele tem dois motores e 408 cv de potência. Veja 31 fotos
A Audi tem pressa. Mesmo com a economia extremamente retraída em função da pandemia de coronavírus, a marca alemã decidiu lançar seu mais tecnológico veículo no Brasil. Assim, o Audi E-tron, um SUV 100% elétrico, começa a ser vendido em 14 concessionárias do país. Mais do que um carro elétrico, o E-tron é um avanço extraordinário para a Audi, que aposta a maioria de suas fichas na eletrificação. O carro estreia em duas versões: uma de R$ 459.990 e outra de meio milhão (R$ 499.990, para deixar um cafezinho de troco).
O lançamento de um carro caríssimo num momento de retração econômica faz sentido. Os clientes que a Audi almeja para o E-tron têm poder aquisitivo superior e continuarão comprando produtos de alto valor. E o carro é um sonho de consumo, capaz de dar à marca uma relevância importantíssima para seu futuro -- afinal, ninguém sabe quantas montadoras seguirão vivas ao final do maior processo disruptivo da história da indústria automobilística. Se depender do E-tron, a Audi continuará vivíssima. Ele é mais que um SUV elétrico de 408 cv de potência; ele é a porta de entrada para um novo mundo.
O Audi E-tron conta com dois motores elétricos e uma nova geração da famosa tração Quattro, que fez história nos mundiais de rali. O motor dianteiro tem 135 kW de potência (184 cv) e 309 Nm de torque. O motor traseiro entrega 165 kW (224 cv) e 355 Nm. O torque combinado é de 664 Nm -- uma força poderosa para empurrar os 2.655 kg do caro. Desse peso, cerca de 700 kg são apenas da bateria. Elas ficam no assoalho do veículo, pois o E-tron é construído sobre a plataforma MEB. Com 36 módulos, a bateria do E-tron tem 95 kWh de capacidade, possibilitando um alcance de 436 km (dependendo, é claro, da maneira como o motorista conduzir o carro).
Apesar de grande e pesado, o Audi E-tron tem uma arrancada vigorosa. Com a totalidade do torque disponível quando se pisa no pedal do acelerador, o carro vai de 0-100m km/h em 5,7 segundos. Já a velocidade final é limitada eletronicamente em “apenas” 200 km/h. Já que não estamos falando de um carro esportivo, está de bom tamanho. Como todo carro elétrico, o Audi E-tron é extremamente silencioso quando o motorista liga o motor (é preciso ver o aviso “ready” acender painel para saber que o E-tron está pronto para rodar). Na estrada, o silêncio também é uma característica do carro. Normalmente, o ruído mais perceptível é o dos pneus Continental Premium Contact 6 comendo o asfalto. É preciso ter cuidado, pois eles são de perfil baixo (265/45), montados em rodas de 21”. As rodas de cinco furos são belíssimas e exclusivas da versão Performance Black (a de meio milhão). Elas têm cinco raios triplos sobrepondo os discos de freio com pinças laranjas, conferindo ao E-tron um ar de sofisticada elegância. Outro detalhe (exagerado) de design e modernidade são as duas câmeras que substituem os espelhos retrovisores externos (opcional da Performance Black).
Segundo a Audi, a tração elétrica nas quatro rodas garantem “excelência em aderência e dinâmica em qualquer tipo de terreno”. Ainda não pudemos comprovar essa característica. A distribuição ideal de torque entre os dois eixos é feita em uma fração de segundo. Na maioria dos casos, o Audi E-tron utiliza o motor elétrico traseiro como principal, o que é outra característica interessante deste SUV. Se o motorista exigir mais potência (e energia), a tração elétrica nas quatro rodas redistribui o torque conforme necessário para as rodas dianteiras. Quer mais? O sistema drive select, presente em outros modelos da Audi, nesse carro tem sete modos de condução: Auto, Comfort, Efficiency, Offroad, Dynamic, Allroad e Individual. É no Dynamic que a tração privilegia a esportividade e joga mais torque nas rodas traseiras, enquanto nos outros modos a distribuição é mais equilibrada entre os dois eixos.
A Audi argumenta que os retrovisores virtuais melhoram a aerodinâmica e “levam a digitalização do veículo a um nível totalmente novo”. As imagens são exibidas nos monitores internos laterais de 7”. O brilho se ajusta automaticamente. Se o motorista move o dedo sobre a tela tátil, símbolos possibilitam mover a imagem e ajustar o ângulo desejado. Uma das vantagens é que não embaçam em dias chuvosos. Ainda em nome da aerodinâmica, a suspensão a ar se ajusta individualmente às condições da estrada. A altura varia em até 7,6 cm.
Como dissemos, o E-tron é capaz de rodar até 436 km com uma carga de bateria. Mas, se o pé do motorista for muito pesado, desfrutando dos 408 cv, a autonomia vai reduzir. É por isso que, mesmo com carga total, o painel indica inicialmente um alcance menor, de 380 km. O carro tem, evidentemente, todos os sistemas de regeneração de energia. Segundo a Audi, o E-tron recupera energia durante mais de 90% das desacelerações. A novidade é que o motorista pode selecionar o grau de recuperação de energia em três níveis utilizando as aletas localizadas atrás do volante (não são shift paddles porque o carro tem apenas uma marcha à frente e ré). No nível 0, o Audi E-tron não recupera energia quando o motorista solta o pedal do acelerador. No nível 1 (desaceleração mínima) e no nível 2 (alta desaceleração), os motores elétricos geram torque de freio regenerativo, fazendo com que o SUV reduza bastante a velocidade enquanto produz eletricidade.
Se o motorista pode dirigir de forma moderada ou agressiva, para os demais ocupantes a palavra-chave é conforto. O E-tron é grande, tem 4,901 m de comprimento, 2,043 m de largura e 1,629 m de altura. O entre-eixos é generoso, com 2,928 m. Melhor ainda é que os veículos elétricos não possuem eixo cardã, portanto não há o desconforto do túnel central para o passageiro traseiro do meio. O porta-malas é de 600 litros. Na frente, como o motor elétrico é menor, o E-tron traz um compartimento que acomoda o kit de ferramentas e o cabo de carregador. Os assentos têm ajuste lombar e com memória para o motorista. No painel ficam os dois grandes displays do sistema MMI Touch, de 10,1” e 8,6”.
O carro pode ser carregado numa tomada simples de 110V, caso necessário, mas o ideal é usar sistemas de alta tensão. Em estações de recarga ultra rápida de 150 kW, por exemplo, é possível carregar até 80% da bateria em 30 minutos. A rapidez do carregamento vai depender da potência e do tipo de carregador (além da infraestrutura). O Audi E-tron permite uma recarga de até 11 kW em carregadores AC. Já para carregadores DC a potência máxima de recarga é de 150 kW. O mais comum é o carregamento de 7,2 kW, sendo possível recarregar o E-tron de 0% a 100% em 13 horas. No entanto, para quem roda 40 km/dia, um carregador AC de 7,2 kW completará a carga da bateria em 1h15min.. Caso o carregador tenha 3,6 kW, será necessário o dobro do tempo, ou seja, 2h30min. Mesmo em uma tomada residencial de 220V é possível recarregar totalmente a bateria em cerca de 4 horas.
O Audi E-tron começa a ser vendido em duas versões. O E-tron Performance (R$ 460 mil) traz bancos dianteiros elétricos de couro (com ajuste lombar e memória para o motorista), ar-condicionado de quatro zonas, teto solar panorâmico, volante com ajuste elétrico de altura, projeção do logotipo E-tron em todas as portas e luzes internas personalizáveis com 30 opções. Faróis Full LED com farol alto automático, piloto automático adaptativo, assistente de estacionamento e oito airbags são os principais itens de segurança. O rádio MMI tem navegador. O quadro de instrumentos é digital. O único opcional inclui head-up display e assistente de visão noturna.
O E-tron Performance Black (R$ 500 mil) traz bancos esportivos em alcantara, kit S line com soleiras em alumínio e iluminadas e pinças de freio laranja, entre outros detalhes estáticos. O sistema de som é Bang & Olufsen 3D, com 16 alto falantes. Entre os opcionais estão os retrovisores virtuais, faróis full LED Matrix HD com luz de direção dinâmica e o Audi Side Assist, com vários itens de segurança. As rodas são de 21” nas duas versões. Produzido em Bruxelas, na Bélgica, o Audi E-tron tem garantia de quatro anos para o veículo e de oito anos para as baterias. O carro está à venda nas cidades de Belo Horizonte, Brasília, Campo Grande, Curitiba (Alto da XV), Londrina, Florianópolis, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro (Botafogo), São Paulo (quatro locais) e Vitória.
Os números
- Preço: R$ 459.990 (Performance) e R$ 499.990 (Performance Black)
- Motor: 2 elétricos
- Potência: 408 cv (300 kW)
- Torque: 664 Nm
- Câmbio: 1 marcha AT
- Tração: 4x4 sob demanda
- Comprimento: 4,901m
- Largura: 2,043 m
- Altura: 1,629 m
- Entre-eixos: 2,928 m
- Vão livre: n/d
- Ângulo de entrada: 15,3 graus
- Ângulo de saída: 21,5 graus
- Ângulo central: 13,8 graus
- Peso: 2.655 kg
- Pneus: 265/45 R21
- Porta-malas: 600 litros (t) e 60 litros (d)
- 0-100 km/h: 5s7
- Velocidade máxima: 200 km/h
- Bateria: 95 kWh
- Consumo: 26,2 kW/100 km
- Alcance: 436 km
- Emissão de CO2: 0 g/km