Avaliação: Fiat Pulse 1.0 Turbo na prova de 1.200 km
Primeira avaliação de estrada do Fiat Pulse mostra que o SUV oferece boa dirigibilidade e bom desempenho, mas o consumo pode ser alto
Colocamos o Fiat Pulse na estrada para rodar 1.200 km. O trajeto entre São Paulo e Londrina (PR) reúne autoestrada com pista dupla ou tripla, trechos de pista simples, curvas longas e sinuosas, trecho de serra, situações de ultrapassagem ou com estrada livre, além de opção de rodar na terra e na cidade. Uma boa prova para o primeiro SUV da Fiat fabricado no Brasil.
O Pulse avaliado foi o topo de linha, versão Impetus, equipado com o novo motor 1.0 T200 flex de 3 cilindros. O Pulse estreia o câmbio CVT de 7 marchas com trocas manuais na alavanca e na borboleta. Nossa impressão geral foi positiva para o desempenho do carro, especialmente quando colocado no modo Sport (basta apertar a tecla vermelha no volante de direção).
O Fiat Pulse Turbo, porém, cobra um preço do motorista que gosta de acelerar - o consumo sobe bastante quando o giro vai além das 2.750 rpm. Como se tratava de uma avaliação, em alguns trechos forçamos um pouco o desempenho para sentir não apenas as respostas do motor e câmbio, as reações do turbocompressor e o ajuste de acelerador e freios, mas também o comportamento dinâmico do carro nas curvas.
O Pulse foi bem nesses quesitos. Apesar de ter o centro de gravidade elevado - afinal, é um SUV com quase 20 cm de vão livre do solo -, o carro merece grandes elogios para a suspensão. Ela não entrega um rodar tão macio quanto o do Volkswagen Nivus, por exemplo, mas também rola menos nas curvas - na verdade, a inclinação é bem pequena. Mais ainda: o carro tem um comportamento neutro, sem tendência ao subesterço (saída de frente) ou sobreesterço (saída de traseira).
Claro que os limites do Pulse não foram alcançados na estrada, onde são menores do que num circuito fechado. Porém, as pessoas não dirigem em pistas feitas para a competição, e sim em estrada com tráfego intenso e, muitas vezes, enfrentando curvas mal projetadas, que jogam o carro para fora. Por isso, o torque vetorizado é um item importante na estabilidade do Fiat Pulse (mas ele não chegou a ser necessário).
O que sentimos foi que o Pulse ficou na medida certa entre conforto e desempenho. Dá para fazer curvas a 140 km/h sem nenhuma tendência de sair de frente ou de traseira. Pelo menos até essa velocidade o Pulse é neutro, passa muita confiança ao volante. Rolagem da carroceria? Pequena. Sem dúvida, um grande trabalho da engenharia na suspensão traseira, que é por eixo de torção.
O conjunto motor/câmbio é outro ponto alto do carro. Não se mostrou muito econômico, mesmo nos trechos com condução mais maneira. Quanto mais você acelera, mais o Pulse entrega. Dá para andar a 120 km/h com o conta-giros na marca de 2.400 rpm em Drive. No modo Sport - que é bem mais divertido - o motor sobe a 2.750 giros. As trocas automáticas ocorrem a 5.000 rpm numa condução “maneira” e a quase 6.000 giros numa “tocada esportiva''.
O câmbio CVT de 7 marchas tem opção de trocas manuais na borboleta e na alavanca (o que não é muito comum em CVTs). Mas ele não parece ser tão bom quanto o câmbio AT6 da dupla Argo/Cronos. Já o turbo está muito bem ajustado; quase nada de "lag" (retardo). A resposta ao acelerador está afinadíssima. Com 40% de potência o motor já entrega 80% do turbo. O torque está quase o tempo todo disponível. Além disso, é possível ver no painel o trabalho da turbina - mais um diferencial que mostra a vocação da Fiat em fazer carros divertidos de guiar.
O motor tem 125 cv com gasolina e 130 cv com etanol. No início da viagem o carro estava abastecido com etanol. Mesmo sem usar o modo Sport e conduzindo de forma moderada, não chegou sequer ao final da Rodovia Castello Branco (315 km). Depois, abastecido com gasolina - e circulando uns 100 km na cidade - foi necessário mais dois abastecimentos com gasolina (um completo e outro para rodar mais uns 150 km).
O motor é moderno, com injeção direta de combustível e bloco 100% de alumínio. Por isso, o Fiat Pulse 1.0 T200 consegue acelerar de 0 a 100 km/h em 9,4 segundos (com a tecla Sport acionada). Mais um detalhe sobre o motor de 3 cilindros: a trepidação ainda é um pouco excessiva.
O painel digital do Pulse tem muitas funções. Deu um certo trabalho para conseguir colocar a informação do alcance (autonomia) visível no quadro de instrumentos (deveria ser fixo), mas conseguimos. Caso o motorista prefira sentir o consumo real ao invés de monitorar pelo conta-giros, é possível selecioná-lo no lado esquerdo do volante. Nesse caso, foi possível fazer trechos de até 14,9 km/l de etanol, porém o carro quase se arrasta nas subidas.
A aerodinâmica não é o forte do Fiat Pulse. O carro tem dificuldade de embalar quando está sem motor e sofre demais com os ventos laterais. É o preço a pagar pelos consumidores que gostam de SUV.
Rodando normalmente na cidade, sem grandes acelerações ou freadas, mas com o ar-condicionado ligado, o computador de bordo - que marca trechos de 20 km - chegou a acusar menos de 6 km/l na cidade. Talvez o carro estivesse ajustado para mais desempenho do que mais economia. É um item que pode melhorar. De qualquer forma, segundo o Inmetro, o Fiat Pulse 200 Turbo faz 8,5 km/l na cidade e 10,2 na estrada com etanol, ou 12,0 e 14,6 km/l com gasolina. Dirigindo lentamente, vimos que dá para fazer.
Posição de dirigir (bem elevada), acesso aos instrumentos, conforto dos bancos, ergonomia, multimídia, porta-objetos e acabamento geral estão muito bem resolvidos no Fiat Pulse Impetus. A multimídia é seguramente a melhor do país no momento, considerando os carros mais vendidos do mercado. O quadro de instrumentos da versão Impetus é totalmente digital e tem 7”. O display central (com conexão Android e Apple sem fio) tem 10,1”.
O porta-malas, embora não seja muito pequeno (370 litros), tem a acomodação das malas prejudicada pela inclinação do banco traseiro. Além disso, ele não é muito profundo. Dessa forma, é impossível acomodar duas malas médias (23 kg) em pé (seja na vertical ou na horizontal). O jeito foi colocar uma em cima da outra (ambas deitadas), o que deixou um vão livre que quase não dá para aproveitar. Coube um traseiro e isso resolveu o problema de as malas ficarem escorregando dentro do bagageiro. Do lado cabem duas mochilas e mais algum objeto estreito por cima (ou embaixo).
O Fiat Pulse traz itens eletrônicos interessantes, como TC+ (que ajusta os parâmetros do controle de tração), frenagem automática de emergência, farol alto automático e alerta de mudança de faixa. Esse último sistema tem três níveis de intervenção na condução do motorista (e também pode ser desligado).
Finalmente, em termos estéticos, o Fiat Pulse foi totalmente aprovado. Como o carro ainda tem uma produção muito pequena e poucas unidades foram entregues aos consumidores, ele despertou muita curiosidade. Algumas pessoas que o viram ficaram realmente interessadas em comprar um. No caso do Pulse 1.0 T200 CVT, são três versões: Drive por R$ 98.990, Audace por R$ 107.990 e Impetus por R$ 115.990. O carro avaliado estava com o opcional Connect Me (R$ 2.650), que permite maior conectividade.
ITEM | CONCEITO | NOTA |
MOTOR | Muito bom | 8 |
CÂMBIO | Muito bom | 8 |
SUSPENSÃO | Ótimo | 9 |
FREIOS | Muito bom | 8 |
DIREÇÃO | Muito bom | 8 |
EQUIPAMENTOS | Ótimo | 9 |
ERGONOMIA | Ótimo | 9 |
PORTA-MALAS | Bom | 6 |
ACABAMENTO | Muito bom | 8 |
DESIGN | Muito bom | 8 |
VEREDICTO | Muito bom | 8,1 |
Os números
- Preço: R$ R$ 115.990
- Motor: 1.0 turbo flex
- Potência: 130 cv a 5.750 rpm
- Torque: 200 Nm a 1.700 rpm
- Câmbio: 7 marchas CVT
- Comprimento: 4,099 m
- Largura: 1,744 m
- Altura: 1,579 m
- Entre-eixos: 2,532 m
- Vão livre entre-eixos: 224 mm
- Altura mínima do solo: 196 mm
- Peso: 1.237 kg
- Pneus: 205/50 R17
- Porta-malas: 370 litros
- Carga útil: 400 kg
- Tanque: 47 litros
- 0-100 km/h: 9s4
- Velocidade máxima: 189 km/h
- Consumo cidade: 12,0 km/l
- Consumo estrada: 14,6 km/l
- Emissão de CO2: 102 g/km