Avaliação: Fiat Toro Ultra é boa companheira de viagem

A picape Fiat Toro 4x4 Diesel traz boas novidades na linha 2022. Por isso, aproveitamos uma viagem de família para testar todos os itens da nova Toro na versão Ultra. A picape Toro Ultra se diferencia da Toro Ranch pela cobertura da caçamba e alguns detalhes visuais. Por isso, a ocasião foi propícia para uma experiência mais intensa com a picape da Fiat.

Durante 10 dias, a Fiat Toro Ultra 2.0 AT9 4x4 foi nossa companheira de viagem. O destino era uma fazenda na Serra da Mantiqueira, em Minas Gerais, perto da famosa Campos do João (SP). Partindo de São Paulo, a Toro Ultra teria que carregar cinco pessoas, cinco malas, bolsas, sacolas, dois colchonetes, roupas de cama, comida e bebida para todos esses dias. No trajeto, ruas congestionadas, rodovias de alta velocidade, rodovia de serra, estradinha municipal e, finalmente, estradas de terra e trilhas com muita pedra, poeira e subida.

Mesmo com uma caçamba de 937 litros, não foi fácil acomodar tudo. A estratégia foi retirar a capa protetora de plástico que vem com a Toro Ultra para evitar o pó. Mas, na volta, isso custou caro. Havia tanta poeira na caçamba (e dentro da cabine também) que a solução foi embalar toda a bagagem em sacos de lixo, daqueles pretos de plástico, bem grandes. Vale dizer que a Toro Ultra tem uma capacidade de carga útil de 1.000 kg.

Como havia mais três carros da família nessa viagem, um lugar na Toro foi bastante disputado. Portanto, três jovens -- uma  menina de 14 anos, um garoto de 17 e uma mulher de 22 -- viajaram no banco de trás, além dos dois da frente. Claro que a multimídia de última geração fez enorme sucesso com os jovens. Não precisou de instrução. O sistema é intuitivo e rapidamente a Paulinha, o Thiago e a Manu sabiam tudo sobre a conectividade.

Ao volante, a Toro Ultra 4x4 Diesel teve um desempenho exemplar. Mesmo na estrada de asfalto, os pneus de uso misto (Pirelli Scorpion) se mostraram bem confortáveis. O motor 2.0 turbo diesel de 170 cv responde muito bem com o câmbio automático de 9 marchas. As acelerações são boas e, quando foi necessário, a Toro teve boa desenvoltura para fazer ultrapassagens na estrada de serra de Campos do Jordão.

Na rodovia de pista dupla, sem forçar, ela obteve médias acima da marca oficial (12,3 km/l), mas depois acabou ficando um pouco abaixo. Na estrada, sua autonomia oficial é de 9,9 km/l, mas fizemos menos, pois ela estava muito pesada. Aliás, o peso não tirou o equilíbrio da picape na estrada. É impressionante como a engenharia da Fiat fez um trabalho soberbo na suspensão traseira. A picape nunca oscilou a frente, que é uma das situações mais perigosas e muito comum nas picapes de carroceria sobre chassi. Também apresentou pouca rolagem nas curvas.

Mais duas pessoas dirigiram a Toro durante esses 10 dias. Ambas elogiaram o comportamento dinâmico da picape, que, por ter carroceria monobloco, tem a dirigibilidade de um automóvel. Na estradinha de terra que liga Campos do Jordão (SP) e Piranguçu (MG), a Toro brilhou muito. Com a atualização feita na linha 2022, a picape melhorou um pouco o esterço das rodas dianteiras (5%), mas isso não resolveu o problema das curvas de 180 graus em estacionamentos, tampouco as curvas bem fechadas, em cotovelo, que são muito comuns em estradinhas vicinais.

Mesmo assim, por conta da tração 4x4 sob demanda, em nenhum momento a Toro Ultra 4x4 Diesel encalhou nas manobras nos pisos de terra, pedra, grama ou areia. A leveza da direção elétrica e os sistemas eletrônicos de segurança (mais utilizados nas rodovias) também merecem elogios, bem como a posição de dirigir e o conforto a bordo para cinco pessoas.

A Fiat Toro Ultra 4x4 Diesel é a topo de linha. Custa R$ 189.990, tem rodas de 17” escuras e capota rígida. A Toro Ranch custa R$ 1.000 a menos, tem rodas cromadas e capota com cobertura de lona. Este, aliás, foi o único detalhe não totalmente aprovado nesta viagem. Como a capota rígida abre apenas a parte traseira, em 45 graus, não é possível carregar pessoas ou animais dentro da caçamba (situação comum no meio rural).

Nossa impressão é que a capota convencional deixa a picape mais versátil. A capota rígida da UItra, entretanto, deixa a Toro visualmente mais parecida com um automóvel de passeio. Depende do gosto do cliente. Tanto a Toro Ultra quanto a Toro Ranch tem a nova grade dianteira bem proeminente, com contorno preto na Ultra e cromado na Ranch.

No final das contas, depois de passar 10 dias com a picape número 2 do Brasil (só perde em vendas para a Fiat Strada), utilizando-a na cidade, na estrada, na rua, na chuva ou na fazenda, nosso veredicto é que a Toro Ultra 4x4 Diesel é uma boa companheira de viagem. Não é à toa que a Chevrolet e a Volkswagen correm para fazer uma anti-Toro, a Hyundai já lançou a Santa Cruz com proposta semelhante, a Ford vai trazer a Maverick para aumentar o segmento e a Renault vai dar um upgrade na Oroch.

Entre todas as pessoas que conviveram com a Toro de alguma forma nesses dias, um casal se mostrou interessado em comprar uma, mas o preço das versões topo de linha assusta um pouco. 

Os números

• Preço: R$ 189.990 
• Motor: 2.0 turbo diesel
• Potência: 170 cv a 3.750 rpm
• Torque: 350 Nm a 1.750 rpm
• Câmbio: 9 marchas AT
• Tração: 4x4 sob demanda
• Comprimento: 4,945 m 
• Largura: 1,845 m 
• Altura: 1,735 m
• Entre-eixos: 2,990 m
• Vão livre: 238 mm
• Peso: 1.905 kg
• Pneus: 225/60 R17
• Caçamba: 937 litros
• Carga útil: 1.000 kg
• Tanque: 60 litros
• 0-100 km/h: 11s9
• Velocidade máxima: 193 km/h
• Consumo cidade: 9,9 km/l
• Consumo estrada: 12,3 km/l
• Emissão de CO2: 184 g/km