Avaliação: Renault Captur 1.3 turbo é um SUV evoluído
Rodamos com novo Renault Captur durante uma semana, no dia a dia, na cidade e na estrada, para ver como ele é na vida real
O novo Renault Captur 1.3 turbo enfrentou nossa avaliação “da vida real”. Sempre que uma montadora lança um novo modelo, o carro é oferecido aos principais jornalistas do setor para as primeiras impressões aos dirigir. Mas, devido ao pouco tempo disponível, normalmente este primeiro contato é feito em circuito fechado ou em um roteiro controlado, escolhido a dedo pelo fabricante. Por isso, gostamos também de fazer a avaliação do carro “na vida real”, no dia a dia, em ruas e estradas de diferentes características.
Pois bem. O novo Captur confirmou as expectativas. O SUV da Renault realmente ficou muito bem ajustado com o novo motor 1.3 turbo flex de 170 cv de potência com etanol e 162 cv com gasolina. O motor vem importado da Espanha exclusivamente para equipar o novo Captur. Além do motor, o Captur 2022 ganhou um novo câmbio CVT de 8 marchas.
Não é que ficou bom. Ficou muito bom. O conjunto motor/câmbio do Renault Captur (170 cv, 270 Nm, CVT8) ficou melhor do que o do novo Jeep Compass (185 cv, 270 Nm, AT6). Sua vantagem está na transmissão continuamente variável. O Captur não precisa mudar de marchas (embora simule as trocas) e, portanto, não tem titubeios entre uma marcha e outra (item que a Jeep precisa melhorar no Compass).
ITEM | CONCEITO | NOTA |
MOTOR | Muito bom | 8 |
CÂMBIO | Ótimo | 9 |
SUSPENSÃO | Muito bom | 8 |
FREIOS | Muito bom | 8 |
DIREÇÃO | Muito bom | 8 |
EQUIPAMENTOS | Muito bom | 7 |
ERGONOMIA | Muito bom | 7,5 |
PORTA-MALAS | Muito bom | 8 |
ACABAMENTO | Muito bom | 7 |
DESIGN | Muito bom | 8,5 |
VEREDICTO | Muito bom | 7,9 |
É interessante esta comparação porque o Captur também subiu de nível. Ele não chega a ser um C-SUV (médio), mas tem um porte que supera o de muitos rivais da categoria B-SUV (compacto). Para dar uma ideia, a distância entre-eixos do Renault Captur é 3,7 cm maior do que a do Jeep Compass (2,673 m contra 2,636 m). Para quem busca um SUV realmente alto, o Captur agrada. O ponto H (quadril) dos bancos dianteiros é realmente elevado. Além disso, o carro cresceu 5 cm no comprimento.
A carroceria mantém seu caráter robusto. Vale lembrar que o Captur tem esse belo rosto europeu que muitos consumidores acreditam ser francês, mas não é. O Captur francês é ainda mais bonito e mais evoluído. O Captur brasileiro é uma adaptação do Kaptur russo. E a carroceria nem sequer é da Renault e sim da Dacia, marca romena que pertence ao Grupo Renault. A parte de carroceria e suspensão do Captur, portanto, é a mesma do Renault Duster.
Para o mercado brasileiro, isso não é ruim. O Captur tem a suspensão elevada, saiu-se muito bem nos trechos de terra e pedregulho, passou com facilidade por estradinhas mal preservadas e até proporcionou bom conforto nas autoestradas mais bem conservadas. Rodando na cidade, o Captur ganhou mais desenvoltura nas retomadas de velocidade. Isso porque o bom torque de 270 Nm está disponível já a partir de 1.600 rpm. Portanto, não há necessidade de mudar marchas e tampouco a incômoda sensação de que o carro se arrasta para ganhar velocidade -- nada disso, o SUV ficou bem esperto com o novo motor.
Outro detalhe interessante é que essa boa entrega de torque em baixas rotações ocorre não apenas com etanol, mas também com gasolina. Já a potência, tem 8 cavalos a menos com gasolina, mas dificilmente você desfruta da potência máxima, pois ela surge apenas a 5.500 rpm, quando o motor já está “gritando”. A boa notícia é que a curva de torque e potência permite essa agilidade tanto na cidade quanto na estrada.
Além de todo o ganho em equipamentos do Renault Captur na linha 2022, que já explicamos quando o carro foi lançado, o SUV produzido em São José dos Pinhais (PR) tem o mérito de melhorar a potência com uma redução do consumo. Para dar uma ideia do que isso representa na prática, foram 4 segundos de agilidade na aceleração de 0 a 100 km/h, um tempo bem alto quando se trata de automóveis. Houve ganho inegável na economia de combustível em comparação com o Captur 1.6 aspirado de 120 cv.
Ele agora faz 12 km/l na estrada e 11,1 km/l na cidade, com gasolina. Antes, fazia 11,7 e 10,5 km/l, respectivamente. A autonomia na estrada agora é de 8,3 km/l (antes era 8,1) e na cidade é de 7,5 km/l (antes era 7,2). O alcance também melhorou: agora são 600 km com gasolina e 415 km com etanol.
Com bom espaço interno e um porta-malas generoso (437 litros, 27 a mais do que o do Compass), o Captur passa fácil no teste da utilidade e da versatilidade. Mas o carro está longe de ser perfeito. Por economia de custos, a Renault deixou o quadro de instrumentos do jeito que era antes. É feio e destoa claramente do design do carro. Muitos plásticos são duros. O acabamento não prima pela sofisticação.
A posição de dirigir é bem alta e isso deve ser considerado na compra. Para quem gosta, ótimo. Para quem não gosta, o Chevrolet Tracker e o Volkswagen T-Cross são boas opções. A multimídia com tela de 8” melhorou demais. Porém, como se trata de um projeto aprimorado pela Renault e não de um novo projeto, sua posição no painel ainda não é a ideal. Seria melhor se estivesse mais acima. Um item bastante interessante é o sistema multiview, que permite observar o carro por vários ângulos através da câmera 360 graus.
Com 21,2 cm de vão livre do solo, o Renault Captur é um autêntico SUV. Manteve a carroceria bem elevada, enquanto a maioria dos novos modelos da categoria é bem mais baixa. A nota realmente negativa, e que não tem justificativa, é a ausência de airbags de cortina até mesmo como opcional. O Captur traz apenas os dois airbags obrigatórios por lei e mais dois airbags laterais. A versão que avaliamos foi a Intense, topo de linha, que custa R$ 138.490.
Os números
- Preço: R$ 138.490
- Motor: 1.3 turbo flex
- Potência: 170 cv a 5.500 rpm
- Torque: 270 Nm a 1.600 rpm
- Câmbio: 8 marchas CVT
- Tração: 4x2 (dianteira)
- Comprimento: 4,379 m
- Largura: 1,813 m
- Altura: 1,619 m
- Entre-eixos: 2,673 m
- Vão livre: 212 mm
- Ângulo de entrada: 19 graus
- Ângulo de saída: 30 graus
- Ângulo de rampa: 25 graus
- Peso: 1.386 kg
- Pneus: 215/60 R17
- Porta-malas: 437 litros
- Carga útil: 448 kg
- Tanque: 50 litros
- 0-100 km/h: 9s2
- Velocidade máxima: 190 km/h
- Consumo cidade: 11,1 km/l
- Consumo estrada: 12,0 km/l
- Emissão de CO2: 136 g/km