Avaliação: Volvo XC60 Polestar tem suspensão de competição

Com ajustes manuais da suspensão, como nas corridas, o Volvo XC60 Polestar Engineering traz esportividade ao SUV premium, mas não empolga

Sergio Quintanilha

1 jul 2021 - 09h49

(atualizado às 10h57)

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Volvo XC60 Polestar Engineered.
Foto: Sergio Quintanilha / Guia do Carro

O Volvo XC60 é um dos grandes casos de sucesso da marca sueca. Desde que a atual geração estreou no Brasil, em 2018, ele não para de vender. Por isso, em 2020, a Volvo decidiu acrescentar uma pimenta em seu SUV médio. Agregou à linha XC60 a versão Polestar Engineered, mais esportiva. Foi com ela que rodamos durante uma semana, em ruas e estradas de São Paulo.

O motor T8 2.0 híbrido plug-in tem a mesma potência das versões Momentum, Inscription e R-Design, com potência combinada de 407 cv e torque combinado de 640 Nm. É o resultado da combinação do motor 2.0 turbo de 320 cv e 400 Nm com um motor elétrico de 87 cv e 240 Nm. A transmissão é automática de 8 marchas com tração integral sob demanda.

O Volvo XC60 Polestar Engineered é o topo da linha. É um SUV, mas suas características são mais para uso em asfalto. Começa que as enormes rodas de 22”, com pneus de perfil baixo (265/35), não combinam com piso ruim. Nem é essa a proposta do carro. Afinal, faz anos que os SUVs deixaram de ser fabricados para quem roda apenas em terrenos off-road.

Para quem busca desempenho em pistas de piso bom, o XC60 Polestar oferece alguns mimos para justificar seu preço superior a R$ 1.000 por cavalo. Na verdade, são R$ 416.950 para 407 cv. O mais interessante dele é o ajuste das suspensões, que pode ser feito de forma individual e manual. A marca Polestar vem da antiga divisão de competições da Volvo, que brilhou em provas de turismo na Europa.

Para ajustar a suspensão dianteira, basta abrir o capô. Nas extremidades de uma barra estabilizadora, que fica acima do motor, é possível girar um botão para deixar a suspensão mais macia (para conforto) ou mais dura (para desempenho). O mesmo pode ser feito atrás de cada roda traseira. Mas, nesse caso, é preciso retirar uma capinha de plástico e colocar a mão atrás da roda para girar o botão.

É raiz. Mas não é prático. Por isso, não deixa de ser curioso que a Volvo, uma marca que usa e abusa dos sistemas eletrônicos de conforto, segurança e conectividade, ofereça esta solução manual. De qualquer forma, uma vez modificada a suspensão, para o modo de competição, o carro fica bem mais firme e aumenta a confiança ao volante. Os freios também são outro diferencial do XC60 Polestar. As pinças são douradas. Os freios da marca Akebono, duplamente ventilados, têm parafusos aparentes fixados no centro dos discos.

O XC60 Polestar acelera de 0 a 100 km/h em 5,3 segundos, uma marca muito boa. Mas é a mesma das demais versões. A versão da “estrela polar” destaca-se mais por detalhes visuais e pelo ajuste manual da suspensão do que pelo desempenho. O discreto emblema da Polestar Engineered destaca a nova grade, que possui uma pastilha preta de alto brilho pintada com um padrão de malha horizontal. A grade inferior também é pintada de preto brilhante e o para-choque é exclusivo da versão.

Na lateral, as janelas e os espelhos retrovisores têm acabamento preto. Na traseira, além dos novos para-choques, o carro traz escapamentos duplos exclusivos com a inscrição Polestar Engineered. O emblema da versão também aparece na porta do bagageiro. De resto, é um Volvo XC60 como os outros, com mais virtudes do que pontos que mereçam críticas. Entre esses, insistimos que a multimídia poderia ser melhor se tivesse dois botões físicos.

O uso esportivo do Volvo XC60 oferece grandes arrancadas e altas velocidades, mas não empolga como um SUV esportivo alemão. A direção poderia ser mais direta e o chassi poderia ser mais rebaixado (para além do ajuste macio/duro). O modo puramente elétrico só serve para rodar na cidade, pois seu alcance dificilmente passa de 35 km e a potência é limitada. Por isso, o XC60 é um carro que brilha muito mais pela racionalidade do que pela esportividade. Ok, dá para chegar a 120 km/h no modo puramente elétrico, mas raramente há reserva de energia para você rodar muito quando você chega na estrada.

Quando falamos em consumo, aí, sim, o Volvo XC60 brilha demais. No modo Hybrid, o XC60 T8 conseguiu marcar 19,2 km/l na cidade e 20 km/l na estrada nas medições de consumo do Inmetro. Por isso, ele tem um impressionante alcance de 1.344 km na cidade e de 1.400 km na estrada. O tanque de gasolina de 70 litros ajuda nessa proeza. Além disso, o motor emite apenas 67 g/km de CO2.

O quadro de instrumentos digital é bem bacana. O gráfico que começa na gota não é um conta-giros e sim um marcador da quantidade de potência utilizada pelo carro naquele momento. Para ver o conta-giros, o motorista deve usar os modos AWD, Off-Road ou Power. No modo Power, o XC60 assume outra personalidade. Uma pisada no acelerador e ele ganha velocidades altas em pouquíssimo tempo. No modo AWD, o próprio carro distribui a tração de acordo com a necessidade; no Off-Road, a tração é 50/50, o limite de velocidade é de 20 km/h e o assistente de descida é automático.

O interessante deste Volvo é que o carro desafia o motorista a administrar suas contradições. Na prática, são três carros em um. É possível usufruir do XC60 Polestar com a suspensão elevada e mais confortável, com baixo consumo de combustível. Mas também é possível rebaixar a suspensão de 15 para 10 cm (o que é uma grande diferença) e pisar fundo no pedal do acelerador, chamando os 407 cavalos. Há ainda o meio termo, para quem não quer nem uma coisa nem outra, mas o equilíbrio.

GUIA DO CARRO / VOLVO XC60 POLESTAR
ITEM	CONCEITO	NOTA
MOTOR	Ótimo	9
CÂMBIO	Ótimo	9
SUSPENSÃO	Ótimo	9
FREIOS	Ótimo	10
DIREÇÃO	Muito bom	8
EQUIPAMENTOS	Ótimo	9
ERGONOMIA	Ótimo	9
PORTA-MALAS	Muito bom	8,5
ACABAMENTO	Ótimo	10
DESIGN	Bom	8
VEREDICTO	Ótimo	9,0