China derruba mercado global de carros para 85 milhões
Com uma queda de 8,6 milhões de unidades em dois anos e de 4,2 milhões em 2019, o sonho dos 100 milhões de carros saiu do radar
A indústria automobilística levou cinco anos para se recuperar da crise econômica global de 2008, mas o crescimento ininterrupto de 2010 a 2017 fez a marca de 100 milhões de carros brilhar na mente de muitos executivos. Porém, faltou combinar com a China. Pelo segundo ano consecutivo, a economia chinesa ficou aquém das expectativas e isso afetou a indústria automobilística. Assim, o último ano fechou com a marca de 85 milhões de carros vendidos em todo o mundo, considerando os automóveis de passeio e os comerciais leves.
Depois de atingir a marca de 93,6 milhões de carros vendidos em 2017, a indústria automobilística passou a vislumbrar os 100 milhões para o início da década de 2020. Mas em 2018 houve a primeira queda, seguida de um novo recuo de 4,2 milhões de carros emplacados em 2019. Em apenas dois anos, a indústria automobilística perdeu 8,6 milhões de unidades. Segundo a consultoria Focus2Move, que divulgou os números globais, a marca de 100 milhões de carros está fora de cogitação pelos próximos dez anos.
Qualquer recuo da China afeta demais a indústria. E no ano passado o recuo foi forte (-8,7%), o que levou o gigante asiático a fechar as vendas com 25,1 milhões de veículos vendidos. Os EUA também recuaram (-1,5%), assim como a Índia (-7,4%), mas a queda indiana foi compensada pelo crescimento da Alemanha (5,1%). Entre os dez principais mercados mundiais, o Brasil foi o que teve o maior crescimento percentual (7,6%). Assim, manteve sua sexta posição no ranking. Quanto aos demais países da América Latina que estão na lista dos 30 maiores mercados, o México manteve sua posição (13º lugar), enquanto a Argentina perdeu seis (de 19º para 25º lugar) e o Chile recuou duas (de 27º para 29º lugar). Veja abaixo as vendas dos dez maiores mercados, segundo a Focus2Move.
P. | País | Vendas | Variação |
---|---|---|---|
1 | China | 25.133.264 | -8,7% |
2 | EUA | 17.076.017 | -1,5% |
3 | Alemanha | 3.596.973 | +5,1% |
4 | Índia | 3.105.409 | -7,4% |
5 | Japão | 2.825.602 | -2,4% |
6 | Brasil | 2.658.646 | +7,6% |
7 | Reino Unido | 2.301.876 | -2,7% |
8 | França | 2.216.197 | +1,8% |
9 | Canadá | 1.937.170 | -3,3% |
10 | Itália | 1.923.783 | +0,2% |
Dois sedãs disputam a liderança do mercado interno chinês: o Volkswagen Lavida e o Nissan Shylphy. Embora não sejam familiares aos ouvidos brasileiros, o Lavida e o Shylphy são muito próximos da nossa realidade. O Lavida está atualmente em sua terceira geração. Recentemente a VW lançou o Lavida Plus, que é muito similar ao nosso VW Jetta. Já o Shylphy é a versão chinesa do Nissan Sentra, também conhecidíssimo dos brasileiros.
No Brasil, a indústria chinesa tem atualmente apenas dois representantes: a Chery (associada com a Caoa) e a JAC Motors. As estratégias das duas marcas são bem diferentes. Depois que se transformou na Caoa Chery, a marca chinesa vem tendo bom crescimento nas vendas de SUVs, com a linha Tiggo -- os modelos 2, 5X e 7 são produzidos no Brasil. Por seu lado, a JAC Motors tamnbém tem SUVs, como o novo T60, mas está apostando suas principais fichas no segmento de carros totalmente elétricos, com cinco modelos: os SUVs iEV20, iEV40 e iEV60, a picape iEV 330 e o caminhão iEV 1200T. No segmento de elétricos, a Caoa Chery, por enquanto, aposta exclusivamente no Arrizo 5e, um sedã compacto.