Hyundai Creta ainda tem fôlego para o Chevrolet Tracker?
Com motor 2.0 aspirado de 166 cv, o SUV da Hyundai mostra suas armas para resistir ao ataque do novo Tracker com motor 1.2 turbo de 133 cv
Ok, sabemos que você ficou tentado a comprar um Chevrolet Tracker da nova geração. Afinal, a GM é uma das montadoras mais tradicionais do país, a Chevrolet é líder de mercado há quatro anos e o motor 1.2 turbo parece uma boa opção. Mas alguns amigos dizem que a manutenção do carro com motor aspirado é menor e, tradição por tradição, muitos ainda preferem a velha e boa cilindrada. O Tracker Premier 1.2 Turbo traz todas as novas tecnologias anunciadas pela GM, mas custa R$ 112.000. Já o Hyundai Creta Prestige 2.0 parece ser “mais SUV” e custa R$ 107.990. Em tempos de coronavírus e de incerteza econômica, R$ 4.000 fazem diferença, pois é quase o valor do IPVA dos dois carros.
Para ajudar quem tem essa dúvida, fizemos um comparativo entre as versões topo de linha do Creta e do Tracker. O Creta tem um bom quinto lugar no ranking, mas será fortemente atacado quando as vendas de carros reaquecerem. O SUV da Hyundai utiliza um motor 2.0 flex aspirado de 166 cv de potência com etanol. Essa potência desce para 156 cv com gasolina. Mesmo assim, é muita vantagem de potência perante os 133/132 cv do motor 1.2 turbo flex do Tracker. Claro que a relação peso/potência do Creta 2.0 também é melhor: 8,4 kg/cv contra 9,6 kg/cv. Porém, nem sempre a potência é tudo.
A Chevrolet deu especial atenção ao torque do motor 1.2, que entrega 210 Nm com etanol e 190 Nm com gasolina. Apesar do motor 0,8 litro maior, o Creta 2.0 não passa de 201 Nm de torque com etanol e para nos 187 Nm com gasolina. Por isso, com 128 kg a menos, o Tracker vira o jogo na questão do desempenho. Sua relação peso/torque é melhor (6,0 kg/Nm contra 6,9), o que garante melhor desempenho em baixas rotações. Assim, mesmo na aceleração de 0-100 km/h, o Tracker 1.2 é um tantinho mais rápido do que o Creta 2.0: 9,4 segundos contra 9,7. Uma bobagem numa utilização única, mas uma sensação de maior leveza ao longo da utilização do carro. A velocidade máxima do Tracker também é maior (198 km/h contra 188), mas nesse caso graças a uma grande influência da aerodinâmica.
Se em desempenho o Tracker conseguiu equilibrar o jogo, em consumo sua vitória veio fácil. Ele ganha em todas as medições. Porém, devido ao tanque de combustível maior (55 litros contra apenas 44), o proprietário de um Creta consegue rodar mais com um tanque. O alcance do Creta com gasolina é de 627 km, contra 594 do Tracker. Veja os números.
Combustível e ciclo |
Creta 2.0 Asp. |
Tracker 1.2 Turbo |
---|---|---|
Gasolina cidade | 10,0 km /l | 11,2 km/l |
Gasolina estrada | 11,4 km /l | 13,5 km/l |
Etanol cidade | 6,9 km /l | 7,7 km/l |
Etanol estrada | 8,2 km /l | 9,4 km/l |
Os dois carros usam câmbio automático de seis marchas com conversor de torque. Nenhum deles oferece borboleta para trocas de marchas manuais. O Creta tem uma concepção mais tradicional, com motor de quatro cilindros, enquanto o Tracker já vem com o downsizing, ou seja, motor de apenas três cilindros (que tem tendência a vibrar mais). Os motores utilizam duplo comando de válvulas variável (na admissão e no escape) e injeção multiponto. Eles são bem convencionais na suspensão (ambos com eixo de torção na traseira) e exibem aquele visual quadrado dos SUVs tradicionais. O design do Tracker, porém, é mais interessante, devido às formas e aos vincos. Ambos têm rodas de 17” com largura de 215 mm, mas o perfil dos pneus do Creta é maior (60 contra 55), que significa maior conforto em pisos ruins.
Eles também são bem completos na questão da segurança (ambos oferecem seis airbags), mas a concepção do Creta é mais SUV, enquanto a do Tracker é mais crossover, embora a GM tenha enfatizado o contrário. Ser mais crossover do que utilitário é bom para quem busca uma dirigibilidade melhor, por isso é estranha essa busca por um posicionamento mais “raiz” que o Tracker definitivamente não tem. Eles se equivalem no ângulo de saída, mas o Creta têm melhor ângulo de ataque (raspa menos a frente no chão), maior vão livre (enfrenta terrenos piores) e é 2 cm mais comprido. Bem, nesse caso, o Tracker é mais fácil de estacionar (até porque tem sensor de estacionamento dianteiro e o Creta não), além de Park Assist para quem realmente não sabe manobrar o carro. É uma difícil escolha porque o porta-malas do Creta também é um pouco maior (38 litros). Isso provavelmente elimina o que seria a vantagem de ter o entre-eixos também maior (2 cm).
Os dois carros são bons, portanto estamos falando de estilos. O Tracker, por exemplo, tem Wi-Fi a bordo, serviço de concierge e alguns sistemas de segurança interessantes, como frenagem automática de emergência e alerta de ponto cego, mas não se esqueça dos R$ 4.000 a mais no preço. Por outro lado, o Creta traz dois itens ausentes no Chevrolet e que também têm sua utilidade, como navegador por GPS e TV digital a bordo. Se o Tracker traz teto solar, o Creta responde com faróis de neblina. Se o Tracker traz limitador de velocidade, o Creta responde com bancos ventilados. Para desequilibrar, o Tracker traz ainda luz traseira de neblina e faróis com regulagem de altura.
Fora a questão do estilo, o que decide a compra entre um e outro é o gosto pela marca e algumas vantagens financeiras. A garantia do Chevrolet Tracker é de três anos; o do Hyundai Creta é de cinco anos. Hoje em dia, muitos consumidores preferem uma compra racional, colocando na ponta do lápis não apenas o preço do carro, mas também o seu custo de utilização. Nesse caso, seria importante calcular quanto você roda para saber se a economia em combustível compensa a diferença de preço e a garantia menor do Tracker.