Indústria automobilística deve recuar 3% com pandemia
Várias montadoras já anunciaram paralisação e a queda nas vendas serão inevitáveis em 2020. Apesar de tudo, os preços devem subir até 20%
A indústria automobilística já estava incomodada com a explosão da cotação do dólar no primeiro bimestre e fez um enorme esforço de retórica para mostrar otimismo, na última coletiva da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores). Com a pandemia de coronavírus, entretanto, um ano que já não prometia muito será com certeza pior. Enquanto dão férias coletivas para seus empregados, as montadoras fazem cálculos. O último lançamento de impacto foi do Chevrolet Tracker, porém apresentado de forma virtual. O último lançamento presencial foi do Caoa Chery Arrizo 5, que ganhou câmbio CVT de nove marchas. O próximo lançamento previsto seria o da Fiat Strada, dia 6 de abril, mas a FCA já comunicou que ele será adiada para uma nova data.
Segundo o site especializado AutoIndústria, a queda nas vendas de veículos leves será de 3%. Na produção automobilística, o recuo deverá ser de 4%. A previsão foi feita num artigo publicado pelos especialistas Paulo Cardamone e Cassio Pagliarini, diretores da Bright Consulting. Eles preveem dificuldades para a cadeia automotiva gerencial com um fluxo de caixa “extremamente fragilizado por impactos no suprimento, produção, vendas e distribuição de veículos”. Até mesmo muitas falências podem afetar as empresas menores.
“As pessoas não sairão de casa, se sentirão inseguras em fazer investimento neste momento e grande parte da rede de concessionários estará fechada”, escrevem Cardamone e Pagliarini no AutoIndústria. “Cai a venda de veículos zero km ou usados e os estoques que diminuíram nos dois últimos meses de 2020 serão impactados tanto pela perda de produção quanto pela falta de compradores.” Os consultores estimam que as vendas de veículos levem cheguem no máximo a 2,61 milhões de unidades em 2020, o que representará uma queda de 3% em relação a 2019. Isso apesar de o primeiro trimestre apontar um crescimento de 5%.
O artigo dos consultores da Bright no AutoIndústria também aponta recuo de 4% na produção automobilística, com previsão de 2,67 milhões de unidades, devido à menor importação “por conta da queda das vendas e do câmbio depreciado e exportações reduzidas em função da recessão dos mercados” com os quais o Brasil se relaciona. A previsão é de que o dólar permaneça entre R$ 4,80 e R$ 5,00 por um longo período. Com maiores custos na produção dos automóveis (pois o conteúdo importado varia de 30% a 70%), Cardamone e Pagliarini prevêem aumento entre 10% e 20% nos preços dos carros.