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Jeep Compass volta a Paraty 4 anos depois ainda sem rivais

Em 2016, uma caravana formada por seis Jeep Compass disfarçados fez uma viagem-teste de São Paulo a Paraty. Refizemos a viagem

24 nov 2020 - 05h00
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Jeep Compass foi apresentado pela primeira vez em Paraty há quatro anos.
Jeep Compass foi apresentado pela primeira vez em Paraty há quatro anos.
Foto: Sergio Quintanilha / Guia do Carro

A cidade de Paraty, no litoral do Rio de Janeiro, é patrimônio mundial da humanidade. Foi para lá que uma caravana formada por meia dúzia de Jeep Compass se dirigiu no inverno de 2016, partindo de São Paulo sob o comando de seis jornalistas especializados. Os carros estavam camuflados, pois a segunda geração do Compass ainda não havia sido revelada para a imprensa e para o público.

O roteiro começou em São Paulo, fez uma parada logo depois de Aparecida, passou por Cunha e seguiu pela Estrada Real, rumo a Paraty. Depois voltou pela BR-101 (Rio-Santos), fez uma parada em Caraguatatuba, subiu a Serra do Mar pela Rodovia dos Tamoios, tomou as autoestradas Carvalho Pinto e Ayrton Senna e terminou em São Paulo. Todos os Compass envolvidos naquela histórica viagem-teste eram da versão Trailhawk 4x4.

Jeep Compass Trailhawk na estrada entre Paraty e Cunha.
Jeep Compass Trailhawk na estrada entre Paraty e Cunha.
Foto: Sergio Quintanilha / Guia do Carro

Nessa configuração, o Compass oferece sua maior capacidade off-road e vem com o selo “Trail Rated” da Jeep. Além da tração 4x4 sob demanda, mas que também pode ficar permanente pelo seletor de tração, o Compass Trailhawk tem motor 2.0 a diesel Multijet II com turbocompressor e transmissão automática de 9 marchas. A potência máxima é de 170 cv a 3.750 rpm. O torque máximo é de 350 Nm, entregues a partir de 1.750 rpm. 

Há quatro anos, o Jeep Compass era um sonho da FCA para dominar o mercado brasileiro de SUVs, em dobradinha com o Renegade. Ao Compass caberia liderar o segmento C, dos utilitários médios. Em 2020, o Compass não apenas ostenta essa liderança como tem a mesma configuração da linha 2017, que inaugurou esta segunda geração. Os pneus 225/60 R17 (Scorpion ATR da Pirelli) continuam sendo perfeitos para situações de chuva ou de pisos ruins.

Compass em Paraty: preparado para a guerra de 2021.
Compass em Paraty: preparado para a guerra de 2021.
Foto: Sergio Quintanilha / Guia do Carro

Há quatro anos, o tempo estava bom na primeira parte da viagem e lembro de termos forçado o carro nas curvas. Os pneus de uso misto mostraram não ser os mais adequados para esta situação. Como o carro tem uma boa altura do solo, observamos inclinações nas curvas fechadas da serra. 

Desta vez choveu e os pneus Scorpion foram perfeitos no barro, na pedra e no piso molhado. A Estrada Real continua desafiadora, mas está bem melhor na parte final, que foi parcialmente asfaltada e já não tem tantas calotas de rodas espalhadas pelo chão.

O Jeep Compass é hoje um carro versátil e confiável. A multimídia melhorou bastante. Suas qualidades são as mesmas, tanto para quem viaja na frente como para quem vai atrás. Como toda viagem, esta teve histórias para contar. A mais absurda delas começou ainda em São Paulo, no posto de abastecimento. Um frentista se confundiu e colocou etanol no tanque de combustível, apesar de estar escrito na tampa que o motor é a diesel. Quando eu vi, já havia 18 litros de etanol dentro do tanque de diesel.

Compass de novo em Paraty: quatro anos depois, líder absoluto.
Compass de novo em Paraty: quatro anos depois, líder absoluto.
Foto: Sergio Quintanilha / Guia do Carro

Felizmente, era um posto bem aparelhado. Tivemos que empurrar o carro até o elevador para drenar todo o combustível que havia no tanque, lavar o reservatório e depois reabastecer com o combustível correto. Essa operação atrasou a viagem em quase uma hora e meia, mas, felizmente, não provocou danos no motor. Se o carro tivesse sido usado com o combustível errado, o motor seria perdido.

Quando estávamos fazendo a drenagem no tanque, telefonei para o consultor técnico da FCA, Ricardo Dilser, para relatar o incidente. Ele aprovou o procedimento que estava sendo feito e recomendou apenas não forçar o motor durante os 30 primeiros km. Assim foi feito e nem teria como ser diferente, uma vez que para sair da cidade precisei percorrer esses 30 km nas marginais dos rios Pinheiros e Tietê.

Apesar do susto, o Jeep Compass Trailhawk teve um ótimo comportamento na viagem. Na descida da Estrada Real, o carro passou muita confiança, especialmente nos piores trechos, com muita neblina, chuva e precipício. Chegando a Paraty, fiz questão de dar uma volta pelas partes permitidas do Centro Histórico, que tem as ruas feitas de pedras. É impressionante como a suspensão multibraço do Compass torna o passeio mais confortável nessas ocasiões.

Choveu muito em Paraty. Para chegar ao nosso local de hospedagem em Paraty era preciso fazer um verdadeiro off-road. A casa ficava no final de uma rua que acabou de ser aberta no bairro Jabaquara. No meio do caminho, havia um pequeno riacho que ameaçava transbordar, duas enormes poças d’água e muita lama. Já fui a Paraty com um carro conversível e agradeci por estar num SUV 4x4 desta vez. O Compass passa por áreas alagadas de até 48 cm.

Jeep Compass 4x4 é um veículo perfeito para explorar Paraty.
Jeep Compass 4x4 é um veículo perfeito para explorar Paraty.
Foto: Sergio Quintanilha / Guia do Carro

O Jeep Compass é um carro muito digno. É bonito, mas não espalhafatoso. Dá um certo status ao proprietário, mas é discreto. A versão Trailhawk é bem cara: custa R$ 199.990. Para dar uma ideia, o Compass da viagem a Paraty era ainda mais caro, pois tinha a bela cor Azul Jazz (R$ 1.900), barras de teto (R$ 3.039) e dois opcionais: Pacote High Tech (R$ 9.900) e teto solar elétrico panorâmico command view (R$ 8.900). Preço total: R$ 220.690.

Enquanto o Compas não tiver competidores na categoria, a Jeep pode continuar salgando o preço. É possível comprar o Jeep Compass 4x4 a diesel na versão Limited, pelo mesmo valor da Trailhawk (R$ 199.990), ou no pacote S-Design (R$ 217.490).

Choveu muito em Paraty e várias ruas ficaram parcialmente alagadas.
Choveu muito em Paraty e várias ruas ficaram parcialmente alagadas.
Foto: Sergio Quintanilha / Guia do Carro

A partir de 2021, finalmente o Jeep Compass passará a ter rivais de verdade. Os primeiros desafiantes serão o Volkswagen Taos e o Toyota Corolla Cross. Os dois carros deverão chegar ainda no primeiro semestre, mas farão concorrência somente ao Compass flex. Nem sequer tração 4x4 terão. Para se defender do ataque, a FCA também prepara novidades. Semana passada, na China, a Jeep mostrou um pequeno facelift no Compass. Mais do que as sutis mudanças no visual externo, o que mais chamou atenção foi a enorme tela multimídia flutuante no painel.

Será que vai ficar bom? Apesar de ter uma tela pequena, o Compass atual cumpre perfeitamente as necessidades de quem precisa de uma boa conectividade para navegar ou ouvir música a bordo. O acabamento de couro é muito bom. O Compass não tem luxo, mas esbanja qualidade. Além do mais, o carro é muito versátil. O porta-malas, entretanto, é pequeno na versão Trailhawk: tem apenas 388 litros. Se não fosse o espaço do banco traseiro, não caberia a quantidade de coisas transportada.

Compass na Estrada Real: passagem pela Trilha do Ouro.
Compass na Estrada Real: passagem pela Trilha do Ouro.
Foto: Sergio Quintanilha / Guia do Carro

Em todas as ocasiões nas quais foi exigido, o Compass Trailhawk respondeu a contento. É um carro para comprar e usar bem. Na viagem de volta, o carro enfrentou chuva pesada e sua altura do solo (22,8 cm) foi muito boa nessa situação. Quatro anos depois, o Jeep Compass voltou a Paraty não mais como promessa, mas como um carro maduro que continua esperando um SUV a diesel e 4x4 que possa desafiá-lo.

Guia do Carro
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