Kwid da Nissan, uma nova possibilidade da Aliança
Nova fase da Aliança Renault-Nissan prevê compartilhamento total das plataformas. Kwid já é feito na plataforma CMF para o segmento A
O céu é o limite para a nova fase da Aliança Renault-Nissan, anunciada na quarta-feira (27). Depois de vários meses colocada sob dúvida por causa do episódio Carlos Ghosn, ela foi confirmada e fortalecida com o comunicado conjunto. A aliança inclui também a Mitsubishi, mas não para produtos feitos no Brasil. Para o mercado brasileiro, todos os carros passarão a utilizar a nova plataforma modular CMF, criada em conjunto pela Aliança Renault-Nissan. Uma das possibilidades que se abre é a criação de um Kwid da Nissan.
O Renault Kwid é o único carro nacional da Aliança Renault-Nissan que já é produzido na nova plataforma (CMF-A). Atualmente, as duas empresas utilizam quatro plataformas diferentes para produzir apenas sete modelos. Com a modificação, a Nissan fica sem um carro para a plataforma CMF-A (subcompactos). O Nissan March utilizará a plataforma CMF-B, assim como o Renault Sandero. O mesmo vale para os sedãs Renault Logan e Nissan Versa. Mas como seria um Kwid com a cara da Nissan?
Para responder, o GUIA DO CARRO solicitou ao designer Renato Aspromonte, que mantém o perfil @OverboostBR no Instagram, um estudo sobre como seria o “SUV dos compactos” japonês. Trocando informações com Aspromonte, chegamos à conclusão de que o “Nissan Kwid” poderia seguir o visual do Nissan Juke, que faz sucesso na Europa, mas não é vendido no Brasil (pelo menos por enquanto).
Com um visual mais agressivo, utilizando os característicos faróis redondos do Juke na dianteira, o “Nissan Kwid” teria as mesmas características técnicas e construtivas que permitem ao Renault Kwid ser um carro com baixo custo de produção e preço acessível, mas com um visual próprio. Aspromonte manteve alguns detalhes marcantes do Kwid, como as proteções de plástico nas laterais e as rodas com apenas três furos.
A ideia pode parecer absurda, mas está dentro da filosofia comunicada pela Aliança Renault-Nissan, que é a de ter um carro “líder” e um carro “seguidor”, podendo até ter mais modelos como “seguidores”. No caso, o Renault Kwid é o líder, pois faz grande sucesso no Brasil, com 85.117 unidades vendidas em 2019, o que lhe deu a quarta posição no mercado. Já o Nissan de entrada, o March, vendeu apenas 6.897 unidades, ocupando um discretíssimo 51º lugar no ranking de automóveis de passeio e um pífio 64º lugar se incluirmos as picapes e os furgões.
Pela divisão do mundo em regiões, coube à Renault ser responsável pelos projetos no Brasil e na América do Sul. Mesmo que o carro líder da Aliança na Argentina seja a picape Nissan Frontier e o carro seguidor seja a futura Renault Alaskan, a responsabilidade do projeto será dos franceses. Para que haja um “Nissan Kwid”, entretanto, é preciso que a marca japonesa mostre interesse e encomende o projeto para a Renault.
Tecnicamente, o “Nissan Kwid” teria as medidas do carro líder, o Kwid original: 3,680 m de comprimento, 1,579 m de largura, 1,474 m de altura e 2,423 m de entre-eixos. O vão livre do solo seria de bons 180 mm. O ângulo de entrada de 24 graus e o ângulo de saída de 40 graus permitiriam ao carrinho enfrentar os buracos e valetas das ruas brasileiras sem raspar no chão, reforçando seu caráter de pequeno SUV.
Por dentro, aí sim, o visual seria todo adaptado ao design da Nissan. Quando ao motor, seria o mesmo 1.0 flex de três cilindros com 66/70 cv de potência (gasolina/etanol) e 92/96 Nm de torque. Quanto ao nome, certamente não poderia ser Nissan Juke, apesar da semelhança, devido ao porte do carro. Afinal, o Juke original ficará na plataforma CMF-B, a mesma que abrigará o Nissan Kicks e os Renault Duster e Captur.
É possível também que a Nissan opte por produzir o próprio Juke, pois assim também teria dois SUVs compactos no Brasil, como a Renault. Porém, estaria atacando o mesmo público. Um Nissan com a proposta do Kwid, aí sim, seria um diferencial de mercado para a marca japonesa, que poderia até incluir alguns equipamentos para torná-lo mais interessante do que o modelo da Renault.
Finalmente, é preciso levar em consideração ainda que a Nissan tem um posicionamento um pouco superior ao da Renault, que assumiu os produtos da romena Dacia sem constrangimentos no Brasil. Acontece que a “Dacia” da Nissan é a Datsun, o que embaralha ainda mais as coisas. Façam suas apostas!