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Nivus Highline é mais crossover do que SUV. Vale a pena?

Avaliamos na cidade e na estrada o novo Volkswagen Nivus Highline 200 TSI, que custa R$ 98.290. Veja as notas do carro e nosso veredicto

6 jul 2020 - 08h00
(atualizado em 29/7/2020 às 22h34)
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Carroceria cupê ligeiramente elevada coloca o Nivus entre os hatches e os SUVs.
Carroceria cupê ligeiramente elevada coloca o Nivus entre os hatches e os SUVs.
Foto: Sergio Quintanilha / Guia do Carro

Rodamos na cidade e na estrada com o novíssimo Volkswagen Nivus para saber se ele é mesmo um carrão ou só um rostinho bonito. A versão avaliada foi a Highline, que custa R$ 98.290 e vem completa, inclusive com a multimídia VW Play. O primeiro contato visual com o carro é agradável, pois é perceptível que os designers da Volkswagen buscaram colocar o máximo dos SUVs cupês de luxo nesse carro.

Uma volta no carro, por fora, é sempre recomendável no primeiro contato, não em busca de características visuais, mas sim de detalhes técnicos. O capô não é tão baixo quanto o do Polo, nem tão alto quanto o do T-Cross, para citarmos os dois carros que serviram de referência para o posicionamento do Nivus (entre ambos). Os pneus são relativamente largos (205 mm) e isso vem acompanhado de bitolas mais generosas tanto na frente quanto atrás. Ou seja: a distância entre as rodas da esquerda e da direita são maiores do que no Polo e no T-Cross; o carro é mais largo.

Capô do Nivus é mais baixo que o dos SUVs tradicionais e os pneus têm 20,5 cm  de largura.
Capô do Nivus é mais baixo que o dos SUVs tradicionais e os pneus têm 20,5 cm de largura.
Foto: Sergio Quintanilha / Guia do Carro

O Nivus não é baixo como um hatch, nem tão alto quando deve ser um SUV (embora seus 176 mm do solo superem o vão livre do Chevrolet Tracker, por exemplo, em 1,9 cm). Em relação ao T-Cross, sua elevação tem 1,5 cm a menos; em relação ao Polo, 2,7 cm a mais. São números muito pequenos, mas que fazem grande diferença no comportamento de um automóvel, especialmente em altas velocidades.

O Nivus também tem o capô mais alongado do que o T-Cross e uma silhueta mais delicada no parabrisa. Ele claramente buscou fugir da caracterização de SUV -- e isso é bom. Um detalhe final exterior é a existência de quatro colunas na carroceria. Embora a terceira e a quarta se juntem no alto do teto, a terceira coluna cria um reforço estrutural e permite que o Nivus tenha o que nem o Polo nem o T-Cross têm: uma terceira janela lateral.

Esses detalhes são suficientes para que você entre no Nivus sabendo mais ou menos o que esperar dele. No interior, a sensação é de um carro feito de forma caprichada. Tudo é de muito bom gosto. A delicadeza do novo logotipo VW no volante, as linhas suaves no painel e a incrível resolução da tela multimídia de 10,1” reforçam essa sensação. Os bancos são macios, de couro, com ajuste manual. A melhor posição de dirigir é encontrada facilmente e o volante convida à condução, pois tem uma empunhadura grossa e é ajustável em altura e profundidade. 

Interior é caprichado, com destaque para o painel todo digital e o novo logo VW no volante.
Interior é caprichado, com destaque para o painel todo digital e o novo logo VW no volante.
Foto: Sergio Quintanilha / Guia do Carro

O Nivus tem partida por botão e o motor 1.0 TSI (turbo com injeção direta) dá sinal de vida de forma discreta. Com três cilindros e vibração imperceptível, esse motor tem entrega de potência (128 cv) e torque (200 Nm) moderada, o que abre possibilidades para o futuro do carro, mas não faz dele um campeão de arrancadas. Não há surpresas quanto ao câmbio automático de seis marchas. Seja no funcionamento automático ou com trocas manuais, ele é completo: tem modos Drive e Sport no automático e permite trocas manuais pela alavanca ou pelas pequenas (e preciosas) aletas atrás do volante. O quadro de instrumentos digital de 10,25” permite dois modos visuais. Assim como a multimídia, tem grafismo contemporâneo: é limpo, discreto, mas com leitura perfeita. As informações do computador de bordo são úteis e não vão além das esperadas.

Se o rodar silencioso serve de boas-vindas do Nivus, a maciez da suspensão é uma grande surpresa. A suspensão traseira é por eixo de torção (como no Polo, no T-Cross e no Chevrolet Tracker), mas tem ajuste mais confortável no Nivus. A escolha de molas e o ajuste dos amortecedores tiveram claramente um compromisso de conforto, que parece ser maior no Nivus do que em seus irmãos da família Volkswagen -- e nem se compara com os solavancos proporcionados pelo Tracker.

Nivus tem menor altura do solo do que os SUVs compactos T-Cross e Tracker.
Nivus tem menor altura do solo do que os SUVs compactos T-Cross e Tracker.
Foto: Sergio Quintanilha / Guia do Carro

O torque em baixas rotações é bom, pois os 200 Nm surgem já a 2.000 giros do motor. Com isso, as retomadas de velocidade do Nivus também agradam -- ele reage bem nas acelerações a partir de 40, 60, 80 ou 100 km/h. Nessa condição, chega rapidamente a velocidades proibidas e o motor mantém seu funcionamento discreto. A 100 km/h, em sexta marcha, o ponteiro do conta-giros fica em 1.900 rpm e o motor trabalha silenciosamente.

Na aceleração com o carro parado, entretanto, o Nivus revela uma certa preguiça. A resposta do acelerador é um tantinho demorada e soma-se ao turbolag -- um retardo que faz o Nivus tomar 4 décimos do Polo na aceleração de 0-100 e levar um banho de 2,3 segundos do Tracker 1.2. Como prêmio de consolação, o Nivus bate o T-Cross, devolvendo os 4 décimos que tomou do Polo.

Nessa altura já sabemos que o Volkswagen Nivus não é um esportivo, embora seu visual exiba uma sofisticada esportividade. Apesar de ser mais macio, o Nivus não chega a comprometer seu equilíbrio em curvas de alta velocidade, talvez porque tenha a traseira mais aerodinâmica do que os hatches e SUVs. O carro mostra uma discreta tendência a sair de frente em curvas mais fechadas, se estiver em alta velocidade, e nesse caso ajudaria ter as suspensões um pouco mais firme. Mas não é nada que comprometa sua segurança, até porque basta aliviar minimamente o pé para que ele se assente, e a rolagem da carroceria não chega a causar desconforto na condução

Retomadas de velocidade são boas a partir de 2.000 giros, mas a arrancada é meio fraca.
Retomadas de velocidade são boas a partir de 2.000 giros, mas a arrancada é meio fraca.
Foto: VW / Divulgação

O Nivus Comfortline conta com avançados sistemas eletrônicos de controle de estabilidade e tração, além de assistência nas frenagens e alguns itens de condução semi-autônoma, como piloto automático adaptativo, frenagem de emergência (até parar) e ativamento dos freios pós colisão, para evitar batidas em série. Além disso, vem equipado com seis airbags de série e traz longos anos de investimento da Volkswagen na questão da segurança.

O Nivus Highline não é esportivo, mas entrega algum prazer ao dirigir. É possível andar com segurança em velocidades mais elevadas. Dá para enfrentar ruas esburacadas e estradas de pedra sem comprometer a coluna vertebral. E a experiência a bordo, devido à multimídia de última geração, é extremamente agradável. Para quem tem iPhone, o CarPlay pode ser usado sem cabo, somente pelo Wi-Fi do veículo. Para os demais celulares, é necessário espetar o cabo na entrada USB (de difícil acesso, mas não tanto como no Golf) para conectar o Android Auto. Por meio dos aplicativos da Volkswagen, é possível até pedir comida a bordo.

Rodas de liga leve de 17" e pneus de perfil baixo, mas não afetam o conforto.
Rodas de liga leve de 17" e pneus de perfil baixo, mas não afetam o conforto.
Foto: Sergio Quintanilha / Guia do Carro

A conveniência proporcionada pela conectividade é, sem dúvida, um ponto alto do Nivus Highline. Mas o carro não é só isso. Ele também tem a praticidade de um amplo porta-luvas, vários porta-objetos de bom tamanho, luz e espelho de cortesia e um porta-malas surpreendente, de 415 litros, com grande abertura e espaço compatível com a largura da tampa. São 115 litros a mais do que o bagageiro do Polo e 42 a mais que encontramos nos SUVs T-Cross e Tracker. 

Ele não é páreo para o Virtus, que oferece 521 litros, mas chega perto do Chevrolet Cruze Sedan (440) e tem 125 a mais do que o Cruze Hatch. Com tanta conveniência, não custava nada a Volkswagen ter dotado o Nivus Highline de alças no teto, pois faz falta para quem deseja transportar um idoso, por exemplo. Ele também não tem teto solar, mas isso não incomoda.

Versão Highline 200 TSI é a topo de linha e não oferece nenhum opcional.
Versão Highline 200 TSI é a topo de linha e não oferece nenhum opcional.
Foto: Sergio Quintanilha / Guia do Carro

A fraquejada do Nivus 200 TSI na arrancada de 0-100 é suficiente para tirar o brilho do carro? Não. Na verdade, ele demora a reagir somente nos primeiros segundos. Quando atinge uns 40 km/h, o Nivus embala rapidamente e vai embora a 120, 140, 160… se o motorista quiser. Essa condição de arrancada, porém, é rara no dia-a-dia. 

Nas retomadas, com o carro em movimento, o Nivus é bem esperto. Partindo de 40 km/h e fazendo um kick down (pisando fundo e repentinamente no pedal do acelerador), o motor responde bem e o câmbio entende a necessidade de busca de potência. Ele estica a marcha até 6.000 rpm e só então faz a troca automática para uma superior (no modo S). Também pudemos verificar que, em condições extremas, as trocas são feitas somente a 6.200/6.300 rpm, já dentro do início da faixa vermelha, que começa em 6.000, mas realmente impede que o motor arrebente de 6.500 a 8.000 rpm. 

O Volkswagen Nivus Highline 200 TSI é mais que um rostinho bonito. Não chega a ser um carrão se a definição para isso estiver ligada à entrega de potência, mas é um carrão na entrega de conforto, no rodar macio, na conectividade superior e no espaço para passageiros e bagagens. Para além disso, o Nivus permite que a Volkswagen tenha pelo menos três cartas na manga com ele. Sem contar a configuração Hero (Launching Edition), que vem com alguns adereços visuais por R$ 1.700 a mais, a estreia do carro apenas nas versões Comfortline e Highline abre três possibilidades para o futuro, a saber:

Para quem pega estrada com frequência, o porta-malas de 415 litros é uma boa surpresa.
Para quem pega estrada com frequência, o porta-malas de 415 litros é uma boa surpresa.
Foto: Sergio Quintanilha / Guia do Carro

1ª possibilidade: um Nivus 200 TSI, de entrada, com câmbio automático mesmo (pois a Volks se convenceu de que o manual teria vendas ínfimas), mas sem o nível de equipamentos do Nivus Comfortline, cujo único opcional é o VW Play. Ou ainda um Nivus 1.6 AT de 117 cavalos, como o Polo, e com menos peso para não ficar “manco”;

2ª possibilidade: um Nivus Cross 200 TSI, aventureiro, com suspensão reforçada, alguns conceitos visuais de off-road, quem sabe até pneus de uso misto, para concorrer com alguns SUVs ou mesmo com hatches aventureiros elevados;

3ª possibilidade: um Nivus 250 TSI, com motor 1.4 de 150 cv, que poderia ser um futuro upgrade para a versão Highline ou mesmo uma versão superior. Talvez até uma esportiva, GTS, com suspensão rebaixada, pois o carro tem uma carroceria que permite essa combinação.

Item Nota Conceito Veredicto
Motor 10 Ótimo 128 cv/l não é pra qualquer um
Câmbio 8 Muito bom Seis marchas com borboleta
Praticidade 8 Muito bom É mais elevado do que um hatch
Consumo 6,5 Bom Nota B é o máximo para ele
Dirigibilidade 8 Muito bom Rola um pouco nas curvas
Segurança 10 Ótimo Seis airbags e muita assistência
Conforto 8,5 Muito bom Suspensão macia, bancos ótimos
Conectividade 9 Ótimo VW Play tem quase tudo
Porta-malas 6,5 Bom São 415 litros para bagagem
Design 10 Ótimo Beleza e brilho num cupê 4 portas
Média 8,5 Muito bom Um carro acima da média

O céu é o limite para o Volkswagen Nivus, que estreou bombando no mercado. O primeiro lote de pré-venda, de 1.200 unidades, esgotou em poucas horas. O segundo lote, de 1.000 unidades, durou apenas três dias. Quanto ao tipo de carro, consideramos mais correto chamá-lo de crossover cupê (por se tratar de um cruzamento da carroceria hatch com um SUV) do que SUV cupê, pois ele não tem nada de um utilitário esportivo, nem mesmo o característico capô elevado. Está certa a Volkswagen ao não impôr o rótulo de SUV cupê ao Nivus. Resta saber como irá classificá-lo na defasada divisão de categorias da Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores), que organiza o ranking de vendas de carros no Brasil.

Motor 200 TSI é 1.0 turbo flex com injeção direta e tem 128 cv de potência máxima.
Motor 200 TSI é 1.0 turbo flex com injeção direta e tem 128 cv de potência máxima.
Foto: VW / Divulgação

Os números

  • Preço: R$ 98.290
  • Motor: 1.0 turbo flex
  • Potência: 128 cv a 5.500 rpm (e)
  • Torque: 200 Nm a 2.000 rpm
  • Câmbio: 6 marchas AT
  • Tração: 4x2
  • Comprimento: 4,266 m
  • Largura: 1,757 m
  • Altura: 1,493 m
  • Entre-eixos: 2,566 m
  • Vão livre: 176mm
  • Peso: 1.199 kg
  • Pneus: 205/55 R17
  • Porta-malas: 415 litros
  • Tanque: 52 litros
  • Aceleração 0-100 km/h: 10s0
  • Velocidade máxima: 189 km/h
  • Consumo cidade: 10,7 km/l (g)
  • Consumo estrada: 13,2 km/l (g)
  • Emissão de CO2: n/d
Guia do Carro
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