Nivus Highline é mais crossover do que SUV. Vale a pena?
Avaliamos na cidade e na estrada o novo Volkswagen Nivus Highline 200 TSI, que custa R$ 98.290. Veja as notas do carro e nosso veredicto
Rodamos na cidade e na estrada com o novíssimo Volkswagen Nivus para saber se ele é mesmo um carrão ou só um rostinho bonito. A versão avaliada foi a Highline, que custa R$ 98.290 e vem completa, inclusive com a multimídia VW Play. O primeiro contato visual com o carro é agradável, pois é perceptível que os designers da Volkswagen buscaram colocar o máximo dos SUVs cupês de luxo nesse carro.
Uma volta no carro, por fora, é sempre recomendável no primeiro contato, não em busca de características visuais, mas sim de detalhes técnicos. O capô não é tão baixo quanto o do Polo, nem tão alto quanto o do T-Cross, para citarmos os dois carros que serviram de referência para o posicionamento do Nivus (entre ambos). Os pneus são relativamente largos (205 mm) e isso vem acompanhado de bitolas mais generosas tanto na frente quanto atrás. Ou seja: a distância entre as rodas da esquerda e da direita são maiores do que no Polo e no T-Cross; o carro é mais largo.
O Nivus não é baixo como um hatch, nem tão alto quando deve ser um SUV (embora seus 176 mm do solo superem o vão livre do Chevrolet Tracker, por exemplo, em 1,9 cm). Em relação ao T-Cross, sua elevação tem 1,5 cm a menos; em relação ao Polo, 2,7 cm a mais. São números muito pequenos, mas que fazem grande diferença no comportamento de um automóvel, especialmente em altas velocidades.
O Nivus também tem o capô mais alongado do que o T-Cross e uma silhueta mais delicada no parabrisa. Ele claramente buscou fugir da caracterização de SUV -- e isso é bom. Um detalhe final exterior é a existência de quatro colunas na carroceria. Embora a terceira e a quarta se juntem no alto do teto, a terceira coluna cria um reforço estrutural e permite que o Nivus tenha o que nem o Polo nem o T-Cross têm: uma terceira janela lateral.
Esses detalhes são suficientes para que você entre no Nivus sabendo mais ou menos o que esperar dele. No interior, a sensação é de um carro feito de forma caprichada. Tudo é de muito bom gosto. A delicadeza do novo logotipo VW no volante, as linhas suaves no painel e a incrível resolução da tela multimídia de 10,1” reforçam essa sensação. Os bancos são macios, de couro, com ajuste manual. A melhor posição de dirigir é encontrada facilmente e o volante convida à condução, pois tem uma empunhadura grossa e é ajustável em altura e profundidade.
O Nivus tem partida por botão e o motor 1.0 TSI (turbo com injeção direta) dá sinal de vida de forma discreta. Com três cilindros e vibração imperceptível, esse motor tem entrega de potência (128 cv) e torque (200 Nm) moderada, o que abre possibilidades para o futuro do carro, mas não faz dele um campeão de arrancadas. Não há surpresas quanto ao câmbio automático de seis marchas. Seja no funcionamento automático ou com trocas manuais, ele é completo: tem modos Drive e Sport no automático e permite trocas manuais pela alavanca ou pelas pequenas (e preciosas) aletas atrás do volante. O quadro de instrumentos digital de 10,25” permite dois modos visuais. Assim como a multimídia, tem grafismo contemporâneo: é limpo, discreto, mas com leitura perfeita. As informações do computador de bordo são úteis e não vão além das esperadas.
Se o rodar silencioso serve de boas-vindas do Nivus, a maciez da suspensão é uma grande surpresa. A suspensão traseira é por eixo de torção (como no Polo, no T-Cross e no Chevrolet Tracker), mas tem ajuste mais confortável no Nivus. A escolha de molas e o ajuste dos amortecedores tiveram claramente um compromisso de conforto, que parece ser maior no Nivus do que em seus irmãos da família Volkswagen -- e nem se compara com os solavancos proporcionados pelo Tracker.
O torque em baixas rotações é bom, pois os 200 Nm surgem já a 2.000 giros do motor. Com isso, as retomadas de velocidade do Nivus também agradam -- ele reage bem nas acelerações a partir de 40, 60, 80 ou 100 km/h. Nessa condição, chega rapidamente a velocidades proibidas e o motor mantém seu funcionamento discreto. A 100 km/h, em sexta marcha, o ponteiro do conta-giros fica em 1.900 rpm e o motor trabalha silenciosamente.
Na aceleração com o carro parado, entretanto, o Nivus revela uma certa preguiça. A resposta do acelerador é um tantinho demorada e soma-se ao turbolag -- um retardo que faz o Nivus tomar 4 décimos do Polo na aceleração de 0-100 e levar um banho de 2,3 segundos do Tracker 1.2. Como prêmio de consolação, o Nivus bate o T-Cross, devolvendo os 4 décimos que tomou do Polo.
Nessa altura já sabemos que o Volkswagen Nivus não é um esportivo, embora seu visual exiba uma sofisticada esportividade. Apesar de ser mais macio, o Nivus não chega a comprometer seu equilíbrio em curvas de alta velocidade, talvez porque tenha a traseira mais aerodinâmica do que os hatches e SUVs. O carro mostra uma discreta tendência a sair de frente em curvas mais fechadas, se estiver em alta velocidade, e nesse caso ajudaria ter as suspensões um pouco mais firme. Mas não é nada que comprometa sua segurança, até porque basta aliviar minimamente o pé para que ele se assente, e a rolagem da carroceria não chega a causar desconforto na condução
O Nivus Comfortline conta com avançados sistemas eletrônicos de controle de estabilidade e tração, além de assistência nas frenagens e alguns itens de condução semi-autônoma, como piloto automático adaptativo, frenagem de emergência (até parar) e ativamento dos freios pós colisão, para evitar batidas em série. Além disso, vem equipado com seis airbags de série e traz longos anos de investimento da Volkswagen na questão da segurança.
O Nivus Highline não é esportivo, mas entrega algum prazer ao dirigir. É possível andar com segurança em velocidades mais elevadas. Dá para enfrentar ruas esburacadas e estradas de pedra sem comprometer a coluna vertebral. E a experiência a bordo, devido à multimídia de última geração, é extremamente agradável. Para quem tem iPhone, o CarPlay pode ser usado sem cabo, somente pelo Wi-Fi do veículo. Para os demais celulares, é necessário espetar o cabo na entrada USB (de difícil acesso, mas não tanto como no Golf) para conectar o Android Auto. Por meio dos aplicativos da Volkswagen, é possível até pedir comida a bordo.
A conveniência proporcionada pela conectividade é, sem dúvida, um ponto alto do Nivus Highline. Mas o carro não é só isso. Ele também tem a praticidade de um amplo porta-luvas, vários porta-objetos de bom tamanho, luz e espelho de cortesia e um porta-malas surpreendente, de 415 litros, com grande abertura e espaço compatível com a largura da tampa. São 115 litros a mais do que o bagageiro do Polo e 42 a mais que encontramos nos SUVs T-Cross e Tracker.
Ele não é páreo para o Virtus, que oferece 521 litros, mas chega perto do Chevrolet Cruze Sedan (440) e tem 125 a mais do que o Cruze Hatch. Com tanta conveniência, não custava nada a Volkswagen ter dotado o Nivus Highline de alças no teto, pois faz falta para quem deseja transportar um idoso, por exemplo. Ele também não tem teto solar, mas isso não incomoda.
A fraquejada do Nivus 200 TSI na arrancada de 0-100 é suficiente para tirar o brilho do carro? Não. Na verdade, ele demora a reagir somente nos primeiros segundos. Quando atinge uns 40 km/h, o Nivus embala rapidamente e vai embora a 120, 140, 160… se o motorista quiser. Essa condição de arrancada, porém, é rara no dia-a-dia.
Nas retomadas, com o carro em movimento, o Nivus é bem esperto. Partindo de 40 km/h e fazendo um kick down (pisando fundo e repentinamente no pedal do acelerador), o motor responde bem e o câmbio entende a necessidade de busca de potência. Ele estica a marcha até 6.000 rpm e só então faz a troca automática para uma superior (no modo S). Também pudemos verificar que, em condições extremas, as trocas são feitas somente a 6.200/6.300 rpm, já dentro do início da faixa vermelha, que começa em 6.000, mas realmente impede que o motor arrebente de 6.500 a 8.000 rpm.
O Volkswagen Nivus Highline 200 TSI é mais que um rostinho bonito. Não chega a ser um carrão se a definição para isso estiver ligada à entrega de potência, mas é um carrão na entrega de conforto, no rodar macio, na conectividade superior e no espaço para passageiros e bagagens. Para além disso, o Nivus permite que a Volkswagen tenha pelo menos três cartas na manga com ele. Sem contar a configuração Hero (Launching Edition), que vem com alguns adereços visuais por R$ 1.700 a mais, a estreia do carro apenas nas versões Comfortline e Highline abre três possibilidades para o futuro, a saber:
1ª possibilidade: um Nivus 200 TSI, de entrada, com câmbio automático mesmo (pois a Volks se convenceu de que o manual teria vendas ínfimas), mas sem o nível de equipamentos do Nivus Comfortline, cujo único opcional é o VW Play. Ou ainda um Nivus 1.6 AT de 117 cavalos, como o Polo, e com menos peso para não ficar “manco”;
2ª possibilidade: um Nivus Cross 200 TSI, aventureiro, com suspensão reforçada, alguns conceitos visuais de off-road, quem sabe até pneus de uso misto, para concorrer com alguns SUVs ou mesmo com hatches aventureiros elevados;
3ª possibilidade: um Nivus 250 TSI, com motor 1.4 de 150 cv, que poderia ser um futuro upgrade para a versão Highline ou mesmo uma versão superior. Talvez até uma esportiva, GTS, com suspensão rebaixada, pois o carro tem uma carroceria que permite essa combinação.
Item | Nota | Conceito | Veredicto |
Motor | 10 | Ótimo | 128 cv/l não é pra qualquer um |
Câmbio | 8 | Muito bom | Seis marchas com borboleta |
Praticidade | 8 | Muito bom | É mais elevado do que um hatch |
Consumo | 6,5 | Bom | Nota B é o máximo para ele |
Dirigibilidade | 8 | Muito bom | Rola um pouco nas curvas |
Segurança | 10 | Ótimo | Seis airbags e muita assistência |
Conforto | 8,5 | Muito bom | Suspensão macia, bancos ótimos |
Conectividade | 9 | Ótimo | VW Play tem quase tudo |
Porta-malas | 6,5 | Bom | São 415 litros para bagagem |
Design | 10 | Ótimo | Beleza e brilho num cupê 4 portas |
Média | 8,5 | Muito bom | Um carro acima da média |
O céu é o limite para o Volkswagen Nivus, que estreou bombando no mercado. O primeiro lote de pré-venda, de 1.200 unidades, esgotou em poucas horas. O segundo lote, de 1.000 unidades, durou apenas três dias. Quanto ao tipo de carro, consideramos mais correto chamá-lo de crossover cupê (por se tratar de um cruzamento da carroceria hatch com um SUV) do que SUV cupê, pois ele não tem nada de um utilitário esportivo, nem mesmo o característico capô elevado. Está certa a Volkswagen ao não impôr o rótulo de SUV cupê ao Nivus. Resta saber como irá classificá-lo na defasada divisão de categorias da Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores), que organiza o ranking de vendas de carros no Brasil.
Os números
- Preço: R$ 98.290
- Motor: 1.0 turbo flex
- Potência: 128 cv a 5.500 rpm (e)
- Torque: 200 Nm a 2.000 rpm
- Câmbio: 6 marchas AT
- Tração: 4x2
- Comprimento: 4,266 m
- Largura: 1,757 m
- Altura: 1,493 m
- Entre-eixos: 2,566 m
- Vão livre: 176mm
- Peso: 1.199 kg
- Pneus: 205/55 R17
- Porta-malas: 415 litros
- Tanque: 52 litros
- Aceleração 0-100 km/h: 10s0
- Velocidade máxima: 189 km/h
- Consumo cidade: 10,7 km/l (g)
- Consumo estrada: 13,2 km/l (g)
- Emissão de CO2: n/d