Novo Tracker tem atributos SUV piores que Renegade e Creta
Chevrolet apresentou o novo carro como o “SUV de série”, preenchendo lacunas dos rivais. Mas nem tudo é como parece. Entenda e compare
O novo Chevrolet Tracker quer se impor no mercado como um SUV que cobre as lacunas abertas pelos concorrentes. Considerado o “SUV de série” pela GM, por trazer o que os outros não trazem, à primeira vista parece que o consumidor pode fechar os olhos e encomendar um Tracker. Mas não é bem assim. Apesar da novidade do motor 1.2 rurbo, segundo os executivos da GM o forte do carro será a versão LT 1.0 Turbo automática, que custa R$ 89.900. Por isso, comparamos alguns atributos do novo Tracker com alguns dos rivais mais vendidos.
Em relação ao Jeep Renegade Sport 1.8 automático, que custa R$ 89.990, o Tracker tem airbags laterais e de cortina, sensor de estacionamento traseiro e Wi-Fi a bordo, considerando os itens relevantes. O porta-malas do Tracker também oferece 73 litros a mais (393 contra 320). O Tracker dá um banho no consumo em todas as medições. Porém, nos demais atributos técnicos, o Renegade ganha ou empata em todos os itens, com exceção da aceleração de 0-100 km/h, por 2 décimos de segundo (10,9 contra 11,1 segundos).
O Renegade Sport 1.8 é superior ao Tracker LT 1.0 turbo nos seguintes itens: potência (128 cv contra 116), torque (188 Nm contra 164), relação peso/potência (10,4 kg/cv contra 10,6), relação peso/torque (7,9 kg/Nm contra 7,5), no vão livre do solo (216 mm contra 157), no ângulo de entrada (28 graus contra 17), no ângulo de saída (31 graus contra 28) e no ângulo de transposição de rampa (21 graus para o Jeep e não divulgado pelo Chevrolet). O Renegade Sport também oferece a mais: monitoramento de pressão dos pneus, freio de estacionamento eletrônico, freios a disco traseiros, borboleta para trocas de marcha e rodas de 17” (no Tracker LT são de 16”).
Em relação ao Hyundai Creta Attitude Plus 1.6 AT (R$ 77.820), o Tracker perde na potência (130 cv contra 116), na relação peso/torque (7,1 kg/Nm contra 7,5), na distância entre-eixos (2,590 m contra 2,570), na capacidade do porta-malas (431 litros contra 393), no vão livre (190 mm contra 157) e no ângulo de entrada (21 graus contra 17). Os pneus do Tracker são mais largos e com perfil mais baixo do que os do Creta (215/60 contra 205/65). Com a enorme diferença de preço, a vantagem do Tracker também é grande na conectividade.
No embate com o Nissan Kicks S 1.6 CVT (R$ 85.990), o Chevrolet Tracker LT 1.0 Turbo AT enfim se destaca nos atributos de motor. Ele tem 2 cv a mais (116 contra 114) e sobra no torque (168 Nm contra 151), mas perde na relação peso/potência (9,9 kg/cv contra 10,6). Além de ter um motor mais moderno, o Tracker também ganha no consumo, mas por margens mais apertadas do que perante os outros rivais citados. Na autonomia rodoviária com gasolina, por exemplo, eles empatam: ambos fazem 13,7 km/l. O Kicks também é 2,5 cm maior e tem 5 cm a mais de entre-eixos. O Kicks ganha ainda no vão livre do solo (200 mm contra 157), no ângulo de entrada (20 graus contra 17) e na capacidade do porta-malas (39 litros a mais, com 432). Além desses itens, o Kicks tem capacidade de transpor áreas inundadas em até 30 cm.
Se a comparação for com o Volkswagen T-Cross, os executivos da GM comentaram a modernidade do motor da marca alemã, mas o Tracker é mais em conta: ele custa R$ 4.590 a menos que o T-Cross 1.0 Turbo AT, que sai por R$ 94.490. O T-Cross tem uma versão manual bem mais acessível de R$ 84.990, mas nesse caso a comparação teria que ser com o Tracker 1.0 manual, de R$ 82.000. Na comparação das versões automáticas, o que o T-Cross oferece a mais é a potência (128 cv contra 116), o torque (200 Nm contra 164), as relações peso/potência e peso/torque, 0-100 km/h (10,4 segundos contra 10,9), maior vão livre do solo (191 mm contra 157) e maior distância entre-eixos (2,651 m contra 2,570). A Volkswagen não divulgou os ângulos de entrada e de saída. O porta-malas do T-Cross tem 20 litros a menos. Porém, o T-Cross também tem seis airbags, traz faróis de neblina, injeção direta de combustível, vetorização de torque, borboleta para trocas de marchas manuais e faróis com acendimento automático.
O novo Chevrolet Tracker chegou provocando. Ele, de fato, tem enormes atributos para disputar, dentro de algum tempo, a liderança do segmento de SUVs compactos. Porém, ao contrário do que disseram os executivos da GM durante a apresentação virtual do carro, ainda é preciso analisar ponto por ponto para decidir a compra. Em muitos, o novo Tracker ganha; em outros, ele perde.