Picape Duster Oroch de 170 cv vai assumir papel anti-Toro

A Renault vai aumentar o investimento na picape Duster Oroch. Primeira picape monobloco de quatro portas do país, a Renault Oroch chegou ao mercado em 2015, poucos meses antes da Fiat Toro (2016). Depois, com o sucesso da Toro, a Oroch ficou um pouco esquecida pelo público. Mas agora, com a confirmação de um novo investimento de R$ 1,1 bilhão até 2022, a Renault pretende reabilitar a Duster Oroch.

Como o nome já diz, a Oroch é derivada do SUV Duster. O utilitário esportivo passou por um facelift há um ano. Devido à pandemia, a Renault precisou congelar os investimentos em novos produtos. Com o bilionário investimento aprovado há algumas semanas, a Oroch vai ganhar um novo visual, mais parecido com o do Duster, e também um novo motor turbo.

O motor é o mesmo que vai equipar o novo Captur, que chega em junho. Este motor tem 1,3 litro de capacidade, turbocompressor e 170 cavalos de potência quando abastecido com etanol. A potência com gasolina é de 163 cv. O motor é da Renault, mas foi desenvolvido em conjunto com a Mercedes-Benz e já equipa o GLB 200, que vem importado do México.

Segundo o jornalista Fernando Calmon, a Renault vai produzir este motor no Brasil. Inicialmente, ele virá importado da França, o que representará um custo de 2% para a Renault na taxa de importação. Produzido no Brasil, ele permitirá que outros carros da linha o utilizem. Devido ao crescimento do interesse por picapes, a Oroch deverá ganhar o turbo antes do Duster.

A Renault Oroch é uma boa picape. Até mesmo engenheiros da Fiat elogiaram a Oroch quando a Toro foi lançada. Porém, ela sempre foi inferior à Toro em alguns aspectos (e também mais barata). O design, o conforto e o acabamento foram alguns itens favoráveis à Toro. O motor também, pois a Fiat já saiu com um 2.0 turbodiesel de 170 cv com câmbio automático de 9 marchas, além de um 1.8 flex com transmissão automática de 6 marchas.

A Renault Oroch 1.3 turbo flex terá os mesmos 170 cv e um câmbio CVT de 6 marchas. Atualmente, a Oroch tem três versões 1.6 flex de 110 cv que custam de R$ 87.080 a R$ 92.360, todas com câmbio manual de 5 marchas. Há ainda duas versões 2.0 flex de 142 cv; uma manual de 6 marchas por R$ 91.830 e outra automática de 4 marchas por R$ 108.300. As duas Oroch 2.0 automáticas serão substituídas por duas ou três versões da Oroch 1.3 turbo CVT.

A Fiat Toro custa atualmente de R$ 110.854 a R$ R$ 131.501 com motor 1.8 flex. Na configuração com motor 2.0 turbo diesel 4x4, o preço vai de R$ 152.555 a R$ 186.933. A Renault, portanto, tem uma ampla faixa de R$ 110 mil a R$ 150 mil para reposicionar uma Oroch mais potente, mais bonita e mais equipada. Dessa forma, atingirá seu objetivo de oferecer veículos numa faixa de preços mais rentável e recuperar parte das perdas de 2020.

Com as mudanças visuais e o aprimoramento da cabine, a Renault conseguirá oferecer ao público opções mais competitivas contra a Fiat Toro, tanto na faixa de entrada, ainda com motor 1.6 SCe, quanto na faixa superior, com o 1.3 turbinado. Será um ganho e tanto. Por ter apenas 4 marchas, o atual câmbio automático da Renault Oroch obriga o motor a trabalhar muito tempo em faixas de regime não ideais. Além de ser prejudicial em termos de desempenho, o consumo fica elevado.

Com o novo motor 1.3 turbo, a Renault Duster Oroch poderá ser reposicionada. Não sabemos se o nome “Duster” será retirado da nomenclatura da picape, assim como o nome “Sandero” foi suprimido da versão Sandero Stepway. Somente Renault Duster dá mais força e independência à picape, que acaba herdando algumas possíveis rejeições ao SUV.

Além do visual mais moderno, já projetado pelo designer brasileiro Kleber Silva, a nova Renault Oroch Turbo de 170 cavalos terá melhorias no acabamento e na central multimídia. A versatilidade da picape também vai melhorar bastante. Hoje ela tem uma relação peso/potência de 9,2 kg/cv com o motor 2.0. Quando vier equipada com o novo motor 1.3 turbo, a relação peso/potência da Oroch deve cair para algo em torno de 7,9 kg/cv. Na Toro a diesel, essa relação é de 11 kg/cv.

Feito tudo isso, bastará à Renault assumir, pelo menos em parte, seu papel anti-Toro. Será preciso reposicionar a Oroch. O caráter de trabalho pode ser mantido nas versões 1.6, mas a configuração 1.3 turbinada deverá ser oferecida como veículo de passeio. Segundo a Fenabrave, a Fiat Toro vendeu 13.510 unidades este ano, enquanto a Renault Oroch vendeu 2.389. Os números são desta sexta-feira (12). É uma distância muito grande, que a Renault tentará diminuir quando revitalizar a Oroch.