Picape Mercedes Classe X, o vexame do século, sai de linha
Primeiro, o projeto foi abortado no Brasil e Argentina. Agora, a produção parou na única fábrica que a produzia, na Espanha
Em 2015, a Mercedes-Benz anunciou o desenvolvimento que colocaria as picapes com carroceria sobre chassi em um novo patamar de luxo e qualidade. Estava nascendo a Classe X. Menos de cinco anos depois, o projeto parece estar chegando ao fim. Segundo o jornal espanhol La Vanguardia, sindicalistas que trabalham na fábrica de Vitoria, em Barcelona, disseram que a produção da Classe X foi interrompida. A Daimler primeiro desconversou, depois confirmou. A fábrica espanhola é a única que produz a picape da Mercedes.
O projeto da Classe X foi desenvolvido em conjunto com duas picapes da Aliança Renault Nissan: a Frontier, pela marca japonesa, e a Alaskan, pela marca francesa. As três estavam prometidas para o mercado brasileiro, com produção na Argentina. A única que vingou foi a Frontier. O projeto da Mercedes Classe X foi cancelado na Argentina quando a empresa alemã estava prestes a exibir o modelo numa edição do Salão de São Paulo.
A picape Classe X trazia uma experiência de condução superior à da Nissan Frontier. Graças a um trabalho inovador na suspensão traseira, o comportamento dinâmico da Classe X era muito mais próximo ao de um automóvel monobloco (como a picape Fiat Toro, por exemplo).
Os motores eram 4 cilindros turbo a gasolina de 166 cv com 238 Nm e V6 2.3 a diesel em de 163 cv/403 Nm ou 191 cv/450 Nm e V6 3.0 a diesel de 258 cv/550 Nm. O câmbio era manual de seis marchas ou automático de sete velocidades. A picape media 5,340 m de comprimento e tinha 3,150 m de distância entre-eixos. No Brasil, vários clientes mostraram-se interessados no luxo da picape, apesar do preço inicial superior a R$ 200 mil. A crise econômica no Brasil e na Argentina abortou o projeto.
Sem a presença na América do Sul, a vida da Mercedes Classe X na Europa se tornou difícil. Segundo La Vanguardia, apenas 8 mil unidades foram produzidas no ano passado. A fábrica de Vitoria, com capacidade para produzir 200 mil unidades das três marcas envolvidas no projeto, produziu apenas 55 mil. O que era para ser a picape do século se tornou o vexame do século.