Picapes 4x4 a diesel automáticas: o papel da Frontier Attack
Só 4 modelos custam menos de R$ 180 mil. Avaliamos a picape da Nissan, que tenta se impor pelo conforto e câmbio sequencial de 7 marchas
O mercado brasileiro tem atualmente 19 versões de picapes médias com motor a diesel, câmbio automático e tração 4x4. Há também inúmeras outras configurações, mas vamos nos concentrar nessas três características (diesel, automática, 4x4) para avaliar o que oferece a Nissan Frontier Attack. A picape japonesa com visual aventureiro custa R$ 176.990. Ela é uma das quatro opções abaixo de R$ 180 mil.
A Nissan anunciou recentemente que vai investir US$ 130 milhões na fábrica de Santa Isabel, em Córdoba, Argentina, para incrementar a linha Frontier. Além da versão Attack, ela tem mais três versões (todas 4x4 a diesel): S manual, por R$ 158.390, XE automática por R$ 199.490 e LE automática por R$ 218.990. Com apenas quatro versões, a picape Frontier tem saltos de preço muito grandes entre uma e outra. A Frontier Attack é R$ 18.600 mais cara do que a S manual e R$ 22.500 mais barata do que a XE.
Dentro da linha Frontier, a versão Attack é a que tem o melhor custo-benefício. Ela já vem com multimídia A-IVI 8” com Android Auto e Apple CarPlay, câmera de ré, faróis dianteiros com máscara negra, rack de teto na cor preta, estribo lateral preto e a identificação Attack. Trata-se, sem dúvida, de uma picape média cabine dupla muito bonita. Nessa linha visual, a Frontier Attack bate de frente somente com a Ford Ranger Storm. A lista de preços das quatro picapes a diesel 4x4 automáticas é a seguinte:
Mitsubishi L200 Triton Outdoor GLS 2.4: R$ 165.990 (190 cv)
Ford Ranger Storm 3.2: R$ 174.890 (200 cv)
Ford Ranger XLS 2.2: R$ 176.890 (160 cv)
Nissan Frontier Attack 2.3: R$ 176.990 (190 cv)
Claro que a Chevrolet, a Toyota e a Volkswagen oferecem picapes médias cabine dupla a diesel 4x4 automáticas, porém são mais caras. A Chevrolet S10 mais em conta é a LTZ 2.8 de R$ 206.190 (de 200 cv). A Toyota Hilux mais acessível com essas características é a SR 2.8 de R$ 194.590 (apenas 177 cv). A Volkswagen Amarok, por sua vez, oferece a Comfortline 2.0 de R$ R$ 185.430 (e com 180 cv). Para quem deseja uma cabine dupla automática 4x4 a diesel abaixo de R$ 180 mil, restam mesmo apenas quatro opções.
Já avaliamos a Ranger XLS 2.2 e a Ranger Storm 3.2. Agora chegou a vez da Frontier Attack 2.3. Antes de entrar nas questões comparativas, vamos primeiro analisar a Frontier Attack. Para além dos aspectos visuais, que merecem destaque porque dão a ela uma certa juventude combinada com vigor, a Frontier Attack automática entrega uma dirigibilidade bastante amigável. O motor 2.3 de 190 cv (3.750 rpm) responde bem porque seus 450 Nm de torque estão disponíveis já a 1.500 giros do motor. Apesar de grande e pesada, a Frontier Attack é ágil nas arrancadas e retomadas.
O câmbio automático sequencial de sete marchas ficou muito bem ajustado e tem a vantagem de reduzir o ruído do motor na cabine quando o veículo atinge velocidade de cruzeiro na estrada. Uma das coisas interessantes nesta geração da Frontier foi sua adaptabilidade ao uso diário, mesmo urbano. Vale lembrar que o projeto é o mesmo da Renault Alaskan (que nunca chega, apesar de sempre prometida) e da Mercedes Classe X (que morreu antes de ser lançada no Brasil). Apesar das dificuldades enfrentadas pela Renault e pela Mercedes, isso não é culpa da Frontier, pois ela vai muito bem nas mãos da Nissan, que tem mais experiência em picapes (80 anos) do que as citadas marcas europeias.
A Frontier Attack tem duas alças para facilitar o acesso pelo lado direito (uma no teto e outra na coluna A). O nível de conforto é bom, mas vale um destaque para a central multimídia. O sistema A-IVI 8” é bastante amigável e muito competente, pois une as funções táteis com dois botões de girar e alguns botões de apertar. A posição das entradas USB também é boa (a entrada de carregar fica dentro do compartimento do console central).
A posição de dirigir agrada, mas ficaria ainda melhor se o volante tivesse ajuste de profundidade, como a Mitsubishi L200 (a Frontier só tem ajuste de altura). O que poderia ser melhor é a assistência da direção, que é meio pesada em manobras. A assistência é hidráulica, enquanto nas Ranger XLS e Storm é elétrica, o que torna a direção bem mais leve. Os ajustes dos bancos (de tecido) são manuais. De maneira geral, a Frontier Attack não traz nenhum luxo, porém está longe de ser “pelada”.
Quanto aos aspectos técnicos, que são os mais importantes numa picape, a Frontier Attack enfrenta rivais fortes, mas consegue se impor em alguns itens. O motor é o primeiro deles. Se na potência máxima a Frontier 2.3 supera a Ranger 2.2 (160 cv) e se iguala à L200 2.4 (ambas têm 190 cavalos), perdendo para a Ranger 3.2 (200 cv), na potência específica a picape da Nissan brilha. Seu motor turbodiesel tem boa eficiência e entrega 82,7 cv/l, mais do que os 77,8 cv/l da L200, bem mais do que os 72,8 cv/l na Ranger XLS (2.2) e muito mais do que os 62,5 da Ranger Storm (3.2).
A Frontier Attack tem também o melhor torque específico entre as quatro picapes (196 Nm/l). Essa boa eficiência, aliada ao fato de ser mais leve do que duas rivais, permite à Frontier Attack ser competitiva no consumo. Ela faz 9,2 km/l na cidade e 10,5 na estrada. Perde apenas para a Mitsubishi L200 GLS, que pesa apenas 1.895 kg e consegue fazer 9,8 km/l na cidade e 11,8 na estrada. Mérito das tecnologias do motor 2.4 da Mitsubishi, que promete novidades para sua picape muito em breve.
Nas dimensões, a Frontier é mais curta dos que as rivais e mais estreita do que a Ranger. É uma picape muito fácil de estacionar, pois tem a clássica largura de 1,850 m. Já a L200 mede 3 cm a menos na largura. O diâmetro de giro da L200 também é o melhor de todos (11,8 m), mas a Frontier (12 m) supera a Ranger (12,2). Ainda assim, a Frontier exige manobras em estacionamentos que exigem curvas fechadas de 180 graus. A picape da Nissan é a mais alta entre as rivais. Na distância entre-eixos, perde para a Ranger (-7 cm) e ganha da L200 (+15 cm).
A Nissan Frontier ganha da Mitsubishi L200 também na altura livre do solo (23 cm contra 22 cm), mas ambas são superadas pela Ranger (23,2 cm). O ângulo de saída da Frontier é o melhor. Ela vence a Ranger também no ângulo de entrada, mas perde para a L200 nesse quesito. Quanto à capacidade de transpor áreas inundadas, a Ranger é matadora: passa por inundações de 80 cm, contra 60 cm da L200. A Nissan Frontier passa por áreas com água de até 45 cm de profundidade. Menos mal que a Frontier dá o troco na capacidade de subir rampas: ela topa subida de até 39 graus, melhor número entre as rivais.
A suspensão traseira modificada nesta geração também deixou a Frontier mais dócil na utilização diária. Ela é a única multilink da categoria. Embora não seja independente e sim por eixo rígido na traseira e com duplo A na dianteira, essa solução melhorou o conforto na rodagem e a estabilidade em curvas. Quanto à caçamba, todas são muito grandes, mas a da Frontier oferece menos capacidade do que a Ranger (1.180 litros contra 1.054). E, embora carregue um tantinho a mais de volume do que a L200 (8 litros), a caçamba da Nissan é a que suporta menos carga: 1.040 kg contra 1.055 da L200 e 1.076 da Ranger XLS. Mas atenção, porque aqui a Ranger Storm empata com a Frontier e também carrega “apenas” 1.040 kg de carga.
Pelas características das picapes comentadas, a briga da Frontier Attack é mesmo com a Ranger Storm. Estamos falando de um motor 2.3 contra um 3.2, mas com diferença de potência de apenas 10 cavalos. A Ranger Storm leva vantagem também no torque, pois tem 20 Nm a mais. Gostamos da experiência com a Frontier Attack e seu bom câmbio automático de sete marchas. Ela agora pode ser adquirida em cinco cores (as novas azul e cinza e as tradicionais vermelha, branca e preta).
Apesar da pequena desvantagem na potência e no torque, a Frontier Attack é uma boa compra. Porém, há um detalhe inaceitável: ela tem apenas os dois airbags obrigatórios por lei, enquanto a Ranger tem também os airbags laterais e de cortina. Para além disso, a garantia da Nissan é de apenas três anos, contra cinco da Ford. Por conta de todos esses detalhes, a Nissan anunciou um forte investimento na linha Nissan, que, assim como a Ranger, é produzida na Argentina. Com apenas 4.571 vendas este ano (até 24/8), a Nissan Frontier ocupa o 6º lugar no ranking das picapes médias.
Os números
- Preço: R$ 176.990
- Motor: 2.3 turbo diesel
- Potência: 190 cv a 3.750 rpm
- Torque: 450 Nm a 1.500 rpm
- Câmbio: 7 marchas AT
- Tração: 4x2, 4x4 e 4x4 reduzida
- Comprimento: 5,264 m
- Largura: 1,850 m
- Altura: 1,826 m
- Entre-eixos: 3,150 m
- Vão livre: 230 mm
- Peso: 2.075 kg
- Pneus: 255/70 R16
- Caçamba: 1.054 litros
- Carga útil: 1.040 kg
- Tanque: 80 litros
- Aceleração 0-100 km/h: 11s3
- Velocidade máxima: 180 km/h
- Consumo cidade: 9,3 km/l
- Consumo estrada: 11,3 km/l
- Emissão de CO2: 198 g/km