Por que o Argo vende tanto? Descobrimos seus segredos!
Fiat Argo concentra 87% das vendas nas versões básicas, tática diferente da que foi adotada pelo Chevrolet Onix. Mas não é só isso
Qual é o segredo do Fiat Argo para vender tanto no meio da crise de semicondutores? Basicamente, dois: foco nas versões de entrada e incremento nas vendas diretas. Com isso, o Fiat Argo aproveitou a brecha deixada pelo Chevrolet Onix, cuja nova geração está sem produção desde abril. Apesar de continuar sendo produzido, o Onix Joy não conseguiu segurar a liderança, apesar de ter crescido 136% de janeiro a maio.
Em janeiro, quando vendeu menos da metade do volume que alcançou em maio, o Fiat Argo tinha apenas 14% de suas vendas concentradas na versão de entrada. Em maio, esse número saltou para 56%. Se somarmos as vendas da versão Drive 1.0, esse percentual subiu de 65% em janeiro para 86% em maio. Todos os números desta reportagem são do Renavam.
A estratégia da Stellantis foi “driblar” a falta de semicondutores no mercado global. Na verdade, o Fiat Argo não sofreu muito com este problema, pois suas versões topo de linha, que usam mais semicondutores, já tinham vendas pequenas. As versões 1.8 (Trekking e HGT) venderam apenas 266 unidades em janeiro. Por isso, a queda para 70 unidades em maio não representou um problema. Percentualmente foi alta (-74%), mas em faturamento, não.
Nas versões 1.3 (Drive e Trekking) o volume caiu de 1.478 para 1.395, ou seja, um recuo pequeno (-6%). Em compensação, as duas versões 1.0 (entrada e Drive) subiram de 3.262 para 9.462. O maior aumento de volume ocorreu na versão de entrada, que passou de 714 unidades em janeiro para 6.156 em maio.
Além de usar menos semicondutores do que as versões mais caras, essas versões também tiveram grande incremento nas vendas diretas. No total, as vendas diretas do Fiat Argo representavam apenas 11% em janeiro, mas em maio foram responsáveis por 56% dos emplacamentos do carro mais vendido do Brasil no mês passado.
VERSÃO |
VENDAS JAN |
VENDAS MAI |
DIF. |
ARGO 1.0 | 714 | 6.156 | +762% |
ARGO DRIVE 1.0 | 2.548 | 3.306 | +30% |
ARGO DRIVE 1.3 | 130 | 277 | +113% |
ARGO TREKKING 1.3 | 1.348 | 1.118 | -17% |
ARGO TREKKING 1.8 | 217 | 47 | -78% |
ARGO HGT 1.8 | 49 | 23 | -53% |
OUTRAS | 15 | 2 | -87% |
TOTAL | 5.021 | 10.929 | +46% |
Como comparação, vale dizer que no mesmo período o Chevrolet Onix, que era líder, tinha 13% de vendas diretas em janeiro (mais do que o Argo) e subiu para apenas 16% em maio. Há uma guerra de narrativa entre a Stellantis, que fabrica o Fiat Argo, e a GM, que fabrica o Chevrolet Onix. Segundo a GM, o Onix usa o dobro de semicondutores dos demais hatches do mercado, na média, por isso suas vendas caíram.
A Stellantis diz que o Argo usa o mesmo número de semicondutores. Mas a estratégia das duas marcas é diferente. Enquanto a GM está com a produção do novo Chevrolet Onix parada desde abril, por falta de semicondutores, a Stellantis dá todo o gás no Fiat Argo. No caso da Chevrolet, o modelo Joy (geração antiga do Onix), também teve uma alta significativa, passando de 961 unidades em janeiro (9%) para 2.267 em maio (59%).
O Onix topo de linha (versões LTZ e Premier), que venderam 3.154 unidades em janeiro, somaram apenas 1.015 unidades em maio, uma queda enorme nas duas versões (-84% na LTZ e -62% na Premier). São essas as versões que mais usam semicondutores no carro da Chevrolet. Nas versões intermediárias, o Onix caiu de 5.478 unidades em janeiro para 463 em maio (-92%). Isso custou a perda da liderança para o Chevrolet Onix. Resta saber se esta situação é passageira ou não.
VERSÃO |
VENDAS JAN |
VENDAS MAI |
DIF. |
ONIX JOY | 961 | 2.267 | +136% |
ONIX 1.0 | 966 | 72 | -93% |
ONIX 1.0 LT | 3.240 | 281 | -91% |
ONIX 1.0 TURBO | 530 | 15 | -97% |
ONIX 1.0 TURBO LT | 962 | 104 | -89% |
ONIX 1.0 TURBO RS | 746 | 63 | -92% |
ONIX 1.0 TURBO LTZ | 837 | 131 | -84% |
ONIX 1.0 TURBO PREMIER | 2.317 | 884 | -62% |
OUTRAS | 6 | 3 | -50% |
TOTAL | 10.565 | 3.820 | -64% |