Por que o Jeep Compass é o carro mais invejado do Brasil
SUV médio fabricado em Pernambuco começa a sofrer ataque de todos os lados: Ford Territory é o próximo inimigo e Toyota tem o Corolla Cross
Poucas montadoras prestaram atenção quando a FCA lançou a atual geração do Jeep Compass, em 2016, e disse que seria líder do segmento de SUVs na América Latina com a dobradinha Compass-Renegade. Dormiram no ponto. Em setembro o Compass vai completar quatro anos de atuação no mercado brasileiro e ainda não tem um concorrente direto com volume de produção capaz de ameaçar seu reinado. Por isso, hoje, o Jeep Compass é o carro mais invejado do Brasil. Afinal, é muito lucrativo.
Por enquanto, todas as tentativas de derrubar o Compass fracassaram. O Volkswagen Tiguan é um belíssimo carro, mas é feito no México. O Chevrolet Equinox também tem atributos fortes e é produzido no México, de forma que a GM também não consegue ser competitiva. Agora o rival mais forte que surge no horizonte é o Ford Territory. O carro chega no terceiro trimestre importado da China, mas logo passará a ser produzido na Argentina. A pré-venda do Territory começa no dia 7 de agosto.
Com a chegada do Territory, espera-se que o Compass finalmente tenha um rival de fato. Hoje a vida da Jeep é muito fácil no segmento de SUVs médios, o que permite a ela manobrar os preços sem grandes preocupações. O Compass de entrada (4x2 Sport) custa R$ 121.990. Há mais duas versões 4x2: Longitude por R$ 134.990 e Limited por R$ 153.990. Essa configuração dispõe de motor 2.0 flex de 159/166 cv de potência e câmbio automático de seis marchas.
O Jeep Compass tem ainda mais quatro versões com tração 4x4, que são bem mais caras: Longitude (R$ 170.990), Limited (R$ 189.990), Trailhawk (R$ 189.990) e S-Design (R$ 205.990). Nessa configuração, o motor é 2.0 a diesel de 170 cv e o câmbio automático tem nove marchas. Sem dúvida, um portfólio completo e de respeito, muito difícil de ser batido. Por isso, o Compass é o terceiro SUV mais vendido do país, com 9,4% de participação no segmento.
Além do Ford Territory, outro carro que pode ameaçar o Compass é o Toyota Corolla Cross, lançado recentemente na Tailândia e que pode ser o SUV que a marca japonesa produzirá no Brasil a partir de 2021. Para derrotar o Compass, não basta ser um bom carro; é preciso ter volume. Segundo a Fenabrave, seu mais próximo seguidor é o Volkswagen Tiguan, (15º lugar no ranking), com apenas 1,9% das vendas. Depois vêm o Chevrolet Equinox (18º com 1,0%), o Hyundai ix35 (20º com 0,6%) e o Caoa Chery Tiggo 7 (25º com 0,5%).
Os dois SUVs da Toyota mais bem colocados no ranking são o SW4 (14º lugar com 1,9%) e o RAV4 (19º com 0,9%), mas eles são maiores e muito mais caros, portanto não competem com o Compass. Para atacar a Jeep, a Toyota precisa de um carro como o Corolla Cross, no mínimo. O resultado disso tudo é que o Jeep Compass é uma mina de ouro para a FCA.
Se pegarmos as sete versões do Compass, que vão de R$ 121.990 a R$ 205.990, temos um preço médio de R$ 166.847. Só este ano (até 23 de julho), com pandemia e tudo, o Compass já teve 20.666 unidades vendidas. No ano passado inteiro foram 60.362, número que o colocou entre os 10 carros mais vendidos do Brasil em todas as categorias. Fazendo contas bem superficiais (pois esses números são guardados a sete chaves pelas montadoras), com esse preço médio e esse volume de vendas, o Jeep Compass deve ter faturado cerca de R$ 10,071 bilhões em 2019. Considerando uma margem de 5%, ele pode ter deixado um lucro de R$ 503 milhões nos cofres da FCA.
Mérito da montadora, claro, pois o Jeep Compass entrega o que promete. Trata-se de um utilitário esportivo muito versátil. As versões 4x2 têm boa potência e oferecem conforto digno de um sedã, porém com grande altura do solo. A dirigibilidade é realmente boa. Já as versões 4x4 a diesel oferecem grande capacidade off-road, especialmente a Trailhawk. A fórmula do sucesso no segmento de SUVs médios foi dada pela Jeep, mas a concorrência demorou demais para reagir. Agora a Ford parece disposta a levar essa categoria de carros a sério. Em breve faremos uma avaliação do Ford Territory e então teremos uma visão mais ampla sobre suas possibilidades de sucesso.