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Stirling Moss, o campeão sem título, morre aos 90 anos

Um dos maiores pilotos da história da Fórmula 1, o inglês foi quatro vezes vice-campeão mundial e ganhou 16 corridas em 66 GPs

12 abr 2020 - 14h04
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Stirling Moss foi o primeiro inglês a vencer o GP da Grã-Bretanha, em 1955.
Stirling Moss foi o primeiro inglês a vencer o GP da Grã-Bretanha, em 1955.
Foto: Reprodução

Ninguém da minha geração viu Stirling Moss correr. Só ouvimos relatos, vimos filmes, lemos reportagens e livros. Mas todos sabíamos que ele foi um grande piloto inglês (provavelmente o maior de todos, pois Jim Clark era escocês) que teve a má sorte de correr na mesma época de Juan Manuel Fangio, o argentino cinco vezes campeão mundial. Minha geração soube mesmo foi da sina de um Carlos Reutemann (argentino como Fangio), que dividiu as pistas com Emerson Fittipaldi, Niki Lauda e Nelson Piquet, três devoradores de títulos, e de um Rubens Barrichello, segundo piloto do maior campeão de todos, Michael Schumacher. Reutemann e Barrichello, como Moss, nunca foram campeões mundiais.

Hoje morreu Stirling Moss, aos 90 anos, em Londres. Quis o destino que sua morte ocorresse no mesmo dia do 78º aniversário de Carlos Reutemann, outro perdedor como ele. Perdedor? Não! Jamais! Se existiu um piloto na história da Fórmula 1 que nunca foi perdedor, este piloto se chamava Stirling Craufurd Moss. Nasceu em Kensington, Londres, e se tornou Sir Stirling Moss em 2000, em reconhecimento aos grandes serviços prestados ao Reino Unido. Dos 66 grandes prêmios que disputou, Stirling ganhou 16. Foram seis vitórias com a Vanwall, quatro com a Lotus, três com a Cooper, duas com a Maserati e uma com a Mercedes. Fez ainda 16 pole-positions e 19 melhores voltas.

Primeira vitória de Moss: GP da Grã-Bretanha de 1955, com um Mercedes W196.
Primeira vitória de Moss: GP da Grã-Bretanha de 1955, com um Mercedes W196.
Foto: Reprodução

Correndo contra Juan Manuel Fangio, Alberto Ascari, Giuseppe Farina, Mike Hawthorn, Jack Brabham e Phill Hill (pilotos que somam 13 títulos mundiais), Stirling Moss liderou 6.369 km dos 19.915 km que dirigiu na Fórmula 1. A primeira vitória foi com a Mercedes, pilotando um W196 com motor Mercedes de 8 cilindros em linha com pneus Continental. Aí nasceu o carinho do fabricante alemão com Stirling Moss, embora essa tenha sido sua única vitória com a marca na F1 (outras vieram em provas de endurance). Era o 21º grande prêmio de Stirling e ele largou na pole-position. A vitória veio em casa, no GP da Grã-Bretanha de 1955, no circuito de Aintree. Naquela temporada, ele foi vice-campeão pela primeira vez.

Stirling Moss foi mais que campeão: era um piloto honrado.
Stirling Moss foi mais que campeão: era um piloto honrado.
Foto: Reprodução

Em 1956, Stirling Moss ganhou duas corridas com o Maserati 250F, em Mônaco e na Itália, sagrando-se novamente vice-campeão. O carro tinha um motor 6 cilindros em linha e os pneus eram Pirelli. Na temporada seguinte, 1957, a última de Fangio, Moss correu pela equipe inglesa Vanwall e faturou três corridas com o modelo W 5, que usava motor de 4 cilindros em linha e pneus Pirelli. As vitórias vieram nos GPs da Grã-Bretanha, Pescara e Itália. Em 1958, sem a concorrência de Fangio nas pistas, Stirling obteve mais três vitórias pela Vanwall, nos GPs da Holanda, Portugal e Marrocos. 

Ao volante do Maserati F250, Moss ganhou duas corridas.
Ao volante do Maserati F250, Moss ganhou duas corridas.
Foto: Reprodução

Curiosamente, em 1958 Stirling venceu o GP da Argentina, o primeiro da temporada, correndo com um Cooper T43, com motor Climax de 4 cilindros e pneus Continental. Ele ganharia ainda mais dois GPs pela Cooper-Climax com o modelo T51, em 1959: Portugal e Itália. Poderia ter sido mais, pois largou na pole nos GPs de Mônaco e dos EUA. Voltando a 1958, Stirling Moss deu uma grande demonstração de seu caráter como esportista. A FIA havia punido Mike Hawthorn com a perda de alguns pontos, mas Stirling foi à federação dizer que sua punição não era justa. Mike recuperou os pontos e ganhou seu único título com 1 ponto de diferença sobre Stirling. Ele perdeu o quarto campeonato seguido, mas não a honra.

Moss dirige o Lotus-Climax no GP de Alemanha de 1961, sua última vitória.
Moss dirige o Lotus-Climax no GP de Alemanha de 1961, sua última vitória.
Foto: Reprodução

Stirling Moss encerrou sua carreira na Fórmula 1 correndo pela Lotus. Ao volante do Lotus 18, com motor Climax e pneus Dunlop, Stirling faturou três GPs, dois em 1960 (Mônaco e EUA) e um em 1961 (Mônaco). Mas não ficou nisso. Já com o Lotus 21, venceu também o GP da Alemanha de 1961. Foi sua última vitória na F1. Stirling disputou em sua vida 529 corridas e ganhou 212 -- um feito extraordinário. Entre elas, as corridas de endurance de Targa Florio, Mille Miglia, 12 Horas de Sebring e 1.000 km de Nurburgring.

Minha geração não viu Stirling Moss correr. Azar nosso. Moss nunca foi campeão mundial de Fórmula 1? Azar da Fórmula 1. Esse grande campeão sem o maior dos títulos provou que a vitória não está apenas nos campeonatos que se conquista. Como Cruyff, Puskas e Zico no futebol, Stirling Moss ficou sem um título mundial. Em Londres, hoje, sua esposa, Lady Susie Moss, disse ao jornal Daily Mail: “Stirling morreu como viveu, com um ar fantástico”. 

Lewis Hamilton e Stirling Moss, com os Mercedes W196 e W196S: dois ingleses que a marca alemã adora.
Lewis Hamilton e Stirling Moss, com os Mercedes W196 e W196S: dois ingleses que a marca alemã adora.
Foto: Divulgação/Reprodução
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