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Sucata: o que acontece com os carros abandonados?

Na contramão de países que usam a reciclagem automotiva como regra, Brasil acumula carros de frotas velhas, abandonados ou em desmontes

1 set 2021 - 08h46
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Carro abandonado: cena comum no Brasil.
Carro abandonado: cena comum no Brasil.
Foto: Pointer / Divulgação

A evolução dos elétricos e autônomos fez com que um antigo problema, já existente, ganhasse força: qual destino correto dar aos veículos que já atingiram sua vida útil ou precisam sair de circulação? Enquanto 100% dos carros nessas condições nos Estados Unidos vão para reciclagem, no Brasil muitos seguem abandonados pelas ruas, desmontes ou pátios causando prejuízos ambientais irreparáveis, como contaminação de solo e água, além de ameaças a saúde pública com a proliferação de doenças como a dengue, por exemplo.

No Estado de São Paulo, a Lei Nº 15.276, criada em 2014, decreta que os veículos que se tornarem inviáveis às formalidades legais devem ter suas peças recuperadas. O objetivo é regulamentar, de forma rígida, o mercado de empresas que tenham interesse na reciclagem, bem como reduzir os golpes em seguradoras, desmanches e oficinas clandestinas que impulsionam os roubos e furtos de carros no país. 

No entanto, continuamos atrasados por conta da falta de incentivos e legislações de política reversa para o descarte, mesmo com algumas ideias em andamento, como o caso do Projeto de Lei nº 4121, de 2020, que institui uma Política Nacional de Resíduos Sólidos, que tem o objetivo de assegurar a preservação e a melhoria das condições do meio ambiente, proposto pelo senador Confúcio Moura.

Entre 2019 e 2020, a Prefeitura de São Paulo recebeu 67.794 solicitações de averiguação para veículos abandonados, sendo que 4.138 foram recolhidos das ruas. É preciso ter mais conscientização quanto aos danos ambientais e os benefícios da reciclagem automotiva, mais interligação entre governo, sociedade, ONGs e empresas para tornarmos leis e projetos vigentes. A Comissão Europeia, por exemplo, declarou uma lei principal Diretiva sobre veículos em fim de vida, que está em vigor desde setembro de 2000, conectada com o Acordo Verde europeu a estimativa é de que 93% das peças foram reaproveitadas.

Schnaider ressalta que no Brasil, carros alienados por seguradoras já conseguem alcançar um reuso de 85% de suas peças, que voltam ao mercado de forma rastreável, com custos reduzidos e otimização de soluções para o descarte adequado, quando for o momento.

Veículos podem ser reciclados de diferentes formas por causa de seus materiais. As mais utilizadas são reuso, reciclagem energética, química e mecânica. O reuso é tirar componentes de um veículo que está no final do seu ciclo útil para utilizá-lo em outro com a mesma função ou reaproveitá-los em outros tipos de reciclagem para novas peças.

A reciclagem energética ainda é bastante desafiadora por conta de seus poluentes, no entanto pode ser muito vantajosa para a indústria. A química visa recuperar os compostos químicos, possível com a quebra parcial ou total das moléculas de resíduos plásticos selecionados para reutiliza-los como matéria prima secundária na produção de novos materiais. A mecânica fecha o ciclo de reciclagem de um produto, pois consiste no reprocessamento dos materiais transformando-o em matéria prima para gerar o mesmo produto que fora ou um novo.

A fragmentação de veículos pode reciclar de 45% a 55% dos metais de um carro. Schnaider acredita que o caminho esteja correto se considerarmos a grande quantidade de frotas existentes no Brasil e o destino que estas peças podem receber para gerar economia, como o caso do mercado de carros usados. A reciclagem de um produto se justifica quando ele causa danos ao ecossistema e quando há uma indústria de recicladores disposta a recebê-los. E para o especialista em tecnologias, os veículos fazem a cadeia se completar de forma perfeita.

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*Daniel Schnaider é CEO da Pointer by Powerfleet Brasil, líder mundial em soluções de IoT para redução de custo, prevenção de acidentes e roubos em frotas. Especialista em logística, tecnologias disruptivas, economista e autor da obra "Pense com calma, aja rápido".

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