Teste de 1.000 km: Jeep Renegade 4x4 prova que é SUV raiz
Com motor 2.0 turbodiesel de 170 cv, câmbio automático de nove marchas e tração integral, o Renegade brilha na chuva e no seco
O Jeep Renegade 2.0 turbodiesel é um dos poucos SUVs raiz do mercado brasileiro. Embora seu projeto seja recente, o Renegade vai muito além do motor a diesel e da tração 4x4, duas características que a maioria dos SUVs abandonaram. Na verdade, ele tem tudo que caracteriza um SUV raiz: motor a diesel, tração 4x4 com reduzida, grande vão livre do solo, posição de dirigir elevada, interior com teto bem alto e linhas quadradas, com pouca atenção à aerodinâmica.
O Jeep Renegade não novidade no mercado. Porém, como ele vem liderando as vendas do segmento de SUVs há um bom tempo, vale a pena testar o que a configuração 2.0 pode fazer. Atualmente, o Renegade tem apenas duas versões a diesel: a Longitude (R$ 127.990) e a Trailhawk (R$ 138.990). Ambas estão equipadas com o câmbio automático de nove marchas. Rodamos mais de 1.000 km com o Renegade Longitude, que é, digamos, a versão “civil” com tração 4x4. Ao contrário do Trailhawk, que tem pneus de uso misto, para pegar barro pesado, o Renegade Longitude tem pneus para uso em asfalto e terra batida. A diferença é que é muito mais confortável na estrada.
É possível comprar um Renegade 1.8 flex mais equipado e mais barato (no caso, a versão Limited, que custa R$ 102.990. Vem com rodas de 19” e ar-condicionado automático dual zone, enquanto a versão Longitude 4x4 tem rodas de 19” e o ar não é automático (mas é dual zone). Entre os opcionais, o único kit realmente indispensável no Renegade Longitude 4x4 é Pack Safety, que custa R$ 3.950 e incluir airbags laterais, de cortina e de joelhos para o motorista. Porém, não se compara a agilidade do Renegade 2.0 turbodiesel com o 1.8 flex. Ele é muito mais ágil na cidade e muito mais seguro na estrada.
Se isso não bastasse, fazer uma viagem longa com um carro a diesel é muito mais confortável e barato. O Renegade roda cerca de 700 km com um tanque (60 litros). Pelos números do Inmetro, o Renegade 2.0 faz 9,4 km/l na cidade e 11,5 na estrada, com alcance urbano de 564 km e rodoviário de 690 km. Porém, na estrada, ele fez muito mais. Tanto que a média geral foi de 12,5 km/l em 1.109 km rodados.
No trecho de ida, porém, o Renegade foi mais econômico. Claro que o trânsito, a velocidade média e o peso do carro influenciam. Por isso, nos primeiros 510 km ele marcou 14,2 km/l. Na volta foi menos: 11,2 km/l (um pouquinho abaixo do valor oficial). Em todos os casos, vale a pena viajar com um carro a diesel. Outra característica do motor é que ele trabalha em regimes baixos. A 130 km/h, o motor gira a apenas 2.000 rpm. E na subida, a 140 km/h, o ponteiro do conta-giros apontava apenas 2.300 rpm. Imagina como seria com o Renegade 1.8 flex nessa situação. Os 170 cavalos do motor 2.0 turbodiesel estão disponíveis a 3.750 rpm. Quanto ao torque, são 350 Nm a 1.750 rpm. Por isso o carro é bom de guiar!
É impressionante como o câmbio automático faz as trocas de maneira suave, quase imperceptível. Afinal, são nove marchas! Devido ao bom torque, somente em uma ocasião foi necessário antecipar uma marcha pela borboleta do volante, pois era uma ultrapassagem em subida em trecho bem curto. Uma questão de segurança. Melhor que isso é contar com a tração integral. O sistema é inteligente, entrega a tração sob demanda. O Renegade passou por um trecho de chuva e, nessa situação, ter tração nas quatro rodas é muito mais seguro. Na terra, porém, ele só enfrentou poeira e algumas depressões, de forma que o sistema sob demanda deu conta. Mas, em caso de necessidade, dá para fixar fixar a tração 4x4 ou a 4x4 Low (reduzida) com um simples toque no botão do console.
Devido ao porte, o Renegade também é bom para estacionar em garagens apertadas -- uma situação que enfrentou no destino. Mas nosso objetivo era ver o comportamento do carro na estrada. Se a tração 4x4 é um fator de segurança ou de mobilidade e o motor a diesel é um fator de economia, quando falamos em velocidade o Renegade foge um pouco de seu habitat. Mesmo com pneus de “conforto”, o Renegade Longitude 4x4 começa a ficar indócil a partir de 140 km/h. Quando o velocímetro chega a 150 km, as vibrações aumentam bastante, pois o carro nitidamente briga com o vento. Nesse caso, os chamados SUVs Nutella, mais baixos, são mais indicados. Porém, rodando quase sempre a 120 km/h, o Renegade é estável tanto nas retas quanto nas curvas de raio longo.
Item | Conceito |
Nota (1 a 5) |
Teste de 1.000 km |
Conceito |
Nota (1 a 5) |
---|---|---|---|---|---|
Desempenho | bom | 3 | Autoestrada | bom | 3 |
Consumo | médio | 2 | Estrada simples | ótimo | 5 |
Segurança | ótimo | 5 | Estrada de terra | ótimo | 5 |
Conectividade | bom | 3 | Fora de estrada | muito bom | 4 |
Conforto | muito bom | 4 | Cidade | ótimo | 5 |
Pacote de Série | muito bom | 4.5 | Percurso | 1.109 km | |
Usabilidade | bom | 4 | Autonomia | 12,5 km/l | |
Veredicto | muito bom | 3.6 | Veredicto | muito bom | 4.4 |
A posição de dirigir é facilmente encontrada, mas seria melhor se tivesse ajuste elétrico nos bancos. O volante tem ótima pegada. O carro todo passa uma sensação de robustez e de praticidade, nada é delicado, como, por exemplo, o console central de um Range Rover Velar. O Renegade usa e abusa dos botões de girar e de apertar -- e isso é bom. Também elogiável é o baixo ruído interno do carro e a central multimídia U-Connect, com tela tátil de 8,4”, compatível com Android Auto e Apple CarPlay. Não menos interessante é o quadro de instrumentos, com números bem visíveis, um ótimo computador de bordo, e um grafismo de aventura para dar aquele charme.
Finalmente, o porta-malas de apenas 320 litros, que é alvo das maiores críticas ao Renegade, deu conta no trecho de ida. Viajando em duas pessoas, duas malas médias foram perfeitamente acomodadas no bagageiro. Elas foram deitadas e sobrou algum espaço em cima. Caberia uma terceira mala média; bastava virá-las e deixá-las em pé, na horizontal. No trecho de volta, porém, o Renegade foi reprovado no teste do bagageiro. Sua missão era transportar um carrinho de bebê e todos os seus acessórios. Uma parte foi no bagageiro, sobre as duas malas, mas o restante teve que ir no banco de trás. Isso inviabilizou o transporte de qualquer pessoa a mais, mesmo uma criança.
No cômputo geral, o Jeep Renegade Longitude 2.0 provou ser um SUV raiz, mesmo sem os pneus de uso misto. É uma compra francamente mais adequada do que as versões com motor 1.8 flex. Além de fazer aquele barulhinho característico, mas que não invade em demasia a cabine, o motor a diesel dá ao Renegade um diferencial e tanto no mercado de SUVs. Afinal, se é para comprar um utilitário esportivo e ter a mesma dirigibilidade de um carro comum, vale mais a pena comprar uma perua, que é mais estável, um sedã, que tem mais espaço para bagagens, ou um hatch, que é mais barato. Ah, o status… Bem, se a questão é essa, o motor a diesel e a tração 4x4 falam mais alto no reino dos SUVs.
Os números
- Preço: R$ 127.990
- Motor: 2.0 turbodiesel
- Potência: 170 cv a 3.750 rpm
- Torque: 350 Nm a 1.750 rpm
- Câmbio: 9 marchas AT
- Comprimento: 4,232 m
- Largura: 1,805 m
- Altura: 1,722 m
- Entre-eixos: 2,570 m
- Vão livre: 224 mm
- Pneus: 225/55 R18
- Peso: 1.641 kg
- Porta-malas: 320 litros
- Tanque: 60 litros
- 0-100 km/h: 9s9
- Velocidade máxima: 190 km/h
- Consumo cidade: 9,4 km/l
- Consumo estrada: 11,5 km/l
- Emissão de CO2: 195 g/km
- Modelo avaliado: 2019