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Teste: Fiat Cronos HGT 1.8 é Grã-Turismo dos novos tempos

O sedã compacto é bom, mas pouco se diferencia da versão Preçision 1.8, a não ser pelo visual. Por isso, o nome é só um apelo de marketing

24 set 2019 - 16h36
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O Fiat Cronos HGT tem visual esportivado, mas não é um legítimo GT
O Fiat Cronos HGT tem visual esportivado, mas não é um legítimo GT
Foto: Sergio Quintanilha / Guia do Carro

O Fiat Cronos HGT é a novidade na linha 2020 do sedã compacto produzido na Argentina. A sigla HGT significa “High Gran Tourisme”, algo como Grã-Turismo Superior. Apenas R$ 3.000 mais caro do que o Cronos Precision, o novo Fiat Cronos HGT diferencia-se da antiga versão topo de linha somente pelas rodas maiores, em termos técnicos. No Cronos HGT elas são de 17” e no Precision são de 16. Todas as outras especificações técnicas são as mesmas, partindo do motor de 1,75 litro (a Fiat chama de 1.8, mas ele tem apenas 1747 cm3) com 139 cv de potência e do câmbio automático de seis marchas convencional (com conversor de torque).

Portanto, podemos considerar o Fiat Cronos HGT um Grã-Turismo dos tempos modernos, ou seja, mais preocupado com a parte estética do que com uma notável superioridade perante as demais versões. Para chegar a essa conclusão, precisamos primeiro entender o conceito de GT (Grã-Turismo). Ao contrário do que muitos pensam, não significa necessariamente um carro esportivo, mas sim um carro bom para viajar, com ótima entrega de potência e conforto, mas num nível superior ao do restante da linha. No caso, o Cronos HGT, além das rodas maiores e pneus mais largos, acrescenta um visual escurecido (nas rodas, nos logotipos, no aerofólio e nos retrovisores), ar-condicionado digital e bancos com acabamento aprimorado (mas não são de couro, que custam R$ 1.500 à parte). Descontado um certo exagero da Fiat na denominação dessa versão como High Gran Tourisme, vamos ao carro em si.

O Fiat Cronos HGT ganhou 3 estrelas segundo os critérios de avaliação do Guia do Carro.
O Fiat Cronos HGT ganhou 3 estrelas segundo os critérios de avaliação do Guia do Carro.
Foto: Guia do Carro

O Cronos 1.8 (disponível apenas com câmbio automático) é realmente o que há de melhor na linha do sedã compacto da Fiat. Se o motor não é brilhante (sua potência específica é de apenas 80 cv/litro), também não chega a comprometer o desempenho. O carro é relativamente leve, o que resulta numa razoável relação peso/potência de 9,1 kg/cv, e numa aceleração de 0-100 km/h abaixo de 10 segundos. Os 139 cavalos (com etanol) não são ruins, mas a potência máxima só é atingida a 5.750 rpm, quando o motor já está gritando, próximo da faixa de corte. Na prática, é quase impossível usufruir dos 139 cv do Cronos HGT 1.8.

Na traseira, o aerofólio preto e os logotipos escurecidos acentuam o visual.
Na traseira, o aerofólio preto e os logotipos escurecidos acentuam o visual.
Foto: Sergio Quintanilha / Guia do Carro

A solução, portanto, está no torque. Os 189 Nm surgem também numa faixa de giros um tanto alta, a 3.750 rpm, mas grande parte dele está disponível a partir de 2.000 giros, o que acaba garantindo a agilidade do Cronos no trânsito urbano. Sempre lembrando que estamos analisando o Cronos HGT 1.8 sob o ponto de vista do que ele promete em seu próprio nome, ou seja, ser um Grã-Turismo Superior. Comparado com outros sedãs compactos do mercado, ele é muito competitivo e mostra grandes virtudes. Mesmo com a pouca eficiência do motor 1.8 E.torQ da Fiat, o Cronos HGT acaba sendo salvo pela caixa automática de seis marchas. Muito bem escalonado, o câmbio consegue tirar o que pode do motor e ainda proporciona comodidade e algum prazer ao dirigir, pois permite trocas manuais pelas aletas do volante e pela alavanca do console.

O Cronos HGT não é um esportivo

Para além da beleza do design, o Fiat Cronos HGT entrega, aí sim, vários elementos de conforto e conveniência a bordo. Para começar, a posição de dirigir é ótima, com ajustes do volante em altura e profundidade. No Cronos, o motorista fica um pouco mais elevado do que em outros sedãs, o que agrada muitos motoristas. O quadro de instrumentos é um show à parte, com muita funcionalidade e extremo bom gosto no grafismo. Também excelente é a central multimídia U-Connect com Android Auto/Apple CarPlay. A tela de 7” está muito bem posicionada, na mesma altura do cluster, e o sistema ainda dispõe de botões giratórios, além de dois comandos de volume e troca de estação/música atrás do volante. Aliás, esses comandos fazem com que o Cronos não tenha “borboletas” para as trocas de marcha, mas sim “meias borboletas”. Nesse caso, é mais correto falar em aletas.

No final das contas, o Fiat Cronos HGT é um sedã compacto bastante honesto. Se, por um lado, a referência a carros GT nos parece um pouco exagerada, por outro lado temos que levar em consideração que vivemos numa época de valorização da imagem, portanto a FCA está apenas “fazendo o jogo” que agrada a muitos consumidores. E não há nenhum pecado nisso. A menos que você espere do Fiat Cronos uma esportividade ou uma superioridade que ele não entrega, apesar do nome HGT.

A central multimídia é excelente, bem como o quadro de instrumentos.
A central multimídia é excelente, bem como o quadro de instrumentos.
Foto: Divulgação

O que é novo

  • A versão HGT já existia no Fiat Argo, mas só estreou no Cronos na linha 2020.
  • O Cronos HGT traz de série revestimento em tecido especial HGT, teto e detalhes internos em preto, tapetes e logos Fiat escurecidos no volante e na chave. 
  • Por fora, o Fiat Cronos HGT vem com rodas de 17”, spoiler e retrovisores em preto, grade frontal escurecida, maçanetas na cor do veículo e logos Fiat escurecidos.
  • Entre os opcionais, estão o teto bicolor, bancos de couro, câmera de ré, airbags laterais e o Kit Tech 2, composto por chave presencial, retrovisor com rebatimento elétrico e luz de conforto, sensor de chuva e crepuscular e retrovisor eletrocrômico. 

O que nós gostamos

  • Acabamento de alta qualidade e detalhes exclusivos para a versão. 
  • Posição de dirigir e qualidade dos instrumentos.
  • Espaço do porta-malas.
  • Câmbio automático de seis marchas com conversor de torque.
  • Suspensão ajustada para permitir boa estabilidade nas curvas de alta.
  • Pneus largos.

O que pode melhorar

  • O motor 1.8 é ultrapassado e pouco eficiente (por isso, a FCA já trabalha em nova linha de motores).
  • A posição das entradas USB e auxiliar no console central rouba quase metade do já apertado porta-objetos.
  • O espaço traseiro seria mais generoso se a Fiat tivesse aumentado a distância entre-eixos em relação ao Argo, como a Volkswagen fez no Virtus em relação ao Polo.
  • Os airbags laterais deveriam ser de série numa versão que se diz Grã-Turismo.
As rodas de liga leve aro 17 são pintadas de preto.
As rodas de liga leve aro 17 são pintadas de preto.
Foto: Sergio Quintanilha / Guia do Carro

Os números

  • Preço: R$ 78.990
  • Motor: 1.75 flex
  • Potência máxima: 139 cv a 5.750 rpm (e)
  • Torque máximo: 189 Nm a 3.750 rpm (e)
  • Câmbio: 6 marchas AT
  • Comprimento: 4,364 m
  • Largura: 1,726 m
  • Altura: 1,516 m
  • Entre-eixos: 2,521 m
  • Peso: 1.271 kg
  • Pneus: 205/45 R17
  • Porta-malas: 525 litros
  • Tanque: 48 litros
  • 0-100 km/h: 9s9
  • Velocidade máxima:196 km/h
  • Consumo cidade: 10,3 km/l (g)
  • Consumo estrada: 13,3 km/l (g)
  • Emissão de CO2: 103 g/km
  • Modelo avaliado: 2020
Guia do Carro
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