Teste: Ford Ranger Storm é off-road inteligente e confiável
Nova picape 3.2 turbodiesel 4x4 permite aventuras de verdade e tem bom custo-benefício. Atributos vão dos pneus especiais à versatilidade
A grife Storm estreou no Brasil com o Ford EcoSport. Equipado com tração 4WD, o EcoSport Storm foi além em sua categoria. Agora a Ford decidiu ir além e lançou a picape Ranger Storm. Também com tração 4x4, porém com mais atributos off-road do que o SUV compacto. Parece ter sido uma boa ideia. Já rodamos com a Ranger Storm 4x4 e podemos afirmar que ela realmente se diferencia das outras versões da linha. E olha que a Ranger já trazia cinco versões 4x4 a diesel com cabine dupla antes da chegada da Storm.
A Ford cedeu à tentação de fazer uma nova 4x4 recheada de equipamentos. Por isso, a Ranger Storm se encaixa como luva em seu portfólio de picapes. A versão é única, tem transmissão automática 6R80 de seis marchas e custa R$ 150.990. O motor escolhido foi o Duratorq 3.2, um turbodiesel que entrega 200 cv de potência e 470 Nm de torque. Equipada também com pneus especiais para off-road, a nova Ranger Storm atende exclusivamente ao consumidor aventureiro, que gosta de andar no barro, na lama, desbravar uma trilha ou atravessar um riacho. Os pneus All Terrain Plus têm blocos grandes para drenagem de água, lama e areia. Os sulcos foram especialmente desenhados para expulsar as pedras que grudam em outros tipos de pneus. Ele também têm as laterais reforçadas contra impactos.
A Ranger Storm é diferenciada. O snorkel, por exemplo, embora seja uma equipamento opcional (cortesia para os primeiros 60 compradores, junto com a capota marítima), já é um diferencial e tanto. Se for comparar a Ranger Storm com um SUV, leve em conta que o ângulo de saída da picape vai ser muito pior, por causa do enorme balanço traseiro. A Ranger Storm para nos 26 graus, enquanto um Jeep Compass Trailhawk chega a 33 graus. Já o ângulo central é bom (25 graus), melhor que o do Compass (23,7) e superior também ao de outras picapes.
Antes da Ranger Storm, a Ford oferecia três opções 4x4 cabine dupla com motor 2.2 e duas com motor 3.2. O motor 2.2 tem 160 cv de potência e 385 Nm de torque. A XL tem câmbio manual e custa R$ 137.790. A XLS tem câmbio manual por R$ 154.090 e câmbio automático por R$ 160.890. Portanto, a Ranger Storm 4x4 oferece 40 cv e 85 Nm a mais de potência e torque por um preço mais acessível. Com o mesmo motor 3.2 da Storm, a Ranger tem ainda a XLT por R$ 183.790 e a Limited por R$ 199.990, ou seja, duas picapes muito caras. Dentro da linha Ranger, a melhor opção de picape aventureira é mesmo a Storm.
A nova Ranger Storm foi desenvolvida para um público que se dizia carente de um produto desse tipo. Há opções na concorrência, mas algo não agradava a esse público. Segundo a Ford, esses aventureiros não estão interessados em bancos de couro ou em outras regalias que tornam os carros topo de linha muito caros. Queriam a capacidade off-road que a Ford lhes deu. A Ranger Storm não tem luxo. Os bancos são de tecido, o acabamento é simples e é assim que ela quer se impor.
Na concorrência, a Nissan tem a Frontier Attack 4x4 por R$ 158.990. É uma picape competitiva, pois o motor 2.3 turbo diesel tem 190 cavalos e 450 Newton-metros. Números próximos ao da Ranger Storm e com ângulos de ataque e saída até melhores, mas a Frontier Attack não consegue atravessar áreas inundadas com 800 mm de altura, como a Ford. Já a Mitsubishi oferece a L200 Triton Sport GLX Outdoor por muito menos: R$ 126.990. O motor 2.4 turbodiesel da L200 Outdoor também é competente, com 190 cv e 430 Nm. Sua capacidade de imersão é de 600 mm. A altura mínima do solo também é menor: 210 mm contra 230 da Ranger Storm. A Ford também parece mais atraente na garantia de cinco anos, enquanto a Nissan e a Mitsubishi oferecem três anos.
Também não podemos desprezar a força da grife Storm. Desde o Salão de São Paulo de 2018 os fãs da marca sonhavam com a Ranger Storm. Para quem esperava um visual extravagante foi uma decepção, pois a Ranger Storm é bem mais comportada do que a picape-conceito exibida no salão. Bastam alguns quilômetros ao volante da Ranger Storm para ficar claro que ela não vai agradar a quem não está disposto a sair do asfalto. Ela é muito menos dócil do que as outras versões, é meio rústica e só mostra sua verdadeira face quando pega uma terra. E é sempre bom saber que a Ranger tem controle eletrônico de tração (ausente na L200 Outdoor).
Um pouco de terra, pedra e piso ruim, porém, começam a demonstrar que ela está vestida para a aventura. Os pneus Pirelli para uso 60% off-road e 40% on-road interferem bastante na dinâmica da picape, seja na falta de conforto em pisos lisos como na aptidão para não patinar em terrenos ruins. Um pouco de areia fofa também demonstra que a Ranger Storm é mais confiável para rodar em algumas praias inóspitas do que a Ranger Limited. Se os pneus adequados para o uso off-road e desenvolvidos em conjunto com a Pirelli já são um belo trunfo da versão Storm, outra característica da Ranger conta ponto para uma utilização do tipo todo-terreno. É possível trocar os pneus e a roda original 265/65 R17 por uma roda menor com pneus mais “borrachudos”, como os 285/75 R16, sem necessidade de mexer na suspensão. E eles não raspam na carroceria ou no chassi.
A nova versão da Ranger também é bem prática. Destaque para o santantônio diferenciado, que se estende ao longo da caçamba, facilitando a tarefa de amarrar objetos grandes. Os oito ganchos também ajudam (todas as picapes deveriam vir com eles, na verdade). Os estribos também são ótimos. Vale dizer também que o torque de 470 Nm surge a 1.750 rpm e faz a picape dar alguns trancos, se o motorista não souber dosar o pé. Numa picape, especialmente com a intenção se superar terrenos difíceis, o torque é muito útil. Finalmente, também convém lembrar que o sistema de tração 4x4 da Ranger já passou por duras provas ao longo dos últimos anos. Para trocar a tração 4x2 por 4x4 High ou 4x4 Low basta girar o botãozinho que fica do lado esquerdo da alavanca do câmbio. O resto é aventura.
Item | Conceito |
Nota (0 a 5) |
---|---|---|
Desempenho | Bom | 3 |
Consumo | Médio | 2 |
Segurança | Muito bom | 4 |
Conectividade | Bom | 3 |
Conforto | Ótimo | 5 |
Pacote de Série | Muito bom | 3,5 |
Usabilidade | Ótimo | 5 |
Veredicto | Muito bom | 3,6 |
Os números
- Preço: R$ 150.990
- Motor: 3.2 turbodiesel
- Potência: 200 cv a 3.000 rpm
- Torque: 470 Nm de 1.750 a 2.500 rpm
- Câmbio: 6 marchas AT
- Tração: 4x2, 4x4 e 4x4 reduzida
- Comprimento: 5,354 m
- Largura: 1,860 m
- Altura: 1,821 m
- Entre-eixos: 3,220 m
- Vão livre: 232 mm
- Ângulo de entrada: 28 graus
- Ângulo de saída: 27 graus
- Peso: 2.230 kg
- Pneus: 265/65 R7
- Caçamba: 1.180 litros
- Capacidade de carga: 1.040 kg
- Tanque: 80 litros
- 0-100 km/h: 11s6
- Velocidade máxima: 180 km/h
- Consumo cidade: 8,6 km/l
- Consumo estrada: 9,9 km/l
- Emissão de CO2: 219 g/km