Teste: Jeep Compass Flex tem boa potência, mas consumo alto
Disparado na liderança da categoria, o Compass 2.0 aspirado 4x2 esbanja virtudes mesmo com tração dianteira e agrada pelo custo-benefício
O Jeep Compass é o SUV que tem a vida mais mansa no mercado brasileiro. Três anos e meio depois de começar a ser produzido pela FCA em Goiana (PE), o Compass continua sem um concorrente direto que ameace sua liderança entre os modelos médios. Por isso, ele se dá ao luxo de ser mais caro do que alguns rivais, pois tem um ótimo mercado, continua atual em sua segunda geração e conquista pelo custo-benefício. O Jeep Compass é vendido com duas opções de motor 2.0: flex com tração 4x2 e a diesel com tração 4x4. Rodamos cerca de 2.000 km com o Compass Limited, topo de linha das versões flex.
O Compass Limited custa R$ 149.990, mas abaixo dele há duas opções: Longitude (R$ 132.990) e Sport (R$ 116.990). No ano passado, o Compass foi o segundo SUV mais vendido do Brasil, com 60.632 emplacamentos. Perdeu apenas para seu irmão menor na família Jeep, o Renegade. Seus rivais diretos não foram páreo. Para se ter uma ideia, o que mais se aproximou do Compass foi o Toyota SW4, que vendeu 13.523 unidades e parte de R$ 177.990. É outra proposta de carro, evidentemente. Depois dele veio o Hyundai ix35, com 5.786 emplacamentos. O ix35 é um bom carro, tem uma versão de R$ 99.990 e outra de R$ 110.990, mas trata-se da geração antiga do atual Hyundai New Tucson. Em seguida veio o Chevrolet Equinox, com 4.630 vendas, e que parte de R$ 129.990. Porém, sem produção local, o Equinox não consegue ser competitivo.
Com a vida mansa, o Jeep Compass faz a festa. O motor 2.0 flex do Compass entrega 159/166 cv de potência (gasolina/etanol) a 6.200 rpm. O torque é de 195/201 Nm (g/e) a 4.000 rpm. Como se vê, faz diferença utilizar gasolina ou etanol no Compass Flex. Por isso, em nossa avaliação, usamos os dois combustíveis. Na estrada, ele fez média de 8,4 km/l com etanol e de 11,8 km/l com gasolina. Porém, os números oficiais do Inmetro indicam 7,5 km/l com etanol e 10,8 km/l com gasolina. No consumo, tudo depende do tipo de estrada, do trânsito do momento e da forma como o motorista dirige, além do peso do carro. Por isso, o ideal é se basear nos números do Inmetro, pois o parâmetro é igual para todos os carros.
A entrega de potência é boa e o câmbio automático de seis marchas, com conversor de torque, responde bem às exigências do motor. Porém, em velocidades mais elevadas ou em acelerações vigorosas, o ruído na cabine é grande. O Jeep Compass não se destaca pela sofisticação ou pelo requinte, mas sim por combinar robustez com bom acabamento. A versão Limited tem material soft em praticamente todo o seu interior. Os bancos e o volante são de couro. As opções do banco do motorista também são bem abrangentes, pois reúnem os oito ajustes elétricos dos bancos e os ajustes de altura e de profundidade do volante. Porém, o encosto não é muito anatômico, o que prejudica um pouco a posição de dirigir.
Em compensação, o quadro de instrumentos é muito bom. Para além dos dois mostradores analógicos (conta-giros e velocímetro), o computador de bordo central é bem grande e cheio de alternativas. Seria melhor se, quando o carro está parado no trânsito, o computador de bordo permitisse observar os dados, mas o que aparece na tela é sempre um desenho do veículo para indicar a presença ou aproximação de outros carros ou objetos. Não consegui desligar esse sistema, como também não consegui desligar o auxílio de permanência em faixa, que irrita quando é preciso trocar constantemente de faixa sem necessidade de dar seta.
O Jeep Compass é um carro alto. Na verdade, trata-se de um SUV com bom foco nos atributos de um verdadeiro utilitário esportivo. Na versão Limited, o que mais incomoda nos trechos de terra ou em terrenos ruins são os pneus. Com rodas 19 e medidas 235/45, eles têm o perfil baixo. O conforto é prejudicado, mas os pneus largos ajudam em pistas lisas ou molhadas, pois o carro tem alguma tendência de rolagem da carroceria em curvas a partir de 100 km/h. Esse é um ponto que precisa ser considerado por quem quiser comprar um Compass. Para quem for usá-lo mais na terra ou na cidade, os pneus 225/70 R17 (versão Sport) são mais indicados. E tem também a opção intermediária, ou seja, pneus 225/55 R18 (versão Longitude).
Em termos de equipamento, a versão de entrada do Compass já vem com a central multimídia Uconnect com Android Auto e Apple CarPlay, além de comando de voz, mas com tela de 7”. O display central passa a ser de 8,4” na versão intermediária. Sentimos falta de um navegador por GPS na versão topo de linha, pois em alguns lugares não é possível acessar Waze ou Google Maps. A grande vantagem da versão Limited, porém, é oferecer sete airbags. Considerando que o Jeep Compass obteve quatro estrelas no teste de impacto do NHTSA (equivalente ao Latin NCAP nos EUA), é bom ter a proteção dos airbags frontais, laterais, de cortina e de joelho para o motorista.
O carro avaliado veio com os opcionais do Pack High Tech (R$ 7.000): piloto automático adaptativo, aviso de mudança de faixas, acendimento automático dos faróis, abertura eletrônica do porta-malas, aviso de colisão frontal com frenagem de emergência e sistema de som Premium Beats de 506 W, com oito alto-falantes e subwoofer. A versão Limited oferece ainda mais dois opcionais: teto solar panorâmico (R$ 8.000) e Pack Protection (R$ 950), que inclui para-barros e protetor de cárter. A cor Vermelho Tribal também tem custo adicional (R$ 1.700), bem como as demais metálicas, o que elevou o preço do carro testado para R$ 158.990. A cor perolizada Branco Polar custa R$ 2.200. Só o Verde Recon sai sem custo extra. Na linha 2020, todos os Compass Limited têm o teto preto, o que dá um charme extra ao SUV.
Item | Conceito |
Nota (0 a 5) |
---|---|---|
Desempenho | Bom | 3 |
Consumo | Bom | 3 |
Segurança | Muito bom | 4 |
Conectividade | Bom | 3 |
Conforto | Muito bom | 4 |
Pacote de Série | Muito bom | 4 |
Usabilidade | Muito bom | 4 |
Veredicto | Muito bom | 3,6 |
Outros equipamentos introduzidos em todas as versões da linha 2020 são o sistema de entrada e partida sem a chave e sensor de chuva. As versões Longitude e Limited ganharam retrovisor interno eletrocrômico. O Compass Limited também vem com Park Assist, que passou a ser opcional na versão Longitude. Apesar de ser um SUV, é um carro fácil de estacionar, por suas medidas; porém, em alguns locais, as manobras são seriamente prejudicadas pelo ângulo de esterço das rodas, que é ruim. O porta-malas de 410 litros acomoda bem as bagagens e ainda traz o piso móvel, para facilitar a colocação e a retirada de objetos muito pesados.
Como SUV, o Compass também agrada pelo vão livre (211 mm), pelo ângulo de saída (31 graus) e pelo ângulo central (22 graus), que é bem superior ao do Hyundai ix35 (17 graus) e ao do Chevrolet Equinox (16,5 graus). Mas o ângulo de entrada é decepcionante, pois tem apenas 16 graus e, por isso, raspa a frente em muitas ocasiões do dia-a-dia. Nesse ponto ele perde feio para o ix35, que tem 28 graus de ângulo de entrada.
O que nós gostamos
- Resposta do motor às solicitações de potência e torque.
- Acabamento interno de couro e com material soft.
- Volante multifuncional com ótimo diâmetro e empunhadura.
- Central multimídia e quadro de instrumentos.
- Som beats opcional.
- Relação custo-benefício.
- Capacidade e formato do porta-malas.
- Suspensão traseira.
O que pode melhorar
- Ângulo de entrada.
- Esterçamento das rodas dianteiras.
- Eficiência do motor, que é apenas nota C em consumo.
- Ausência de navegador por GPS.
- Facilidade para desligar alguns equipamentos de condução semi-autônoma.
- Encosto do banco do motorista.
Os números
- Preço: R$ 149.990
- Motor: 2.0 flex
- Potência: 166 cv a 6.200 rpm (e)
- Torque: 201 Nm a 4.000 rpm (e)
- Câmbio: 6 marchas AT
- Comprimento: 4,416 m
- Largura: 1,819 m
- Altura: 1,639 m
- Entre-eixos: 2,636 m
- Peso: 1.547 kg
- Pneus: 235/45 R19
- Porta-malas: 410 litros
- Tanque: 60 litros
- 0-100 km/h: 10s6
- Velocidade máxima: 192 km/h
- Consumo cidade: 8,8 km/l (g)
- Consumo estrada: 10,8 km/l (g)
- Emissão de CO2: 141 g/km