Teste: Toyota RAV4 Hybrid mostra por que é o SUV número 1
O SUV mais vendido do mundo foi totalmente modificado em sua quinta geração, usa três motores elétricos e entrega 222 cavalos de potência
O Toyota RAV4 chegou à quinta geração. O SUV mais vendido do mundo está completamente modificado. Para começo de conversa, no mercado brasileiro ele agora só está disponível em duas versões híbridas: S Hybrid de R$ 171.960 e SX Hybrid de R$ 191.290. Ele vem com um motor a gasolina de 2,5 litros e três motores elétricos. O motor a combustão interna tem 178 cv de potência, enquanto os dois motores elétricos somam 120 cv e o motor traseiro mais 54 cv. A potência combinada é de 222 cavalos. O sistema funciona por meio de uma bateria de níquel-hidreto metálico II, que recarrega automaticamente quando o veículo desacelera ou freia, sem a necessidade de se conectar a uma fonte de energia externa. Ou seja: o RAV4 Hybrid não é um híbrido plug-in.
Isso tem vantagens e desvantagens. A vantagem é que você nunca fica sem energia elétrica, pois o próprio sistema bloqueia o uso do carro em modo EV (Electric Vehicle) quando a carga está baixa. Por outro lado, é muito difícil conduzir bastante tempo no modo 100% elétrico. Basta uma aceleração mais forte ou uma velocidade maior para que o carro “conclua” que o motorista precisa de potência, fazendo entrar em funcionamento o motor 2.5 a combustão interna. Na soma de tudo, o resultado é um SUV bastante econômico, capaz de fazer 14,3 km/l na cidade e 12,8 km/l na estrada (situação na qual consome mais devido ao maior uso do motor a gasolina).
O novo Toyota RAV também apresenta uma forte mudança de caráter. Baseada num conceito de design que cruza dois octógonos, o carro tem vários vincos e linha retas. Ele ficou bem mais alongado na parte dianteira, devido ao aumento da distância entre-eixos em 30 mm. Junto com o design octogonal veio a nova plataforma TNGA (Toyota New Global Architeture), que estreou no Prius. A base do carro é a do Camry, o sedã superior da Toyota. Com essa plataforma, o RAV4 ficou com o centro de gravidade mais baixo. Assim, embora o carro tenha ganhado uma aparência urbana (mais assentada), na prática ele pode ter sua altura em relação ao solo elevada em 15 mm. De qualquer forma, o RAV4 não é um carro para certas aventuras off-road, como o “SUV raiz” SW4, da própria Toyota.
Outra grande mudança do Toyota RAV4 ocorreu no sistema de tração AWD. O novo sistema de tração nas quatro rodas foi desenvolvido para combinar as características de um SUV com eficiência no consumo de combustível. O sistema fornece torque às rodas traseiras por meio de um dos motores elétricos, o de 54 cv que fica localizado no eixo traseiro. Assim, embora seja um 4x4, o RAV4 Hybrid não tem cardã. Com a tração híbrida, a distribuição de torque passou a ser na proporção 20/80 e não mais de 40/60, como no RAV4 anterior. O câmbio é chamado de e-CVT, pois é do tipo transeixo, com seis marchas simuladas. Somando na versão SX (que avaliamos) é possível trocar as marchas por meio das borboletas do volante. De qualquer forma, nas duas versões são quatro modos de condução: Normal, Eco, EV e Sport.
A sensação de dirigir é muito boa. Devido aos três motores elétricos, o novo RA4 entrega o torque com muita rapidez. Na cidade, ele roda no modo 100% elétrico especialmente nas manobras de estacionamento ou em baixa velocidade. Tanto na cidade quando na estrada, o motor a combustão entra em funcionamento nas acelerações, mas desliga quando o motorista tira o pé do acelerador. Então entram em ação os três motores elétricos, que jogam a energia regenerada das acelerações e das frenagens para a bateria. Quando ao uso fora de estrada, bem, uma vez observando que o carro ficou muito comprido e não é alto, você até duvida que ele seja capaz, mas no console existe uma discreta tecla Trail, que coloca o carro em condições mais favoráveis para uma aventura. De qualquer forma, o novo RAV4 não tem um caráter off-road como os modelos da Jeep e da Land Rover, por exemplo.
O silêncio a bordo é uma parte do conforto. Mas ele aparece também nos bancos de couro, nas borboletas do volante, no ar-condicionado automático digital dual zone, no teto panorâmico, carregador de celular sem fio, porta-malas com fechamento elétrico e acionamento interno ou por sensor de movimento (passar o pé por baixo) e no sistema de segurança. Esses são os diferenciais da versão Hybrid SX em relação à Hybrid S. O pacote de segurança Toyota Safety Sense inclui sistema de frenagem pré-colisão, piloto automático adaptativa e assistente de permanência em faixa. Nas duas versões, são sete airbags. Para conforto do motorista, o RAV4 oferece também um quadro de instrumentos em tela TFT personalizável (pode ficar com visual digital ou analógico por exemplo). No display central, é possível ver o sistema híbrido em funcionamento, por exemplo.
Em termos de conectividade, o novo Toyota RAV4 merece reparos. O sistema é intuitivo, está bem localizado (o motorista não precisa baixar os olhos) e os vários botões ajudam na operação, mas não tem Android Auto/Apple CarPlay. Vem com o Mirror Link, apenas. Para além disso, o conjunto não exatamente bonito. Dependendo de onde se olha, parece um velho televisor com aquele enorme tubo na parte traseira. Porém, um detalhe importante mostra onde o RAV4 se destaca: o porta-malas é enorme, com 580 litros, o que não é muito comum em SUVs de sua categoria. No final das contas, o novo RAV4 chegou ao mercado brasileiro para mostrar por que é líder mundial – mas, com apenas duas versões híbridas, ainda é um carro para poucos.
O que é novo
- O sistema híbrido, com um motor a combustão interna e três motores elétricos.
- A nova plataforma (TNGA), que deixou o carro mais assentado e mais espaçoso.
- O câmbio automático e-CVT.
- A tração AWD híbrida, que dispensa o cardã para este SUV 4x4.
- O sistema de segurança disponível na versão Hybrid SX.
- Todo o interior, com mais espaço interno e novo painel.
- Os pneus maiores, em rodas de 18”.
O que nós gostamos
- O baixo consumo na cidade é a grande atração do carro, que muda sua forma de dirigir.
- O sistema híbrido com três motores elétricos entrega o torque com mais rapidez.
- O alcance com um tanque de gasolina de apenas 55 litros pode chegar a 1.000 km.
- O porta-malas de 580 litros.
- Rodar macio, devido ao ajuste da suspensão.
O que pode melhorar
- Não adianta ser o SUV mais vendido do mundo se no Brasil só estão disponíveis as versões mais caras.
- O sistema multimídia é incompleto e o visual do display central é antiquado.
- O carro ficou mais difícil de estacionar.
- Os ângulos de entrada e de saída não ajudam na utilização off-road.
Os números
- Preço: R$ 191.290
- Motor: 2.5 a gasolina de 178 cv
- Motores elétricos: dois de 60 cv (cada) e um de 54 cv
- Potência combinada: 222 cv
- Torque: n/d
- Câmbio: 6 marchas CVT
- Comprimento: 4,600 m
- Largura: 1,855 m
- Altura: 1,685 m
- Entre-eixos: 2,690 m
- Vão livre: 180 mm
- Peso: 1.730 kg
- Pneus: 225/60 R18
- Porta-malas: 580 litros
- Tanque: 55 litros
- 0-100 km/h: 8s1
- Velocidade máxima: 180 km/h
- Consumo cidade: 14,3 km/l
- Consumo estrada: 12,8 km/l
- Emissão de CO2: n/d
- Modelo avaliado: 2020