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Substância em cerveja teria causado doença misteriosa em MG

Lotes da cerveja Belorizontina estão sendo recolhidos para prevenir novas vítimas da chamada síndrome "nefroneural"; uma pessoa já morreu

10 jan 2020 - 15h41
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Na noite da última quinta-feira (9), a Polícia Civil de Belo Horizonte emitiu um laudo preliminar sobre a investigação de uma doença misteriosa, que tem alertado as autoridades em Minas Gerais e já provocou uma morte.

Cerveja contém substância tóxica que pode estar ligada à doença misteriosa - Foto: Shutterstock
Cerveja contém substância tóxica que pode estar ligada à doença misteriosa - Foto: Shutterstock
Foto: Foto: Shutterstock / Minha Vida

De acordo com o documento da corporação, foi descoberta a presença de uma substância tóxica em garrafas da cerveja Belorizontina, produzida pela empresa Backer, que estavam na casa de algumas das vítimas.

A substância se trata do dietilenoglicol (conhecido também como "éter de glicol"), que pode provocar sintomas compatíveis com os quadros clínicos dos oito casos investigados pelos órgãos públicos de MG. No total, nove pessoas foram diagnosticadas com a doença, sendo que um caso foi descartado e outro resultou em morte.

Diante das complicações da doença ainda não reconhecida, profissionais da saúde têm usado o termo "síndrome nefroneural" para se referir ao caso, que inclui insuficiência renal e alterações neurológicas.

O que é a substância tóxica da cerveja

O dietilenoglicol é um composto orgânico usado para acelerar a refrigeração de cervejas. Após finalizar o processo quente de produção da bebida, ela passa por um resfriamento imediato e feito externamente. Portanto, a substância não tem contato direto com a cerveja - o que só poderia ocorrer caso haja vazamento no tanque de resfriamento.

Apesar da presença da substância tóxica na bebida, a polícia não confirmou que a contaminação tenha ocorrido na cervejaria. "Não há, em hipótese alguma, afirmação de que a empresa seja responsável pela contaminação", ressaltou o promotor do Procon, Amauri da Matta, em entrevista.

Isso porque as garrafas da bebida foram recolhidas pelas autoridades fora da indústria, localizada no oeste de Belo Horizonte, no bairro Olhos D'Água. Ou seja, não são descartadas hipóteses de que a contaminação tenha ocorrido após a comercialização da cerveja.

Novas investigações estão sendo realizadas em outros rótulos da cervejaria Backer, em paralelo com a necropsia da vítima fatal da doença. Por enquanto, as famílias de duas vítimas internadas em estado grave confirmaram o consumo da cerveja Belorizontina pelos pacientes.

Perigos do dietilenoglicol

O caso da doença misteriosa não é o primeiro a indicar os riscos da ingestão de dietilenoglicol. Em Bangladesh, 24 crianças faleceram após constatada a presença da substância em um xarope de paracetamol em 2009.

No ano anterior, quase 100 crianças vieram a óbito após tomarem o medicamento "My Pinkin Baby", que continha dietilenoglicol. Outras mortes relacionadas à substância também foram registradas anteriormente na Argentina, Índia e Espanha.

Recolhimento da cerveja Belorizontina

A Secretaria de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) está atuando com força-tarefa para recolhimento de todas as unidades de Belorizontina ainda comercializadas nos mercados em que famílias das vítimas teriam comprado a bebida.

Os estabelecimentos são supermercados nos bairros Buritis e Cidade Nova, em Belo Horizonte; e no município de Nova Lima, na Grande BH.

De acordo com o laudo da Polícia Civil, a substância foi identificada nos lotes L11348 e L21348 da cerveja Belorizontina, produzidos entre outubro e dezembro de 2019. Caso alguém identifique produtos de um dos lotes acima, a orientação é de não consumir a bebida e entrar em contato com a Polícia Civil para recolhimento e investigação.

O que diz a cervejaria

Segundo nota oficial da cervejaria Backer, divulgada nas redes sociais, a empresa não utiliza o dietilenoglicol para a produção do rótulo Belorizontina.

Além disso, a empresa anunciou que, por precaução, irá retirar imediatamente de circulação qualquer produto dos lotes indicados, caso ainda haja algum remanescente no mercado.

Sintomas da síndrome nefroneural

Os principais sintomas da doença "misteriosa" é a rápida evolução de insuficiência renal aguda (menos de 72 horas) e mudanças neurológicas, como paralisia facial, cegueira e vista borrada, além de náusea, diarreia e vômito.

Se você é morador de Belo Horizonte ou esteve na região a partir de dezembro, e apresenta os sintomas acima mencionados, procure o pronto-socorro mais próximo urgentemente.

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