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1976: o ano em que a F1 foi definida no tapetão

Quem reclama das interferências de hoje não tem ideia de como a temporada de 1976 foi definida pelos tribunais...

20 nov 2021 - 16h00
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1976, o ano em que o tapetão imperou. Largada do GP da França
1976, o ano em que o tapetão imperou. Largada do GP da França
Foto: Wikipedia Commons

As discussões sobre as decisões dos comissários nos últimos tempos alimentam conversas nas redes sociais de que a F1 é cada vez mais definida no tapetão. Mas já tivemos outras temporadas em que o desempenho nos tribunais foi tão determinante quanto a performance de pista. Tivemos 1989, 1997, 2007...Porém a mais simbólica talvez tenha sido 1976.

Todo mundo se lembra deste ano por conta do acidente de Niki Lauda e posteriormente pelo filme de 2013, o “Rush – No Limite da Emoção”. Outros ainda lembrarão do início da ligação de Emerson Fittipaldi com a sua própria equipe, que foi até 1980. Mas esta temporada foi frenética nos bastidores...

Para este ano, a F1 mudou mais uma vez o seu regulamento (soa diferente ?). O que chamava mais a atenção era a redução do tamanho do santo Antônio e a inclusão de novas áreas de proteção no cockpit e pedais. Mas foi acordado que estas novas regras só entrariam em vigor na Espanha (4ª prova do campeonato). Até lá, os carros de 1975 poderiam ser usados.

Uma das medidas que eram tomadas dos carros era o tamanho da bitola traseira (basicamente a largura total do carro com os pneus). E, para pegar como referência para os demais, usaram a McLaren M23, que era então o mais largo de todos. Na estreia do novo regulamento, já começou a confusão...

James Hunt, então na McLaren, obteve a sua segunda vitória na categoria, superando Niki Lauda, então campeão mundial e principal favorito pela Ferrari. O austríaco não foi muito páreo para o inglês pois correu reclamando de dores por conta de um acidente sofrido com trator em sua casa na Áustria. Mas meia hora depois do pódio, veio o anúncio que deixou a todos surpresos: James Hunt havia sido desclassificado.

Até então, era a primeira vez na história da F1 que um vencedor era desclassificado.  E qual era o motivo? O carro mais largo, que havia sido pego para referência de largura, estava fora do regulamento por...largura. O M23 tinha 1,8cm além do permitido (2,15m. Um F1 atual pode ter uma largura máxima de 2 metros).

A McLaren entrou com recurso junto ao Automóvel Clube da Espanha e a FIA, alegando que a diferença encontrada era referente ao pneu utilizado nos carros. Como o aro era mais largo, acabava influenciando na largura total do carro. Este argumento foi endossado por Dennis Chrobak, diretor de competições da Good Year. Teddy Mayer, então chefe da equipe e exímio advogado, alegou que a desclassificação era algo muito pesado para uma diferença tão pequena, além de não significar ganho algum de desempenho. ”Uma sentença de morte para um excesso de velocidade”, assim definiu Mayer.

A questão foi para o Tribunal de Apelações da FIA, que julgou procedente a reclamação da McLaren e deu novamente a vitória a Hunt em julho. Mas a equipe levou uma multa de 3.000 libras. 

Na mesma semana em que saiu este mesmo resultado, foi disputado o GP da França. E mais um caso de desclassificação: John Watson, que havia chegado em terceiro lugar com a Penske, teve seu lugar retirado por conta de ter sido constatado que o aerofólio traseiro de seu carro tinha 1,5cm a mais do que o permitido. Mais um recurso e posteriormente, Watson também teve a sua desclassificação retirada pois ficou constatado “erro” na conferência...

A terceira e última grande influência dos tribunais veio no GP da Grã-Bretanha. Desta vez disputado em Brands Hatch, todos os olhos estavam sob James Hunt. O inglês conseguiu se colocar na segunda posição, ao lado de Niki Lauda. Quando foi dada a largada, a McLaren saiu mal, permitindo que Clay Regazzoni, companheiro de Lauda na Ferrari, o passasse e tentasse a liderança. As Ferraris se tocaram e Regazzoni começou a rodar, tocando em Hunt e posteriormente sendo acertado por Jacques Lafitte (Ligier).

Dadas as circunstâncias, a direção de prova interrompeu a corrida. Aí, começou a discussão: quem bateu, pode voltar à corrida? A esta altura, Hunt tinha conseguido levar seu carro até os boxes, com a suspensão quebrada. A decisão dos comissários: os carros que bateram não poderiam voltar. 

Isso detonou uma reação dos cerca de 75.000 ingleses que lotavam Brands Hatch, vaiando e jogando na pista tudo o que era possível.  Luca de Montezemolo, chefe da Ferrari, e Teddy Mayer, chefe da McLaren, brigavam com a direção de prova para reverem a decisão. Enquanto isso, os mecânicos haviam consertado o carro de Hunt e o colocado de volta no grid. Após discussão, a direção de prova decidiu que os envolvidos poderiam largar e depois se veria como faria...

No fim, James Hunt venceu Niki Lauda, se aproveitando do fato do austríaco estar com problemas de câmbio. Lafitte e Regazzoni abandonaram no meio da prova. Mas a discussão seguiria...

Ao fim da prova, Tyrrell, Ferrari e Fittipaldi entraram com recurso questionando a legalidade da classificação de Hunt, Lafitte e Regazzoni após terem sido autorizados a alinhar para a segunda largada. No mesmo dia, os comissários declararam que não aceitavam o recurso, pois consideravam Hunt apto para a segunda largada. Com relação aos demais, a reclamação não procedia, pois haviam abandonado a prova.

Tyrrell e Fittipaldi retiraram suas reclamações. A Ferrari insistiu e a discussão foi para o Tribunal de Apelações da FIA. Em 24 de setembro de 1976 foi decidido que a reclamação italiana era procedente e a vitória de Hunt foi retirada, indo para Niki Lauda. E mesmo não tendo completado a prova, Lafitte e Regazzoni foram excluídos.

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