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A diferença de um motor novo para Hamilton

Após mistério e discussão, a Mercedes trocou o motor a combustão de Hamilton para o GP de São Paulo. O quanto de diferença isso faz?

14 nov 2021 - 13h45
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Hamilton em Intrelagos. O novo motor ajudou a fazer a diferença até aqui
Hamilton em Intrelagos. O novo motor ajudou a fazer a diferença até aqui
Foto: Mercedes F1 / LAT Images

Uma das coisas que chamou a atenção neste GP de São Paulo foi a maneira com que Lewis Hamilton conseguiu andar tão rápido no treino de classificação para a Sprint Race e na própria Sprint. É público e notória a superioridade do Mercedes W12 sob boa parte do grid, bem como a habilidade do piloto inglês. Porém, não se resume a estes dois fatores.

Mas o que pode ter feito a diferença neste momento seja a mudança do motor a combustão (chamado de ICE – Internal Combustion Engine – Motor de Combustão Interna). Após um grande suspense nas últimas etapas e diante das diversas trocas feitas no carro de Valtteri Bottas, a Mercedes decidiu fazer a mudança, mesmo levando uma punição de 5 posições no grid para a corrida de domingo.

Uma mudança de um único elemento pode fazer esta diferença toda? Sim. Conversamos com  Milton Rubinho,  técnico de testes de motor da General Motors e especialista em calibração de motores para tentar entender o quanto uma mudança desta pode fazer. Segundo ele, mesmo com todas as limitações de regulamento para aumentar a durabilidade, o motor de um F1 ainda é bem exigido. Portanto, à medida que vai sendo usado, os materiais vão sofrendo desgaste pelo uso e vibração, folgas vão aparecendo e assim, o desempenho vai caindo, gerando menos potência e consumindo mais combustível e lubrificantes.

Vai longe o tempo em que as equipes usavam 60 a 70 motores em uma única temporada. Neste caso, a situação era simples: trocava-se de motores a toda hora e era sempre no limite. O que temos hoje, seria um quadro parecido com o que se tinha na década de 70, quando uma equipe tinha cerca de 8/10 motores por ano e ia fazendo a gestão.

Segundo Milton Rubinho, hoje as equipes têm que fazer uma gestão muito grande da manutenção das unidades. E este ano, com o aumento da competição em todo o grid, o uso dos motores acabou sendo mais agressivo e motivando uma série de mudanças além do que está previsto nas regras. Mesmo assim, os times têm preferido pagar as punições no grid. Basta ver o caso da Mercedes com Bottas.

No caso de Hamilton, o motor a combustão gera cerca de 80% da potência do conjunto da Unidade de Potência. Então qualquer influência em relação a este item faz diferença. Neste caso, por se tratar de uma unidade 0 km, as folgas entre peças estão no mínimo estabelecido. Assim, o funcionamento é mais tranquilo, pode se usar um mapeamento mais agressivo e gerar mais potência. Estima-se que a mudança específica de um motor de combustão pode fazer uma diferença de 20 a 30 cavalos a mais. Em um momento em que a disputa pela liderança é tão grande e que os concorrentes não tem unidades tão novas, um acréscimo deste pode fazer valer.

Esta é uma das esperanças de Lewis Hamilton para manter vidas as chances de conquistar seu oitavo campeonato  este ano. Interlagos é uma pista querida para a ele e, além do motor novo, a torcida estará o empurrando.

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