Análise Técnica F1: Red Bull RB18
A demora em apresentar o carro definitivo foi justificada. O RB18 aposta em soluções arrojadas para manter a equipe na liderança da F1
Foi um grande desânimo para a comunidade da F1 quando a Red Bull apresentou somente a pintura para este ano no início de fevereiro. Ok, o anúncio do multimilionário acordo com a gigante americana Oracle era sim digno de nota. Mas quando apareceu o carro demonstração, ficou palpável a desilusão.
Isso deu trela para os críticos dizerem que o time estava com problemas na conclusão do RB18. Até mesmo desmentido público foi feito. Mas era um temor geral de que a Red Bull teria se atrasado no projeto do carro deste ano por conta do foco no desenvolvimento do RB16B, que deu o título à Max Verstappen ano passado.
Não podemos esquecer que Adrian Newey tem por hábito usar o máximo de tempo possível para desenvolver seus conceitos. Aparentemente, esta tradição foi mantida. Diante da drástica mudança na concepção dos carros, Newey e Pierre Waché (Diretor Técnico) procuraram soluções extremas para poder tirar o máximo do carro desde o início. Quando o RB18 apareceu definitivamente no “dia de filmagem” em Silverstone, ficou claro o porquê de tanto mistério em revelar o carro...
O que chamou imediatamente a atenção foi o perfil baixo do carro. O time técnico da Red Bull optou por usar uma frente muito fina e a suspensão com montagem pullrod (o braço de baixo pra cima). Isso permitiu deixar a linha um pouco mais baixa. Além disso, já trabalhou em algumas soluções para direcionar o ar debaixo do bico, semelhante à Ferrari.
Além de ter sido um dos poucos a usar esta opção de suspensão dianteira, Newey e Waché adotaram uma disposição diferente dos braços para compensar um pouco da perda de balanço com os novos pneus de 18” e o famoso direcionamento de ar para a parte de trás do carro. Ao invés de usar os triângulos paralelos, os colocou desiguais.
E com a perda das aletas laterais (bargeboards), a Red Bull também partiu para a solução esculpida para direcionar o ar. Ela também usa uma entrada de ar reduzida como a AlphaTauri. Mas enquanto a satélite adotou uma lateral mais reduzida em queda, a “nave mãe” usou uma solução mais longa, semelhante na linha da Aston Martin, mas extremamente curvada para “jogar o ar para fora” e no difusor.
A traseira também conta com algumas situações interessantes: aproveitando de uma brecha, os técnicos adotaram uma aleta do aerofólio traseiro bem próxima dos braços da suspensão, ajudando a conseguir um pouco mais de pressão aerodinâmica naquela área.
Nos primeiros testes em Barcelona, a Red Bull procurou dar muitas voltas e não se preocupou em usar os compostos mais macios. Mesmo assim, quem acompanhou viu que o carro estava rendendo bem. Agora, o último relato que vem especialmente da imprensa alemã seria de que o RB18 estaria consideravelmente acima do peso e a Red Bull estaria encabeçando um grupo para pedir uma nova readequação do peso mínimo.
Um ponto que se levanta é a Honda. No fim, os japoneses seguirão dando apoio aos motores, mas não como anteriormente. Com o “congelamento” do desenvolvimento até 2025, o trabalho feito para este ano fica mais fácil e terá o apoio da Red Bull Powertrains.
Todo caso, a Red Bull não fez feio e, no fim, não decepcionou. Um carro digno da equipe e da participação de Adrian Newey.