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Árabes definem o próximo passo no esporte: comprar a F1

A Arábia Saudita tem investido pesadamente em esportes nos últimos anos. A F1 é parte importante deste cenário.

8 jun 2022 - 12h16
(atualizado às 13h05)
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Lançamento do GP da Arabia Saudita de F1: após garantir sua prova, os arabes miram a categoria
Lançamento do GP da Arabia Saudita de F1: após garantir sua prova, os arabes miram a categoria
Foto: F1 / Divulgação

A F1 agora está na crista da onda. Após ter sofrido com muitas tempestades, a Liberty Media parece finalmente entrar em um bom ritmo. As notícias boas vêm surgindo aos montes: novas receitas, patrocinadores, fila de locais querendo provas, renovação do público...Porém, nem tudo são flores...

Em 2017, os americanos compraram a F1 de Bernie Ecclestone por mais de US$ 8 bilhões, se considerarmos o valor de US$ 4,5 bilhões pagos em dinheiro, além da dívida existente. Naquele momento, a expectativa era fazer a categoria virar uma mina de gerar receitas.

A relação com os europeus foi complicada por várias vezes e demorou para acharem um ponto comum para trabalho. As visões eram diferentes, até mesmo pelas culturas das duas partes. E a COVID acabou por ajudar por fechar um acordo que serviu para mudar a cara da F1 e tornar a categoria sustentável.

Justamente neste período da pandemia da COVID, volta a aparecer um ator no cenário da F1 que tem um peso: a Arábia Saudita.

Não podemos ignorar que os árabes têm importância para a construção de dois gigantes da F1 nos anos 70 e 80. Não fossem os petrodólares, a Williams não teria se consolidado como uma equipe de ponta entre 1979 e 1984 e a McLaren não teria conseguido o seu motor Turbo e o seu crescimento posterior através de Mansour Ojjeh (para entender um pouco o papel dele na McLaren, sugiro ler aqui).

Nos últimos anos, motivados pelos lucros petrolíferos e por mostrar uma nova imagem perante o mundo, o regime saudita tem investido muito dinheiro em diversas frentes, dentro de um projeto batizado “2030 Vision”. Um dos campos de atuação é o esportivo, o que até pode se chamar de “sportwashing”.

A atuação começou com lutas e a F1 foi um desdobramento. Inicialmente, os sauditas entraram através da Aramco, a empresa estatal de petróleo e a maior do mundo, como um dos patrocinadores da categoria (o primeiro diretamente fechado pela Liberty Media). Posteriormente, foi anunciado o acordo de 10 anos para a realização de um GP no país, inicialmente nas ruas de Jeddah, com a posterior construção de um circuito permanente em Qiddiya. Posteriormente, veio o acordo de patrocínio com a Aston Martin.

Mas a atuação da Arábia não ficou somente aí. Com a pandemia da COVID, muitos negócios ficaram em situação complicada. A F1 entrou neste campo e a Liberty Media teve que entrar rápido em ação. Afinal, não havia garantias da realização da temporada, as receitas estavam comprometidas, havia a necessidade de manter as equipes vivas e evitar que os bancos pudessem tomar conta do negócio por conta dos descumprimentos dos acordos de dívida.

Os americanos fizeram uma intensa movimentação interna entre empresas do grupo para reforçar o caixa. E uma das formas de capitalização da Liberty foi a venda de 5,7% das ações de uma de suas empresas da área de shows, a Live Nation. Este percentual foi adquirido pelo Fundo Soberano Saudita, uma organização criada pelo governo para gerir os fundos gerados pelo petróleo.  Estima-se que esta operação ficou em US$ 500 milhões.

Posteriormente, o mesmo Fundo Soberano, em conjunto com um fundo de investimentos britânico, fez um investimento em torno de £400 milhões (US$ 500 milhões) no grupo McLaren (envolve as divisões automobilística e de competições), envolvendo participação acionária. Desta forma, podemos dizer cada vez mais o grupo McLaren está nas mãos de grupos do Oriente Médio (anteriormente, 56% do controle estava nas mãos do Fundo Soberano do Bahrein e 14% da família Ojjeh).

Agora, os árabes voltam sua mira para a F1 propriamente dita. Não é de hoje que aparecem notícias de que a Liberty estaria desiludida com a categoria e não conseguiu fazer muita coisa do que gostaria, além de não ter obtido o retorno esperado no início. Embora tenham negado, os americanos chegaram sim a considerar colocar uma placa de “Vende-se” algum tempo atrás.

Sair agora não seria necessariamente algo ruim para a Liberty. Afinal de contas, hoje o negócio está avaliado em US$ 15 bilhões de acordo com os valores das ações em bolsa (acima de US$ 60). Permitira recuperar o valor gasto e capitalizar bem o grupo, que tem vastos interesses em comunicações e esportes na América do Norte.

Para os árabes, seria um grande ganho para a sua carteira. Um dos movimentos dos últimos tempos que chamam a atenção foi a criação de um torneio profissional de Golfe, que distribui prêmios maiores dos que os torneios da Associação dos Golfistas Profissionais e fazendo que vários abrissem mão destes.

Não é de hoje que os sauditas têm seus “olheiros” na F1 para entender muito bem a operação. A chegada de Mohammed Ben Sulayem à Presidência da FIA não se liga a esta situação, mas não deixa de ser muito coincidente. E algumas cabeças coroadas da atual estrutura da categoria não veriam com maus olhos uma mudança de mãos...  

A ver os próximos movimentos. O fato é que muitas conversas estão acontecendo nos bastidores e os sauditas não fazem segredo que querem ampliar seus horizontes. E a Liberty não está desprezando ofertas...

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