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As mudanças para a F1 2023 podem aumentar as diferenças no grid

Pode parecer pouco, mas os 15mm de aumento na altura dos carros podem ampliar mais ainda as diferenças no grid da F1 em 2023

7 ago 2022 - 11h19
(atualizado em 8/8/2022 às 16h29)
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Alguns dizem que as mudanças vieram para agradar a Mercedes. Mas a F1 2023 deve ter uma mudança considerável no grid..
Alguns dizem que as mudanças vieram para agradar a Mercedes. Mas a F1 2023 deve ter uma mudança considerável no grid..
Foto: Mercedes AMG F1 / Divulgalção

Teremos nos próximos dias a confirmação das novas regras para a F1 2023. A mais impactante é o aumento da altura dos carros, para tratar o porpoising e abordamos muito o assunto aqui no Parabólica.

Inicialmente, a proposta da FIA era aumentar em 25mm os carros, além de aumentar o vão do difusor. Com este regulamento onde boa parte do apoio aerodinâmico vem diretamente do assoalho (mais de 50% do total), qualquer mudança nesta área acaba influenciando demais o desempenho. Para se ter uma ideia, pegue uma régua e veja o equivalente a 2,5cm. Esta é a medida.

Talvez você vá se perguntar como uma medida aparentemente tão pequena possa dar tanto trabalho para as equipes e gere tanto barulho. A pergunta é válida e por isso vamos tentar explicar um pouco aqui.

O carro de F1 é extremamente sensível em relação a aerodinâmica, mesmo com as modificações feitas para este ano para reduzir a sua importância. Com a redução de aletas na parte de cima do carro, foi reintroduzido oficialmente o efeito Venturi no assoalho, para gerar o “efeito solo”, para prender o carro no chão.

Independente, o objetivo de uma equipe de projeto de um monoposto é deixar um carro mais próximo do chão. No caso da F1 e com a volta do efeito solo, o objetivo é tentar deixar colado para que os tuneis que geram o efeito Venturi possam ficar totalmente selados e aumentar o seu efeito. Na década de 70, esta situação era obtida através do uso de saias nas laterais para tentar selar esta área. Atualmente, os times usam os fluxos de ar para simular esta situação.

Quando o porpoising apareceu ainda nos testes de pré-temporada, a primeira solução foi justamente suspender o carro, além de endurecer mais a suspensão para que justamente não houvesse tanta oscilação. Essa opção faz o carro ficar mais firme, mais difícil de guiar e mais lento. A velocidade cai, pois, a quantidade de ar embaixo do ar aumenta e a velocidade com que ele passa é menor.

Esta foi a opção da FIA na famigerada Diretiva Técnica que vai entrar em vigor no GP da Bélgica. Por ela, os carros que não obedecem aos requisitos estabelecidos pela entidade, terão que aumentar a altura em 10mm.

A gritaria dos times é no sentido de que, embora seja pouco, as mudanças nos carros serão grandes. Afinal, o F1 é feito de forma conjunta. Mudando a altura, tem que se alterar também a geometria de suspensão, perfis de aerofólio (mesmo com as limitações regulamentares) e as superfícies da carroceria. Então o investimento acaba tendo que ser maior, além de mais tempo gasto no túnel de vento e nos computadores. Em tempos de teto orçamentário, a situação é complicada...

A escolha pelos 15mm acaba sendo uma solução de compromisso. As equipes terão que trabalhar sim em seus projetos em pouco tempo para que os carros fiquem prontos para os primeiros testes de resistência em dezembro. Ou seja, as equipes terão cerca de 4 meses para poder ajustar e fechar as características os carros que iniciarão a F1 2023.

E mesmo com as limitações de tempo de desenvolvimento e de orçamento, as equipes com mais estrutura e pessoal acabam tendo a possibilidade de serem menos impactados e a distância no grid acabem sendo maiores.... A FIA e a F1 devem ficar se olho para que esta opção não seja um verdadeiro tiro no pé.

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