Aston Martin F1 e o porquê de mostrar o carro pronto
Ao contrário de Red Bull e Haas, que optaram por esconder o jogo, a Aston Martin mostrou seu carro finalizado. E já o mandou para a pista
Estamos no meio do período de apresentações dos novos carros da Fórmula 1, um momento que sempre chama a atenção dos fãs ansiosos pelo início da temporada. É quando se tem uma primeira amostra do que será visto ao longo do ano. E os lançamentos de 2022 têm atraído ainda mais atenção que o comum, uma vez que os carros desse ano passam a ser feitos sob novo regulamento técnico, com significativas mudanças visuais.
E as duas primeiras equipes a fazer suas apresentações deram um belo banho de água fria nessa expectativa ao esconder o jogo. Tanto Haas quanto Red Bull mostraram apenas suas novas (ou nem tão novas assim) pinturas utilizando como base um carro “de mentira”. Na prática, ficamos sem ver os novos carros nesse primeiro momento.
Começou-se a ventilar a possibilidade de que todas as equipes fariam o mesmo, revelando a versão final apenas nos testes coletivos que serão realizados entre os dias 23 e 25 do corrente mês. Seria uma forma de maximizar o tempo de desenvolvimento, assim como uma forma de manter suas inovações escondidas dos rivais que, claro, ficam atentos a cada movimento para copiar o que for possível.
Mas a Aston Martin quebrou essa lógica ao apresentar o novíssimo AMR22 na quinta-feira (10) sem o menor pudor. Pela primeira vez pudemos ver, de fato, um carro de Fórmula 1 construído sob o novo regulamento. E nessa sexta (11), a equipe já levou o carro para Silverstone (vizinho à fábrica), onde realizou um shakedown e sessões de filmagens.
A explicação pela opção por uma revelação real foi dada por Andrew Green, Diretor de Tecnologia da Aston Martin, e contraria a lógica de esconder o jogo utilizada por outras equipes: “O que quisemos fazer foi ir para o shakedown o mais cedo possível para checar os sistemas e o funcionamento do carro. Isso nos dá algum tempo entre o shakedown e o teste de Barcelona. Essa foi a razão, para termos tempo de reagir”, disse à Autosport.
Green teme que os novos carros, feitos do zero, tenham maior propensão a dar problema em um primeiro momento, o que justificaria a precaução de testar o quanto antes. “Como o carro é absolutamente novo, sem nada do anterior, e a pré-temporada é muito curta, com o segundo teste tão perto da primeira corrida, vai ser quase impossível corrigir algo. Pensamos ser bom fazer um shakedown antes do primeiro teste.” O intervalo mencionado por Green, entre o segundo teste e a primeira corrida, é de apenas uma semana. Tanto o teste final quanto a corrida inicial serão realizadas no Barein, portanto, longe das fábricas das equipes.
O executivo foi questionado sobre o porquê de não esconder o jogo dos rivais, como fizeram Haas e Red Bull, e foi direto: “Porque somos honestos, não estamos tentando enganar”, respondeu. “Tínhamos o carro disponível. Não queríamos fazer uma apresentação de pintura, estamos além desse ponto esse ano. Queríamos fazer a coisa de verdade.”
Por fim, Green falou sobre as diferenças entre os carros, que podem ser notadas mesmo nos carros pré-produção mostrados pelas concorrentes (falamos de algumas delas nesse artigo). Segundo ele, é normal haver distinções entre os carros nesse estágio do novo regulamento, mas isso não deve durar muito: “Acho que vamor ver abordagens diferentes, inicialmente. Há muitas formas de abordas o regulamento de 2022, e vamos ver variações nesse momento.”, afirmou. “Mas não acho que demore muito para que todos se alinhem no aspecto visual geral do carro”.
A próxima equipe a revelar seu modelo de 2022 é a McLaren, ainda nessa sexta (11). Existe a expectativa de que a equipe laranja também opte por apresentar o carro pronto, seguindo a linha da Aston Martin.