Audiência F1 2021: ótimo no digital, mas a TV derrapa
Após um ano tenso por conta da COVID, a F1 tem números positivos para mostrar ao grande público (e aos acionistas). Mas é bom ver a TV...
Nesta quinta, dia 17, a F1 apresentou os dados de audiência sobre a categoria em 2021. Se em 2020 o relatório transparecia uma situação de sobrevivência em relação a todos os esforços feitos por conta da COVID, este último se pudesse viria com festa, fogos de artifício e banda de música.
Nada como uma temporada cheia de disputas para que o público viesse a acompanhar a F1 com gosto em todos os quadrantes. A Liberty Media tem ótimos números para vender em redes sociais e bilheteria, mesmo com a COVID. Mas a TV tem que ser observada com cuidado. Vamos destrinchar os números.
Redes Sociais e Digitais: Mais um “estouro” de seguidores. Em comparação com o ano anterior, houve um aumento de 40% chegando a 49 milhões nas mais diversas plataformas. Chama a atenção no aumento de visualizações de vídeos em 50% chegando a 7 bilhões. Só nos domínios da própria categoria (F1.com, aplicativos), os usuários únicos chegaram a 113 milhões. A F1 diz que, por mais um ano, foi o maior crescimento entre as principais ligas esportivas do planeta.
Televisão: De acordo com a F1, a temporada teve um total de 1,55 bilhões de telespectadores. Isso significa 4% a mais do que 2020, porém abaixo dos 1,9 bilhões de 2019. Lembrando que em 2019 e 2020 tivemos 21 e 17 corridas, respectivamente.
O recorde de audiência foi o último GP da temporada em Abu Dhabi. Cerca de 108 milhões de telespectadores acompanharam a decisão entre Max Verstappen e Lewis Hamilton. As Sprint Races tiveram bons números, com São Paulo tendo a maior audiência (82,3 milhões).
Mas aqui acende uma luz de alerta: Se as métricas foram seguidas continuamente, a temporada 2021 teve uma audiência média de 70 milhões de telespectadores. Isso significa uma queda de 20% em relação a 2020. O quadro aqui exemplifica com anos anteriores.
Um dos aspectos que podem ter impactado neste número foi a mudança de acordos televisivos em dois mercados importantes para a categoria: Brasil e Alemanha. Em seu comunicado, a F1 exclui os dois países no cálculo do grupo de comparativo de mercados “onde os acordos de transmissão foram mantidos de 2020 para 2021” e detalha que o Brasil teve uma cobertura mais profunda e com mais horas de transmissão do que 2020. Mais uma vez a F1 não abre a questão do alcance do seu aplicativo, o F1TV. E segue na política de migrar para canais pagos em detrimento aos canais abertos, especialmente na Europa.
Bilheterias : Talvez aqui o alívio tenha sido ouvido de longe. Após em 2020 com vários portões fechados, a volta do público às arquibancadas, mesmo com a ameaça da COVID pairando, já serviu para dar esperanças. Cerca de 2,69 milhões de pessoas estiveram acompanhando as corridas ao vivo em 2021. É um pouco mais da metade do que dos tempos pré-COVID (4,16 milhões), mas GPs como Estados Unidos, México e Grã-Bretanha tiveram mais público do que em 2019. Austin teve um total de 404 mil espectadores ao longo do final de semana. Interlagos recebeu 181 mil pessoas nos 3 dias. A expectativa é uma recuperação sustentável este ano com a melhoria das condições sanitárias.
A esperança da Liberty Media é que 2022 seja um ano em que as coisas voltem a uma “normalidade”. Mas vai ser hora de ver qual é a estratégia especialmente para televisão, pois vários contratos importantes entram na linha de tempo de renovação: Inglaterra, onde a Sky Sports paga muito, e Brasil, um dos principais mercados da categoria… Lembrando que uma parte considerável das receitas da categoria vem dos acordos de televisionamento.