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BRM P75 H16: o único motor de 16 cilindros a vencer na F1

No GP dos EUA de 1966, Jim Clark conseguiu vencer com o um Lotus equipado com o BRM P75, o maior motor em quantidade de cilindros da F1

30 out 2021 - 07h00
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O Lotus 43 com qual Jim Clark venceu o GP dos EUA de 1966, foto de 2014
O Lotus 43 com qual Jim Clark venceu o GP dos EUA de 1966, foto de 2014
Foto: Jon Brady / Wikimedia Commons

Muitas configurações de motores já venceram na F1: 4, 6, 8, 10 ou 12 cilindros. Mas apenas uma vez um motor com 16 cilindros conseguiu a vitória. Foi durante os anos 60. A British Racing Motors, ou simplesmente BRM, era uma das maiores fornecedoras de motores da categoria e ainda tinha equipe própria, que teve um único título, em 1962, com Graham Hill. O motor BRM 1.5 V8 era muito confiável e bom, mas o regulamento de 1966 aumentava as cilindradas do motor para 3 litros.

A abordagem inicial da BRM foi simplesmente dobrar o motor em um formato em V, de 1,5 V8 para 3,0 V16. Porém, seria um motor muito longo e não caberia nos chassis da BRM e da Lotus. Então, se pensou em outra solução: decidiu pegar o motor de 1965 e colocar os cilindros em 180°, colocando outra fileira com a mesma configuração em cima. No fim, a BRM inventou um motor 3.0 H16.

O motor H16 seria apenas para a BRM e Lotus. A equipe de Colin Chapman usava duas fornecedoras na época (a outra era a Climax/Coventry). O acordo com a BRM começou em 1965, pois eles queriam forçar a Clímax a aumentar o investimento e fazer um novo motor. Com a negativa, ainda em 1965, a Lotus assinou com a Ford, mas o motor só ficaria pronto a partir da terceira etapa de 1967. Até lá, a Lotus continuou com essa divisão para o fornecimento de motores. 

O gigantesco motor BRM P75
O gigantesco motor BRM P75
Foto: John Chapman / Wikimedia Commons

Em paralelo, também fizeram um motor 2.0 V8, chamado de P60. Esse também foi usado pela própria BRM, pela Lotus e em algumas corridas pela Brabham. Esse motor, baseado no 1,5 V8, era mais confiável e até conseguiu vencer o GP de Mônaco com Jackie Stewart, além de três pódios com Graham Hill. Mesmo assim, não era dos mais competitivos. 

Um motor com cilindros em H é raro de ser visto, mas ele tem suas vantagens, como a capacidade e, no caso da BRM, a compatibilidade com componentes dos motores antigos, o que daria uma economia de custo. Também teria um bom equilíbrio o que faz com que o motor sofra menos com vibração, um problema bem comum nos motores em geral.

Por outro lado, possui suas desvantagens como um centro de gravidade alto, por conta da parte superior do bloco do motor e também por conta de ter sido montado alto para dar espaço para o sistema de escapamento. O centro de gravidade interfere na questão de estabilidade: quanto mais baixo for, melhor vai ser. Neste caso, este era um problema, fazendo os carros que os usavam serem muito instáveis nas curvas. 

Mas ainda existia outro problema: os virabrequins. Eram dois, um para cada conjunto de 8 cilindros, conectados por três engrenagens. Foi uma solução pensada às pressas e acabou sendo mal projetada, o que gerava muitas vibrações do motor. Como já foi dito acima, um motor H tem a vantagem de sofrer menos com esse problema, porém não era o caso do motor da BRM. Além disso, fazia o motor quebrar: foram 27 abandonos nas 40 vezes que o motor foi usado, entre 1966 e 1968, com BRM e Lotus. 

Com relação à potência, eram 420 cv gerados, o que era bastante coisa se comparado a motores ao Honda V12, que gerava 360 cv. Porém, o regime de potência em baixas e médias rotações era bem fraco. Com relação ao peso eram 252 kg no início e ao longo do desenvolvimento, caiu para 181 kg, ainda pesado em relação à concorrência. Não bastando tudo isso, ainda consumia uma quantidade muito grande de combustível. Resumindo:  era um motor muito complexo, feito às pressas.

A BRM P83 não conquistou nenhuma vitória com o motor
A BRM P83 não conquistou nenhuma vitória com o motor
Foto: John Chapman / Wikimedia Commons

Mas como um motor problemático deste conseguiu vencer uma corrida? Essa vitória veio no GP dos EUA de 1966, com um dos maiores pilotos da história da categoria: Jim Clark, com a Lotus 43. O britânico bicampeão do mundo conseguiu fazer o segundo tempo, caiu para quarto nas primeiras voltas e contou com problemas com os três carros que estavam à sua frente: Lorenzo Bandini (Ferrari), Jack Brabham (Brabham) e John Surtees (Cooper). Ao final de 108 voltas, Clark cruzou em primeiro e, curiosamente, foi a única corrida que o piloto conseguiu completar com esse motor em quatro oportunidades em que o utilizou.

Em 1967, o H16 foi usado quase toda a temporada pela BRM. Jackie Stewart conseguiu um segundo lugar no GP da Bélgica. Mike Spence e Chris Irwin chegaram a pontuar, mas ficaram somente nisso. A última corrida do motor H16 foi com Mike Spence no GP da África do Sul de 1968, a primeira etapa daquele ano. E para não perder o costume, ele abandonou.

A partir da corrida seguinte, a BRM estreou o P101 3.0 V12, dando fim a história do único motor de 16 cilindros que correu na categoria.

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