Carros que mudaram a F1: Lotus 25 (1962)
Colin Chapman deu a sua primeira contribuição para a F1 com o Lotus 25, na temporada de 1962. Mais leves e com piloto praticamente deitado
Retomando a série dos carros que mudaram a F1 de modo definitivo, voltamos a 60 anos atrás. O ano é 1962. A F1 havia abraçado com gosto a configuração do motor traseiro instituída pela Cooper em 1958 (ver as referencias no final deste artigo). Até mesmo a Ferrari, que inicialmente havia desdenhado esta solução, teve que se render e venceu o campeonato de 1961 com o 156 de...motor traseiro.
Eram tempos de regulamentos bem menos restritivos e muita inventividade. Muita coisa era experimentada para tentar ganhar tempo. E no movimento que vinha se criando na Grã-Bretanha, um nome começou a aparecer: Anthony Colin Bruce Chapman. Ou simplesmente, Colin Chapman.
Engenheiro especializado em estruturas por formação, mas um apaixonado por carros e aviões, Chapman dividiu sua atuação na British Aluminium desenvolvendo aplicações para a construção civil com o automobilismo, além de um breve período na Força Aérea Britanica (RAF). Em 1948, ele pegou seu velho Austin 7 e colocou em prática o que tinha visto em livros de aeronáutica. Surgia o Mk1 (Mk vem de Mark, equivalente a revisão). Que não foi pensado originalmente para corridas. Mas após ter visto uma prova de Subida de Montanha, ficou fascinado e modificou o carro. A coisa deu certo e ele passou a desenvolver uma nova versão, o Mk2.
Em paralelo, começou a frequentar a biblioteca da Associação de Engenheiros Mecânicos para buscar informações sobre a fabricação de carros. O Mk2 estava sendo preparado para a então Fórmula 750 (categoria inglesa que usava motores de moto) e ao participar de uma corrida em Silverstone em 1950, se joga de uma vez nas corridas. O Mk3 foi pensado exclusivamente para corridas e contava com uma “interpretação astuta” do regulamento para dominar o campeonato de 1951 de Fórmula 750.
Em 1952, a Lotus foi formalmente fundada. A empresa atendida carros de rua como de competição. Em 1955, estreou em Le Mans. No ano seguinte, colaborou junto a Vanwall na elaboração do chassi de F1, junto com um nome que teria importância enorme para a categoria: Frank Costin (você pode saber mais vendo os textos no final aqui). Inclusive, este ano, ele tentou se classificar no GP da França, mas não conseguiu.
Em 1958, a Lotus estreou na F1. E trouxe para a categoria o que já levava desde o início de seus projetos: carros leves e de fácil manuseio. A primeira vitória veio em 1960, com Stirling Moss. E a revolução começou a ser pensada em 1961...
Uma das fixações de Chapman era o uso do máximo de rigidez com o mínimo de material. Este foi um dos pontos que trouxe da sua formação em estruturas. E nas pesquisas para o carro de 1962, numa conversa com Frank Costin, veio a ideia de manter esta simplicidade. E a paixão por aviões e a experiencia de Costin na De Havilland (fabricante de aviões) trouxe o esquema de monocoque...
Esta não era necessariamente uma novidade. Os aviões já usavam este conceito desde a década de 20. Carros de corrida também usaram de modo isolado. Mas seria a primeira vez que um carro de Fórmula usaria esta estrutura. Monocoque vem do francês e significa única célula.
Este conceito era uma revolução para os fórmula. Até então, os carros usavam um festival de tubos soldados para formar o chassi e contavam com várias peças para formar a carroceria. Com esta técnica, Chapman e Costin praticamente usavam poucas chapas de alumínio dobradas e rebitadas, formando uma única peça.
O modelo 25 incorporou esta tecnologia. Para se ter ideia, era cerca de 30kg mais leve e 3 vezes mais rígido do que seu antecessor. Para ajudar, escolheram colocar o piloto quase deitado para poder melhorar a aerodinâmica e a distribuição de peso. A configuração também ajudava a usar carrocerias com menos resistência ao ar.
O projeto deu tão certo que o carro foi usado por 5 temporadas (com 7 chassis fabricados!). Jim Clark foi vice-campeão em 1962, ganhou o título com ele em 1963 e bateu na trave em 1964, já que o carro foi acometido de vários problemas de confiabilidade.
A partir de então, os pilotos passaram a vestir o carro e a construção monocoque passou a ser disseminada pelo grid. Porém, nem tanto. A Ferrari foi usar seu chassi verdadeiramente monocoque em 1982...20 anos depois da introdução da tecnologia. O fato é que este carro acabou revolucionando a F1 de maneira definitiva...
Referência:
Capítulo 1 - Carros que mudaram a F1: Cooper T43, T45 e T51 (1957 a 1959)
Holanda 1967: após esta prova, a F1 nunca mais foi a mesma (sobre Frank Costin)