Corridas virtuais promovem “esquenta” para a Fórmula 1
Enquanto a temporada não começa, a Fórmula 1 se mantém conectada e engajada com os fãs por meio das competições virtuais
Apesar de a temporada de Fórmula 1 estar prevista para começar no final de março, a categoria não quer deixar seus fãs esperando por tanto tempo. Quem está com saudade de ver os carros na pista, pode aproveitar e conferir as disputas na F1 Esports Virtual Grand Prix, uma série de três eventos que reúnem pilotos e até mesmo outros esportistas dentro do F1 2020, game de corrida da Codemasters.
O entretenimento digital já havia sido relevante quando a pandemia de Covid dominou o mundo e paralisou o calendário do automobilismo no início da temporada passada. Por isso, a categoria estreou em 2020 uma competição em que pilotos, ex-pilotos e outros convidados participaram das corridas virtuais nas mesmas datas em que estavam previstas as competições da F1.
Até junho, as corridas online foram os únicos eventos automobilísticos que pudemos acompanhar nas transmissões ao vivo pelas redes sociais, misturando um pouco do mundo virtual com o mundo físico. Dos 20 pilotos que estavam no grid da F1 no ano passado, 11 participaram de pelo menos uma etapa. George Russell, Charles Leclerc e Alex Albon, por exemplo, foram os que mais estiveram presentes ao longo da temporada virtual. Incluindo as transmissões ao vivo pelas redes sociais da F1 (Youtube, Facebook e Twitch), as oito corridas foram vistas mais de 30 milhões de vezes em todo o mundo. E com a interação de Twitter, Instagram e canais chineses (Huya e Weibo), esses números sobem para 85 milhões de visualizações. É muita gente de olho!
Mas, o universo virtual da Fórmula 1 já existe desde 2017 com o surgimento da F1 Esports Series: foram mais de 60 mil pilotos inscritos na primeira temporada e apenas um campeão: Brendon Leight. No ano seguinte, nove equipes da F1 passaram a fazer parte da competição e Leight conquistou o bicampeonato, dessa vez como piloto da Mercedes, que também conquistou o mundial por equipes. Em 2019, quando a Ferrari foi a décima equipe a alinhar no grid virtual, a Red Bull levou para casa o campeonato por equipes, enquanto David Tonizza, da equipe italiana, foi o campeão na temporada de estreia.
Se você ainda não acompanhou as duas primeiras provas de 2021, os grandes prêmios virtuais da Áustria e da Inglaterra, vencidos por Enzo Fittipaldi (Haas) e George Russell (Williams), ainda tem mais uma chance de assistir o evento ao vivo. A última corrida será disputada no circuito de Interlagos, no dia 14 de fevereiro, às 15 horas (horário de Brasília). Ao final dessas três etapas, o prêmio será compartilhado com instituições beneficentes: as equipes poderão escolher para onde o prêmio de 100 mil dólares será destinado, independentemente de terminarem em primeiro ou último lugar na classificação.
O melhor de tudo é ver nomes como Enzo Fittipaldi competindo pela equipe Haas e George Russell, pela Williams, vencendo as etapas virtuais. O piloto brasileiro, que fez dupla com o irmão Pietro, ganhou a corrida no Red Bull Ring no dia 31 de janeiro, enquanto o britânico conquistou a vitória em Silverstone no dia 7 de fevereiro, após ter sido beneficiado por uma penalidade de Alex Albon. Por enquanto, os resultados colocaram a Haas na liderança com 57 pontos. Em seguida, está a Ferrari Driver Academy Esports com 42 pontos e a Red Bull Racing em terceiro lugar com 39 pontos.
Na corrida da Inglaterra, além de Russell, alinharam no grid o companheiro de equipe na vida real, Nicholas Latifi, pela Williams, representando a atual safra de pilotos de F1, assim como Alex Albon, piloto de testes e reserva da Red Bull, que teve como companheiro Liam Lawson, piloto do programa de jovens talentos da equipe austríaca. Pietro Fittipaldi repetiu a parceria da primeira corrida com o irmão Enzo na equipe Haas (que até poderia se chamar Haas-Fittipaldi Brothers, como ambos são conhecidos nas comunidades virtuais dos eSports). Callum Ilott e Robert Shwartzman, membros da Ferrari Driver Academy, representaram o time de Maranello. O ex-piloto Vitantonio Liuzzi correu pela AlphaTauri, ao lado do piloto de motos Luca Salvadori. O goleiro belga Thibaut Courtois e o criador de conteúdo Jack McDermott, também conhecido como ‘The Pie Face’, competiram pela Alfa Romeo. Pela equipe Alpine, os youtubers franceses Lucas Hauchard, conhecido como Squeezie, e Aléthéa Boucq, conhecida como TheAmusante, estrearam no grande prêmio virtual da F1 com a equipe Alpine.
As transmissões são feitas pelas redes sociais da Fórmula 1 no Youtube, Facebook, Twitch, Huya (China) e Weibo (China), além de parceiros de televisão internacionais, incluindo Sky Sports, ESPN, FOX Sports e Ziggo. E o esquema tem produção completa: no estúdio, os apresentadores da Sky Sports Tom Deacon e Natalie Pinkham fazem o pré-corrida com um breve histórico do evento real no ano passado e falam das expectativas para a corrida virtual, além de entrevistar alguns pilotos. Enquanto Matt Gallagher e Alex Jacques, respectivamente, narram e comentam as provas. A primeira corrida, com cinco voltas, é disputada pelos pilotos da F1 Esports Series, e funciona também como uma corrida de qualificação para a segunda prova, que acontece em seguida e que conta com as duplas de pilotos das equipes principais, além de atletas do esporte e outras personalidades. A prova principal tem 50% da distância do grande prêmio real da F1.
A audiência da categoria em 2020 relacionada aos eSports rendeu à Fórmula 1 um ano de considerável sucesso nas plataformas digitais. Foram 11,4 milhões de visualizações ao vivo em todas as plataformas digitais, representando um aumento de 98% em 2019. De acordo com os números divulgados pela categoria, a final do F1 Esports Pro Series que coroou o holandês Jarno Opmeer o campeão da temporada, competindo pela equipe Alfa Romeo, atingiu impressionantes 1,7 milhão de engajamentos nas redes sociais, um recorde histórico para a F1 Esports Series. Isso reforça o sucesso em relação à interação nas redes sociais, com a Pro Series alcançando 291 milhões no total de impressões, um aumento de 151% em relação à temporada de 2019.
Para quem quiser competir, basta ter a versão mais recente do jogo oficial da Fórmula 1 e um Xbox One, Xbox One S, Xbox One X, PS4, PS4 Pro ou PC com Windows com as configurações estabelecidas. Segundo o site da F1 Esports Series, os participantes também precisam de uma assinatura Xbox Live Gold ou assinatura PSN, além, claro, de uma conexão de internet adequada. Depois que a conta for registrada, teoricamente qualquer um pode competir nos cenários de qualificação online, mas caso demonstre que tenha habilidades que se destacam para passar para o próximo nível, o competidor pode ser convidado para o Pro Draft, onde quem se qualifica compete em uma das equipes oficiais da F1 e disputa a temporada da Pro Series, que é o campeonato principal.
Mesmo que a maioria dos pilotos que competem em nível profissional contem com simuladores para a preparação de suas atividades pré-pista, o futuro dos eSports dentro da Fórmula 1 e em outras categorias do esporte a motor parece cada vez mais promissor. Não apenas pela prática das competições em si, mas porque pode oferecer mais visibilidade às marcas e patrocinadores por meio das transmissões online, além de atrair os competidores que buscam bons prêmios em dinheiro. Afinal, por trás da diversão, o mercado dos eSports segue como um dos mais lucrativos para investidores nos últimos anos, capaz de movimentar cifras bilionárias. O fator financeiro ainda fala mais alto, seja na competição real ou virtual.