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Da estreia até a primeira vitória na F1, a luta de Hamilton

Há 14 anos, o calouro Lewis Hamilton venceu pela primeira vez com a McLaren, mas não foi fácil chegar até lá. Relembre conosco

12 jun 2021 - 17h37
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Lewis Hamilton conquistou uma vitória em sua sexta corrida na F1, mas a caminhada foi longa.
Lewis Hamilton conquistou uma vitória em sua sexta corrida na F1, mas a caminhada foi longa.
Foto: Divulgação/McLaren F1 / Twitter

Lewis Hamilton foi a surpresa na temporada de 2007 da Fórmula 1. Ele era o então campeão da GP2 (a atual F2), mas, mesmo assim, ninguém esperava um grande desempenho do britânico em sua temporada de estreia na categoria principal do automobilismo. Seu companheiro de equipe na McLaren, Fernando Alonso, havia deixado claro que preferia seu conterrâneo Pedro de la Rosa no lugar de Lewis, pois achava que o jovem inglês era muito inexperiente, e chegou a perguntar a Ron Dennis se a efetivação de Hamilton não iria atrapalhar a equipe na briga de construtores.

Naquele ano, o campeonato teve duas forças, além da McLaren, a Ferrari era forte concorrente, e os pilotos da equipe italiana eram Kimi Raikkonen e Felipe Massa. Na Austrália, a primeira etapa do campeonato, Lewis se qualificou em quarto, duas posições atrás de Alonso. A pole position foi de Raikkonen.

Hamilton largou bem e tomou a segunda posição de Alonso, mas o novato ainda não tinha ritmo de prova e, assim, não conseguia atacar Raikkonen, ao mesmo tempo em que segurava Alonso. Na segunda parada, a McLaren inverteu as posições para Alonso tentar chegar em Raikkonen, mas foi em vão. Apesar de tudo, Lewis terminou sua primeira corrida no pódio.

Kimi Raikkonen venceu o primeiro GP da temporada de 2007.
Kimi Raikkonen venceu o primeiro GP da temporada de 2007.
Foto: Divulgação/F1.com / Twitter

A segunda etapa foi disputada na Malásia, e as posições dos pilotos da McLaren no grid foram as mesmas da corrida anterior. A pole ficou com Felipe Massa, enquanto Kimi Raikkonen largou em terceiro. Na largada, Alonso assumiu a ponta, seguido por Hamilton. O inglês ainda lutou com os pilotos da Ferrari e conseguiu segurar a segunda posição, mas Alonso estava como em um passeio no parque e seguiu tranquilamente para uma vitória com quase 20 segundos de vantagem para Lewis. Alonso terminou a etapa como líder do campeonato, com 18 pontos, contra 16 de Raikkonen e 14 de Hamilton.

Parecia que o espanhol estava seguro, e que seguiria escoltado no campeonato por um companheiro de bom nível, mas que parecia “inofensivo”. Só que essa impressão durou apenas até a terceira etapa, no Bahrein. Na qualificação Massa foi pole, com Hamilton em segundo, Raikkonen em terceiro e Alonso em quarto. Na largada, Alonso tomou a terceira posição, enquanto Massa e Hamilton mantiveram as posições. Mas algo estava diferente, enquanto Hamilton tentava pressionar Massa, Alonso estava ficando para trás e, na verdade, estava segurando Raikkonen.

Na época, havia reabastecimento, e Alonso tinha o carro mais pesado dos quatro, mas isso não justificava o seu ritmo mais lento. Durante a primeira rodada de paradas, as coisas só pioraram para Alonso, já que ele voltou à pista atrás de Nick Heidfeld (BMW Sauber) e por lá ficou até o fim da prova, terminando em quinto lugar. A vitória ficou com Massa, que, depois da primeira parada, não foi mais ameaçado por Lewis. Raikkonen fechou o pódio.

Esse resultado provocou o triplo empate entre Alonso, Raikkonen e Hamilton, todos com 22 pontos, enquanto Massa foi a 17 pontos. No GP da Espanha, as coisas pareciam estar voltando ao controle do piloto da casa. Massa fez a pole, seguido por Alonso, Raikkonen e Hamilton. Na largada, Alonso tentou ultrapassar Massa, mas foi jogado para fora, voltando em quarto.

Fernando Alonso não deu chances a Hamilton na segunda etapa da temporada.
Fernando Alonso não deu chances a Hamilton na segunda etapa da temporada.
Foto: Divulgação/McLaren F1 / Twitter

Massa ficou com a liderança, Hamilton ultrapassou Raikkonen e herdou o segundo lugar de Alonso. Kimi acabou tendo problemas no início da prova e abandonou, com isso, Alonso avançou uma posição, Felipe mostrou um ritmo consistente e levou a prova com certa tranquilidade, Lewis não conseguiu acompanhar o ritmo do brasileiro mas, por outro lado, se saiu melhor do que o seu companheiro de equipe, que não o ameaçou em nenhum momento.

Mesmo sem vitórias, Hamilton assumiu a liderança do campeonato, com 30 pontos, seguido por Alonso com 28, Massa com 27 e Raikkonen, que permaneceu com 22. A prova seguinte foi em Mônaco, e o clima começou a esquentar entre Alonso e Hamilton. O espanhol fez a pole, com Lewis em segundo, largando mais pesado.

Na largada, Hamilton ficou atrás de Alonso, com uma maneira de impedir ataques de Massa. Os carros da McLaren sobravam em ritmo de corrida, e Alonso (mais leve) abriu cinco segundos até a primeira parada, quando tinha 7s5 de vantagem. Três voltas depois, Hamilton fez seu trabalho em 8s9, para em teoria fazer um segundo stint mais longo. Na volta 50, Alonso parou pela segunda vez, ele tinha aberto mais de 10s para Hamilton, mas, parando depois, era de se imaginar que ele pudesse fazer voltas voadoras.

Era esperado que Lewis conseguisse dar pelo menos sete voltas depois da parada de Alonso devido a quantidade de combustível. Mas a McLaren estranhamente o chamou apenas três voltas depois, fazendo o inglês voltar cinco segundos atrás do espanhol. Na volta 58, Lewis encostou  em Alonso, com ritmo para tentar ultrapassa-lo, mas todos sabem como é difícil ultrapassar em Mônaco, e a corrida terminou sem modificações, mas houve suspeita de ordem de equipe. A FIA chegou a abrir uma investigação sobre a possibilidade de ter ocorrido uma ordem para que Lewis diminuísse o ritmo, mas, de acordo com o laudo da entidade, não houve comprovação.

Felipe Massa superou os adversários e venceu no Bahrein.
Felipe Massa superou os adversários e venceu no Bahrein.
Foto: Divulgação/F1.com / Twitter

Alonso assumiu a liderança do campeonato com 38 pontos. Hamilton também tinha 38, mas sem vitórias (contra duas do espanhol) estava em segundo na classificação. Massa, que foi o único carro de outra equipe a terminar na mesma volta, um minuto atrás, foi para 33 pontos e Raikkonen para 29.

A sexta etapa da temporada foi o GP do Canadá. A McLaren dominou os três treinos livres, com Alonso sendo o mais rápido nos dois primeiros treinos e Hamilton no último. Na qualificação ficou nítida a vantagem da McLaren: no Q3, a briga estava entre os pilotos do time. Na última tentativa, Hamilton fez o tempo de 1min15s576. O espanhol tentou retomar a ponta, mas fez apenas 1min16s163. Foi a primeira pole de Hamilton na F1.

Na largada, Hamilton largou bem e Alonso saiu da pista na primeira curva, caindo para terceiro, atrás de Nick Heidfeld. Hamilton se distanciava, e Heidfeld vinha com um consistente segundo lugar e Alonso não conseguia ameaçar o piloto da BMW Sauber.  Na volta 19, o espanhol errou novamente o ponto de freada na curva 1 e perdeu a posição para Massa. Heidfeld parou na volta 19 e Hamilton na volta 21.

Eles tiveram sorte, pois na volta seguinte, Adrian Sutil (Spyker) bateu no muro na curva 4, provocando a entrada do Safety Car. Na época, não era permitido parar para reabastecimento naquela condição. Alonso e Nico Rosberg (Williams) estavam na iminência de pararem por pane seca e foram para os boxes, mesmo sabendo que seriam punidos. Na volta seguinte, com o acesso liberado, Massa, Fisichella e outros pararam, então Hamilton recuperou a ponta.

Fernando Alonso venceu nas ruas de Mônaco.
Fernando Alonso venceu nas ruas de Mônaco.
Foto: Divulgação/McLaren F1 / Twitter

O Safety Car saiu na volta de 27, mas teve que voltar à pista porque Robert Kubica (BMW Sauber) sofreu um acidente fortíssimo no hairpin. Ele acabou fraturando as pernas e não pode correr no GP seguinte, nos Estados Unidos, a pista foi liberada novamente na volta 33.

Após a bandeira verde, a direção de prova puniu quatro carros: Felipe Massa e Giancarlo Fisichella foram desclassificados, porque quando pararam em regime de Safety Car, ignoraram que a saída do pit estava fechada. Fernando Alonso e Nico Rosberg, como esperado, foram punidos com uma parada nos boxes de 10 segundos.

Com a punição, Alonso caiu para 15° lugar, enquanto Hamilton continuava na frente com certa tranquilidade, já que Heidfeld não parecia uma ameaça. Na volta 49, Christijan Albers (Spyker) passou reto na curva 8 e provocou a entrada do carro de segurança novamente. Nesse momento, Alonso já tinha recuperado posições e estava em sétimo, mas tudo indicava que ele não chegaria nem ao pódio.

Na volta 54, o Safety Car saiu. Mas Vitantonio Liuzzi acertou o Muro dos Campeões e causou uma nova entrada do Safety Car. Na relargada, Hamilton voltou a abrir para Heidfeld. Em terceiro estava Rubens Barrichello, um surpreendente resultado para a Honda. Mas ele teria que parar, pois só havia usado pneus duros, dando lugar a Alexander Wurz (Williams).

Lewis Hamilton triunfando pela primeira vez na F1.
Lewis Hamilton triunfando pela primeira vez na F1.
Foto: Divulgação/McLaren F1 / Twitter

Atrás, Alonso lutava para tentar superar Raikkonen na disputa pelo quinto lugar. Mas os problemas nos freios que ele aparentava ter desde o início da prova se agravaram e o espanhol começou a perder rendimento. No fim, acabou ultrapassado por Takuma Sato, da modesta Super Aguri, e ficou em sétimo. Em uma prova cheia de imprevistos, Lewis Hamilton conquistou sua primeira vitória, o que, na ocasião, já era esperada. O jovem inglês podia ser novato na categoria, mas já sabia se impor.

Hamilton assumiu a liderança do campeonato, com 48 pontos contra 40 de Alonso, e mostrou que era capaz de rivalizar com o espanhol bicampeão mundial, considerado o melhor piloto do grid na época. A próxima etapa estava marcada para os Estados Unidos, e seria cheia de polêmicas. Mas isso é assunto para outro texto.

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