‘El Plan’ da Alpine F1 está dando certo?

Com a evolução das unidades de potência de Honda e Ferrari ao longo de 2021, os motores Renault ficaram para trás em termos de potência (a Mercedes nunca esteve na alça de mira). Antevendo o congelamento do desenvolvimento que durará quatro temporadas, a Renault resolveu refazer seu motor para 2022. 

Ainda na apresentação de seu modelo A522, a equipe anunciou que o plano para o novo motor, ao menos em um primeiro momento, seria focar em desempenho, mesmo que isso sacrificasse a durabilidade. 

E é justamente o que tem acontecido até aqui. Fernando Alonso ficou pelo caminho no GP da Arábia Saudita e na classificação para o GP da Austrália com problemas mecânicos. Para piorar, nas três etapas até aqui, o espanhol usou três motores diferentes – justamente o limite para a temporada inteira. Apesar disso, Otmar Szafnauer, novo chefe da Alpine, está tranquilo. Quando perguntado sobre o assunto pelo site Formel.1.de, brincou: “Não se preocupe, não serão 23 motores em 23 corridas. Um dos três voltará à cena”. 

Otmar contou que as trocas se deram como medida preventiva, para testar os motores antes de utilizá-los novamente. O motor do Barein foi aprovado e será adotado novamente em Ímola, a próxima etapa. Já o da Arábia, não tem volta: “Quando a bomba de água quebrou, o motor de combustão interna superaqueceu, por isso foi perdido", explicou. Com apenas dois motores para revezar, já é quase uma certeza que Alonso precisará de ao menos um quarto motor (e pagará 10 posições no grid) em algum momento do ano. É provável que até mais trocas serão necessárias... 

E o plano traçado no início do ano está sendo cumprido: o desempenho geral do carro tem sido bom, inferior apenas à Ferrari e Red Bull e próximo à Mercedes. Alonso, após o GP da Austrália, chegou a dizer que seu carro estava “muito mais rápido que a Mercedes”. Ele deixou de pontuar nessa prova não por culpa do motor, que aguentou até o fim, mas por apostar em uma estratégia diferente dos líderes, que acabou indo por água abaixo com um safety car. Depois, já fora dos pontos, sofreu com desgaste prematuro dos pneus médios. 

Otmar vê o motor Renault/Alpine como uma força intermediária, o que já é um avanço em relação à performance de 2021: “Acho que demos um passo adiante com a unidade de potência que talvez estejamos com uns 10 cavalos a menos que o melhor. Estamos em algum lugar do meio do caminho.”  

O carro tem suas qualidades, mas, claro, ainda carece de mais desenvolvimento. E a primeira leva de atualizações maiores virá em Ímola, como explica Szafnauer: “Nosso carro é forte em vários aspectos e não tem grandes fraquezas, mas não é tão forte quanto alguns outros”, afirmou. “Acho que Viry [a unidade de motores da Alpine, na França] fez um trabalho excelente. E agora cabe a nós [a fábrica fica em Enstone, Inglaterra, onde fica baseada a direção da equipe], o desenvolvimento mais profundo do carro.” 

Alonso adotou a expressão “el plan” como uma espécie de bordão em suas postagens em redes sociais e declarações, sem nunca ser claro sobre o que isso seria seu plano. A brincadeira cresceu a ponto de a Alpine entrar na onda e chegar a gravar a frase em seus carros no final 2021.

Para 2022, a equipe tem um 'plan' definido para o desenvolvimento de seus motores: primeiro o desempenho, depois a durabildade. A primeira etapa está sendo alcançada. Ainda falta resolver a durabilidade e avançar em outras frentes do carro. E só então poderemos cravar que 'el plan' foi cumprido.