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Espanha, 1981: a última glória de Gilles Villeneuve

Dia 8 de maio a morte do canadense completa 39 anos e recordamos um de seus maiores triunfos, no GP da Espanha

8 mai 2021 - 15h37
(atualizado às 15h42)
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Pódio histórico em Jarama, 1981: Gilles Villeneuve, ao centro, celebra sua vitória, com Laffite (à esq.) e Watson.
Pódio histórico em Jarama, 1981: Gilles Villeneuve, ao centro, celebra sua vitória, com Laffite (à esq.) e Watson.
Foto: Twitter

É o fim de semana do GP da Espanha de Fórmula 1, e como gostamos de datas redondas, vale recordar os 40 anos de uma prova memorável e que marcou a última vitória de um dos pilotos mais admirados da categoria, o canadense Gilles Villeneuve.

O circo da velocidade chegou em Jarama para disputar a sétima etapa da temporada de 1981, o GP da Espanha, no dia 21 de junho. Até então, o domínio era das Williams, que haviam vencido metade das provas disputadas (uma com Alan Jones e duas com Carlos Reutemann). Quem tentava entrar na briga era Nelson Piquet, vencedor dos GPs da Argentina e de San Marino, e que chegava “mordido” para a prova na Espanha, após perder a chance de triunfar na etapa anterior, em Mônaco.

Correndo por fora, despontava Gilles Villeneuve com uma Ferrari um tanto quanto paradoxal. Depois de praguejar contra as soluções aerodinâmicas usadas pelas equipes inglesas e contra os motores turbo, os italianos se renderam, e apostaram em um propulsor V6 sobrealimentado e um projeto que poderia ser considerado o primeiro carro com “efeito solo” do time, o 126C.

Muitos consideravam o conjunto da Ferrari 126C mal resolvido em relação aos rivais, e o início da temporada foi bem complicado. Mas a vitória de Villeneuve em Mônaco, em um circuito onde os motores turboalimentados costumavam sofrer com a demora nas respostas durante as retomadas – o chamado “turbo leg” – chamou a atenção. Mesmo assim, o bom desempenho foi considerado um ponto fora da curva.

Momentos finais do GP da Espanha de 1981: Villeneuve lidera, seguido por Laffite e Watson; mais atrás estão Reutemann e de Angelis.
Momentos finais do GP da Espanha de 1981: Villeneuve lidera, seguido por Laffite e Watson; mais atrás estão Reutemann e de Angelis.
Foto: Divulgação

Voltando a Jarama, os 24 carros alinharam para disputar as 80 voltas daquela prova diante de um público bem reduzido. Embora o tempo estivesse firme, os ingressos custavam caro e ainda havia uma ameaça de atentado do grupo separatista basco ETA, o que fez a polícia restringir o acesso ao autódromo. Mesmo assim, o Rei Juan Carlos esteve presente, mantendo a tradição no GP espanhol.

Jacques Laffite alinhou sua Ligier Matra na pole position, tendo Alan Jones da Williams ao seu lado. O líder do campeonato, Carlos Reutemann vinha logo atrás, com John Watson, da McLaren, na 4ª posição (o revolucionário MP4/1, o primeiro carro da categoria com chassi feito de fibra de carbono e kevlar, começava a mostrar seus primeiros resultados). O primeiro carro de motor turbo era a Renault de Alain Prost, na 5ª posição. Nelson Piquet e sua Brabham ocupavam a 9ª posição.

Laffite largou muito mal e a dupla Jones-Reutemann (nessa ordem) passou a liderar a prova. O grande salto foi de Villeneuve, que disparou da 7ª colocação no grid e já surgia em terceiro logo na primeira curva! E dando mostras do seu arrojo, logo superou Reutemann, ultrapassando o argentino por fora no final da reta principal logo no início da segunda volta.

O traçado apertado do circuito espanhol, teoricamente, não permitiria grandes emoções. Mas foi justamente essa característica que acabou ocasionando o grande barato da corrida. E o imponderável começou a aparecer.

Liderando com tranquilidade, Alan Jones errou na curva Ascari na 14ª volta e foi parar fora da pista. Mesmo com toda a raiva do australiano, os comissários da pista demoraram a reconduzi-lo de volta à corrida (manobra permitida na época). Quando finalmente retornou, Jones era apenas o 16º colocado. E Villeneuve assumiu a liderança.

A partir de então, o que se viu foi uma daquelas sequências que se convencionou chamar de defesa de posição. Jarama era um “kartódromo anabolizado” e assim, Villeneuve conseguia se manter à frente com sua Ferrari no principal ponto de ultrapassagem da pista, no fim da reta dos boxes. 

Mas, por conta da degradação dos pneus, o canadense foi obrigado a diminuir o ritmo, o que acabou provocando uma fila na sequência. Reutemann, Watson, Prost... e Laffite, que havia despencado para a 16ª posição após a péssima largada e vinha com ótima recuperação.

Reutemann não conseguia superar Villeneuve, embora tivesse um carro bem mais equilibrado que o do rival. A diferença ficava por conta do motor V6 turbo da Ferrari, que permitia maior velocidade do que o Ford Cosworth V8 (de aspiração natural) da Williams de “El Lole” – apelido do argentino. Além disso, o canadense exibia uma pilotagem perfeita, contrariando aqueles que o viam como um piloto estabanado e afoito.

Faltando 20 voltas para o fim, Laffite completou sua recuperação e se posicionou em terceiro, atrás de Reutemann, e o ultrapassou no final da reta, tal qual Villeneuve havia feito no início da prova. Logo a seguir, o argentino foi ultrapassado por Watson, caindo para a 4ª posição.

O piloto da Ligier nº 26 fez de tudo para coroar sua corrida de superação, mas Villeneuve mostrou talento e habilidade para manter a posição. Enquanto isso, um comboio de cinco carros vinha atrás, já que Elio de Angelis conseguiu se aproximar dos líderes com sua Lotus. O final teve uma daquelas cenas sensacionais da Fórmula 1, com o diretor de prova dando a bandeirada para cinco carros, que chegaram separados por pouco mais de 1 segundo.

Jarama foi o palco da sexta – e última – vitória de Villeneuve na Fórmula 1. Com uma clarividência provavelmente fora do planejamento, o canadense fez uma corrida digna de campeão, título que ele buscou e que teria chance de conquistar no ano seguinte, não fosse o terrível acidente no treino do GP da Bélgica.

Fica aqui nossa lembrança dos momentos em que o canadense encheu os olhos dos fãs com exibições que mesclavam talento com ousadia e que conquistaram um espaço especial nos corações dos apaixonados pela velocidade.

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