F1 dá grande salto tecnológico para 2026 com as regras de motores
Após meses de discussão, a FIA e a F1 divulgaram as novas regras de motor e combustíveis a partir de 2026, visando se manter na frente.
Após meses de idas e vindas, a FIA finalmente liberou nesta terça, dia 16, as famigeradas regras para os motores de 2026 da F1. Trazemos aqui as principais linhas do documento aprovado e que agora espera-se que venha a confirmação da entrada da Porsche e da Audi na F1:
- O motor a combustão segue com a configuração atual: 1,6 litros, V6 a 90 e turbo único. A diferença principal é que, pela introdução do novo combustível, a potência deve cair. Dos atuais 800/850cv, deve ficar em cerca de 500/550cv.
- Para compensar esta perda e aumentar a participação do sistema elétrico na geração de potência, confirmada a ampliação da potência gerada pela recuperação de energia da freada (o atual MGU-K) e a introdução do sistema de alimentação das baterias pelo funcionamento do motor a combustão. Só esta parte, a potência passa de 160cv para 470cv.
Desta forma, a F1 quer manter a potência gerada (1000cv) só que passando a parte elétrica dos atuais 16% para 47%. Basicamente o triplo. O lançamento de energia durante a volta também quase quintuplicou (de 2 para 9MJ).
- Confirmação do uso de combustíveis 100% sustentáveis. O regulamento prevê o uso de biocombustíveis de 2ª geração vindos de rejeitos de lixo urbano, resíduos de biomassa (aqui entra a cana de açúcar) entre outros, além do uso de combustível sintético, com a transformação de gás carbono em gasolina. Esta é uma transformação interessante, que já falamos aqui.
- Ainda sobre combustível, a F1 vai mudar o foco. Até 2025, o regulamento prevê controlar o fluxo de combustível (100kg/h). A partir de 2026, o controle será na energia como um todo (3000mJ/h). Isso significa simplesmente que, em relação ao que temos hoje, a redução fica entre 20 a 30%. É muita coisa. Para se ter ideia, a F1 hoje usa 50% de combustível a menos do que 35 anos atrás.
Este é um ponto que a F1 terá que vender muito bem. A entrada da era híbrida já foi um grande ganho que não foi bem capitalizado. A F1 hoje tem o motor a combustão com melhor aproveitamento energético e pouca gente sabe. Como colocamos em uma das últimas colunas, a categoria decidiu dar um salto tecnológico muito grande em relação ao que tem atualmente e recuperar o atraso em relação a outras categorias.
Ainda a F1 estipulou mais restrições a testes. E ainda estabeleceu itens que serão padronizados (bombas e injetores de combustível, sensores de motor), de código aberto (válvula de alívio) e de especificação definida (bobina de ignição). Bem como manteve tabelado o preço máximo de fornecimento em 15 milhões de euros.
Ainda foi estabelecido que vários itens poderão ser desenvolvidos ao longo dos anos. Posteriormente, o Regulamento Esportivo definirá quantitativos, embora tenha se decidido que os escapamentos deverão seguir a vida útil do motor (hoje são limitados a 8 unidades por temporada). Além disso, a FIA estabeleceu que, após de 5 etapas iniciais de cada temporada, o desempenho será monitorado e, se localizar que a diferença de potência entre os motores seja maior do que 3% do mais potente, haverá a liberdade das unidades mais fracas poderem mexer no motor.
A FIA deu uma grande cartada para manter a F1 com relevância para a indústria automobilística e energética. Embora seja um salto tecnológico, tenta simplificar a estrutura para tornar a categoria mais atrativa para novas marcas. E ainda deixa aberta a viabilidade da continuidade do motor a combustão e do sistema híbrido por um tempo maior do que se previa até um tempo atrás.
Isso sem deixar de lado a parte elétrica. A F-E tem a exclusividade de ser a única 100% elétrica em monoposto certificada pela FIA e tem se validado como desenvolvimento de soluções, embora se esperasse mais. A F1 tem tudo para se confirmar uma vez o ponto mais alto de tecnologia do esporte a motor.