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F1 e TI: um casamento que vai além do dinheiro

A categoria volta a ter uma relacionamento forte com a área de TI não só pelo dinheiro, mas principalmente pelo lado técnico

14 fev 2022 - 13h41
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Simulador da Alpine: a TI cada vez mais ganha peso na F1
Simulador da Alpine: a TI cada vez mais ganha peso na F1
Foto: Renault Sport F1 / Divulgação

Um dos aspectos que fazem pensar que a F1 voltou ao início dos 2000 não é somente pela presença de Fernando Alonso no grid. Mas principalmente pelo retorno forte das empresas de TI à categoria. Nos últimos anos, a Aston Martin fechou acordo de patrocínio com a Cognizant, gigante do setor; a Mercedes AMG anunciou acordo com a Team Viewer, da área de acesso remoto; a McLaren tem uma relação com a Dell há alguns anos; a Alpine tem um acordo com a Microsoft; a Ferrari teve relacionamento por anos com a AMD (processadores) e para este ano, se associou a Snapdragon (processadores) e a Velas (NFT e Blockchain).

O que chamou mais a atenção foi o anuncio da Red Bull da renovação do acordo com a gigante americana Oracle por 5 anos e abrangendo US$ 100 milhões anuais, o que significa o maior contrato de patrocínio da F1 até aqui (estima-se que a Phillip Morris despejava US$ 70 milhões/ano na Ferrari, mesmo sem exibir diretamente sua marca).

A busca por novas fontes de recursos por parte das equipes é incessante, bem como procurar onde pode se ganhar tempo. No passado, a F1 já buscou ajuda até na área aeroespacial. Agora, termos como data mining, velocidade de processamento e big data ganham importância. Por estes motivos, dois mundos que parecem tão diferentes se unem.

Longe vai o tempo quando a F1 começou a usar os computadores para desenvolvimento e o grande salto era simplesmente gravar os dados em uma singela fita cassete, no final dos anos 70. Os japoneses acabaram por fazer avançar a situação nos anos 80 de modo incrível na parte de monitoramento e as equipes intensificaram o uso destes recursos nas fábricas para desenho dos carros e aumentar a velocidade de fabricação.

Já nos anos 80, a capacidade de geração de dados de um F1 chamava a atenção. Quando usou a suspensão ativa na temporada de 87, a Lotus reconheceu que não esperava que o sistema gerasse tanta informação, o que dificultava fazer tudo funcionar corretamente. A equipe tinha um computador de “sensacionais” 256Kb nos boxes e levavam boa parte do fim de semana para decifrar tudo que os sensores reportavam. Lembrando que o funcionamento da suspensão tinha o programa “escrito” pelos engenheiros.

O tempo passou e a coisa chegou a um ponto impressionante: atualmente, um carro de F1 gera cerca de 2GB de dados por volta e 3TB de dados em uma corrida completa, obtidos por cerca de 200 sensores. Estes dados são trabalhados por engenheiros de pista e tantos outros conectados em tempo real nas fábricas, de modo a verificar o que pode ser melhorado e realizar simulações do que pode ser feito durante o final de semana.

Fora isso, os times geram uma quantidade de dados imensos para desenvolvimento de partes através dos sistemas computacionais (CFD). Esta parte começou a ser bem controlada nos últimos anos e entrou na limitação de testes aerodinâmicos. Em 2010, a Virgin tentou fazer o seu carro somente utilizando estes sistemas, sem usar o túnel de vento. A experiência não foi tão efetiva. Entretanto, a FIA considera permitir somente seu uso a partir de 2030, banindo o uso de túnel de vento por conta da quantidade de energia que este tipo de equipamento dispende.

Outro uso que os times fazem da tecnologia vem dos simuladores. Com o tempo de pista cada vez mais restrito, este tipo de equipamento ganhou importância. Não à toa, hoje temos pilotos que ficam dedicados durante todo o fim de semana de corrida a testar soluções para que sejam usadas na pista. 

Daí ganha a importância a tal “correlação de dados”, tão citada pelos técnicos. As equipes buscam que os dados obtidos nas simulações computacionais e de ensaios aerodinâmicos sejam cada vez mais iguais aos obtidos nas pistas. Por isso vemos aquele monte de sensores nos treinos e testes para confirmar isso tudo. E pode decretar o sucesso ou a morte de um projeto.

Com tudo isto posto, as equipes têm as seguintes preocupações:

Processamento: Diante desta maçaroca de dados, é necessário cada vez mais ter uma rede de computadores mais possante; só que como dito antes, quanto maior o processamento, mais a FIA restringe. Por enquanto, o foco do controle é na parte que é usada para desenvolvimento aerodinâmico.

Tratamento dos dados: No meio dos dados gerados, uma série de ações podem ser tomadas e soluções descobertas. Daí vem a importância de ter ferramentas e meios de tratar toda esta informação. Um dos focos da relação da Aston Martin com a Cognizant é este.

Transmissão dos dados: Nas suas fábricas, um batalhão de técnicos recebe as informações geradas na pista e vão dando subsídios para as decisões. Por exemplo: as estratégias de corrida são decididas com o apoio deste pessoal. São eles quem dão as direções para que “undercuts” e aumentos de stints sejam definidos.

Acesso Remoto: Se completa com o item anterior. E em tempos de restrição de movimentação de pessoal e controle orçamentário, o trabalho remoto ganha importância.  

Segurança dos dados: Um F1 não pode ser hackeado na pista (em tempos de telemetria de duas vias era possível. Hoje, o carro só pode gerar dados para os boxes. Mas não impediria um programa maldoso ser instalado). Mas dados podem ser acessados através das transmissões pista-fábrica, bem como dos servidores. As equipes não podem controlar totalmente as pessoas (ver o caso do spygate McLaren x Ferrari de 2007), mas se reforçam no que podem.

Estes são alguns aspectos. Podemos elencar vários outros, mas estes são os principais. Por isso, percebe-se que esta é uma relação que vai além de conveniência. Para as empresas de TI e Telecom, este é um campo onde podem conseguir ganhos de produtividade bem interessantes.

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