F1 informa mudanças no circuito da Arábia por mais segurança
Circuito de Jidá recebeu a F1 em dezembro e, apesar de proporcionar corrida movimentada, sofreu críticas por ser perigoso demais
Pouco mais de quatro meses separam o GP da Arábia Saudita de 2021 e o de 2022. A penúltima corrida da temporada passada será lembrada como uma das mais francas disputas entre Lewis Hamilton e Max Verstappen naquele ano, com direito à polêmica do suposto break test de Verstappen e vitória de Hamilton. Mas outro ponto foi bastante comentado pelos pilotos na última passagem da F1 por Jidá: a segurança da pista.
Em 2021, causou até certa estranheza a homologação da pista para a Fórmula 1, dado o alto índice de curvas cegas ao longo do traçado sinuoso. As sequências de curvas de alta, cercadas pelos muros característicos de um circuito de rua, limitam em muito a visão dos pilotos. A situação foi motivo de preocupação desde antes da prova. E, de fato, acidentes aconteceram. Após a corrida, o assunto voltou à tona, com George Russell, diretor da GPDA, pedindo mudanças na pista para a corrida de 2022.
A organização do evento prometeu fazer ajustes e a FIA detalhou nessa quinta-feira (24), em seu documento de Notas do Evento, o que foi feito na pista em nome da segurança. Para amenizar o problema da visibilidade, diversos setores da pista tiveram seus muros movidos para trás. O trecho entre as curvas 2 e 4, que foi palco do acidente entre Sergio Perez, George Russell e Nikita Mazepin, causador de uma das bandeiras vermelhas da corrida de 2021, foi um deles.
As curvas 14 e 21, ambas feitas de pé embaixo, tiveram seus muros internos recuados em 1,5 metro para abrir o campo de visão à frente. As curvas 4, 16, 22 e 24 tiveram uma camada de material suave adicionada antes do muro de concreto da parte interna. A ideia é absorver pequenos toques na tangência e evitar que os carros sejam danificados por isso – ou pior: sejam jogados para o muro do outro lado da pista.
Outra mudança destacada foi o alargamento da curva 27, a que dá acesso à reta dos boxes. Foi nesse ponto que Max Verstappen bateu na classificação, quando fazia a volta que provavelmente o colocaria na pole position. Ali, a pista tinha 10,5 metros e passará a ter 12.
Trecho mais veloz permanece inalterado
Um dos pontos mais criticados foi o trecho que compõe as curvas 23-24 e 25-26 – essencialmente, uma longa tangência para a direita e uma para a esquerda. Trata-se do trecho de maior velocidade do circuito. O risco está no fato de o muro ficar muito próximo ao traçado ideal da pista, o que bloqueia a visão de longo alcance por alguns segundos. Isso quando se anda próximo ou acima dos 300 km/h, diga-se...
Ali, as reformas precisaram ser maiores, e não houve tempo de executá-las entre o GP de 2021 e o de 2022. Para recuar o muro no trecho 25-26, por exemplo, seria necessário remodelar ou aterrar um lago artificial que há bem naquele ponto. Algo que deveria ter sido notado durante a construção da pista, ou mesmo antes, mas que passou batido pela organização e pela FIA.
A maior preocupação é que haja carros muito lentos e quem vier em velocidade só de depare com o obstáculo quando estiver perto demais. A FIA comunicou algumas medidas para evitar que isso aconteça, especialmente na classificação: após o primeiro treino livre, será determinada uma velocidade mínima para carros que não estejam em volta rápida. O intuito é diminuir a diferença de velocidade entre quem está em volta rápida e quem não está. Medida semelhante foi adotada na prova do ano passado – mesmo assim, houve alguns sustos...
Pista deverá permanecer por mais alguns anos
O contrato da Fórmula 1 previa que a prova seria realizada no circuito de rua de Jidá apenas em 2021 e 2022. Depois disso, o GP da Arábia seria transferido para uma nova pista em construção na cidade de Qiddiya, onde ficaria até 2030 (ou mais, a depender de extensões contratuais). Acontece que o enorme complexo que receberá a nova pista está com obras atrasadas, e Jidá deverá permanecer no calendário por mais tempo. Fala-se na possibilidade de que a pista ser usada até 2025.