Ford e Red Bull juntas na F1 em 2026. É para valer ou não?
Mais um parceiro surge para a Red Bull. Agora, a Ford é a bola da vez . É pra valer ou estratégia para valorizar o passe com a Honda?
Algum tempo atrás, escrevi uma coluna falando sobre a possibilidade de novas montadoras entrarem na F1. A categoria hoje voltou a ser uma poderosa base de propaganda e com os custos aparentemente sob controle, as grandes marcas voltam a olhar com carinho.
Neste texto (que você pode acessar aqui), falamos que as americanas não pareciam entrar nessa onda de otimismo, pois estavam envolvidas em seus problemas internos em relação a questões tecnológicas e por estarem tendo uma redução grande em sua cobertura mundial.
Nos últimos tempos, a Ford tem se mantido com uma atuação bem razoável. Ela segue comprometida com a NASCAR e renovou seu envolvimento com a SuperCars Australiana, além de anunciar participação no IMSA. Fora isso, apoia de um jeito um tanto quanto tímido a M-Sport no Mundial de Rally
Justamente este ponto que liga o casamento entre a Ford e a Red Bull. Os taurinos são patrocinadores da equipe no Rally nesta temporada. E isso tem ajudado a reduzir a conta desembolsada pelos americanos. Uma repetição do que já foi feito com a Volkswagen e a Citroen na mesma categoria (embora com os franceses o acordo era motivado por Sebastian Loeb).
Em 2020, a Ford mudou mais uma vez de comando. Bill Fahey veio comandando uma série de mudanças na linha, incluindo eletrificação e encerramento da fabricação de carros pequenos (isso incluiu o fechamento das fábricas no Brasil). Agora, parece querer reposicionar a marca globalmente. E a F1 seria um ótimo caminho para isso.
Os americanos têm uma importância tremenda para a categoria. Graças ao seu investimento, foi criado e construído o Cosworth V8, que muitos consideram como um dos responsáveis da era de ouro da F1. Em tese, qualquer um com algum dinheiro poderia construir um carro, comprar o Cosworth, fechar um acordo de pneus e ir para a pista. Na década de 70, certas vezes mais de 80% do grid era formado por carros empurrados pelos Ford Cosworth.
Hoje, a montadora não tem nenhuma parceira neste sentido. A Cosworth foi vendida há tempos e teria que receber um belo aporte financeiro para fazer frente às necessidades de desenvolvimento de um motor de F1 (embora tenha um projeto neste sentido). Aí entra a Red Bull.
Com a sua Power Trains, os taurinos são considerados como uma nova fabricante, o que daria margem para maiores investimentos dentro das regras financeiras. E todo o conhecimento vindo da Honda e da aquisição de técnicos da Mercedes criou uma bela estrutura. O investimento nesta unidade foi um dos grandes passos pensados por Dietrich Mateschitz para garantir a independência da Red Bull.
Mesmo assim, a Red Bull nunca fechou a porta para uma parceria. Mesmo com a Porsche, a ideia era ter este domínio do processo. O que se fala é que a Ford entraria como patrocinadora, botando sua marca no motor. Como a própria Red Bull já fez anteriormente com a Tag Hauer. Um investimento desse poderia ficar em cerca de US$ 30 milhões anuais, em uma estimativa conservadora.
Porém, mais uma vez fica a dúvida: não seria essa mais uma jogada da Red Bull para garantir mais vantagens junto à Honda? Os japoneses anunciaram que se habilitaram como fabricante dentro das novas regras a partir de 2026 e vão ter seu nome exposto na Red Bull e na Alpha Tauri em 2023. A Power Trains tem boa parte do pessoal que era da montadora japonesa e parte do trabalho sujo das unidades de potência é feito no Japão, já que um dos grandes receios da Honda era que seu conhecimento fosse apropriado por outros fabricantes.
Tudo ainda são possibilidades. Mas o fato é que a Red Bull se tornou um pelo atrativo para parceiros e ela não desgostaria de dividir a conta, desde que ela siga dando as cartas, coisa que ficou em dúvida no acordo não concretizado com a Porsche.
Um nome como a Ford seria maravilhoso para a F1. Seria a união da história com o reforço de laços com os Estados Unidos, o mais novo eldorado da categoria. A ver os próximos passos.