Gasolina da F1 2022: congelada até certo ponto...
As equipes ainda têm cartas na manga para mexer neste campo, mesmo com o congelamento…
Um tempo atrás, nós abordamos a questão do “congelamento” dos motores nesta temporada. Falamos que o desenvolvimento firme estava suspenso, mas que havia brecha para algumas mexidas (ver aqui). E nesta situação, mais um item também entrou na lista de restrições de desenvolvimento: gasolina.
Para este ano, a gasolina entrou na pauta do dia por ter tido sua composição alterada. Até 2021, a gasolina da F1 poderia ter até 5,75% de etanol. No rumo de uma postura mais “sustentável”, a FIA decidiu aumentar a porcentagem para 10%, mas de biocomponentes de segunda geração e aprovados pela entidade. A ideia era ir aumentando 10 pontos por ano, até chegar a uma gasolina 100% sustentável em 2026.
Mas as fabricantes retrucaram dizendo que a mudança para esta composição desviaria os esforços nos novos motores e levariam a mais gastos. Desta maneira, um compromisso foi assumido de manter os 10% até 2025 e introduzir a gasolina sustentável em 2026, junto com um novo regulamento técnico.
A mudança de 5,75% para 10% demandou uma revisão de várias situações nos motores: mudou mapeamento eletrônico; câmara de combustão para otimizar a queima para novo ponto; sistema de distribuição; tratamento das partes móveis pois mais etanol no combustível acaba aumentando a corrosão. Só para ficar aqui.
Cada vez mais a FIA busca apertar a fiscalização sobre a gasolina e lubrificantes. Estamos longe dos tempos dos anos 80 e 90, onde eram usados os mais diversos artifícios para ganhar desempenho (vai do efetivo congelamento até ao alegado uso de gasolina de foguete pela BMW em 1983). Entretanto, para conseguir ganhos, todos os campos são estudados. E cada um tem sua receita, mantida a 7 chaves…
Até o ano passado, era bem claro que a gasolina deveria ter por base a utilizada comercialmente. Tanto que as gasolinas Grid e Podium da Petrobras vieram do trabalho de desenvolvimento feito pela empresa para fornecer à F1. E alguns anos atrás, a Shell fez um teste colocando a sua gasolina de bomba na Ferrari e a diferença para o tipo desenvolvido para corrida não foi tão grande….
No regulamento técnico, a FIA estabelece os requisitos mínimos e máximos que a gasolina deve observar. De 2021 para 2022, pouca coisa mudou além do acréscimo de etanol. E ele também prevê que o prazo máximo para homologação para uma única evolução é 1º de março de 2022. Depois disso, nenhuma modificação pode ser feita em relação ao item apresentado.
Entretanto, sempre existem as “zonas cinzas do regulamento”. Se em relação aos motores o controle é maior e mais detalhado, sobre a gasolina há uma situação um pouco mais nebulosa. Embora haja a previsão de testes da composição em relação ao tipo homologado e o estabelecimento de limites para observação de variação, há uma brecha para mudanças de composição.
Por isso, se dá a possibilidade de ainda ter alguma mudança. Não à toa, Toto Wolff declarou que estava se trabalhando no combustível para conseguir algum ganho neste campo. Aí podemos não só falar de potência, mas também de consumo e confiabilidade...
Desta forma, podemos considerar que alguma mudança pode ser feita desde que não haja mudança nos valores homologados e estabelecidos. Por exemplo: uma mudança do etanol estabelecido pode ser feita, desde que não haja alteração em relação ao estabelecido no início da temporada e seja uma fonte autorizada pela FIA… Viva a brecha!