Honda fora da Fórmula 1 deixa Verstappen livre para voar
Montadora japonesa confirmou o que já se esperava ao não se comprometer com a F1 além de 2021. Entenda as consequências para a Fórmula 1
A Honda anunciou nesta sexta-feira (2) sua decisão de abandonar a Fórmula 1 no final de 2021, ou seja, daqui a pouco mais de um ano.
É uma notícia péssima para a Fórmula 1 neste momento, quando tudo parecia enfim arrumado, com os contratos entre as equipes e a Liberty Media assinados até 2025.
Mas, mesmo com todo o impacto, a Fórmula 1 deve sobreviver e continuar a se fortalecer. Essa não vai ser a primeira vez que uma montadora deixa a categoria e ela sempre sobreviveu.
Também não se pode dizer que não havia sinais de que isso podia acontecer. Em novembro do ano passado, a Honda se negou a se comprometer com a Fórmula 1 por mais do que o próximo ano.
E o que aconteceu fora das pistas nessa temporada parece ter mais importância do que o que aconteceu dentro das pistas. Se bem que isso também deve ter influenciado essa decisão.
Mas o fato é que, por mais doloroso que a desistência da Honda possa ser para a imagem da Fórmula 1, ela não vai exigir muito mais do que uma acomodação da distribuição de motores para as equipes. E também uma luta intensa para ver quem vai contar com os excelentes serviços de Max Verstappen.
Vamos por partes. Por trás da decisão da Honda estão inegavelmente a cise financeira causada pelo corona vírus e a mudança causada junto à indústria automotiva pela imposição da neutralidade de carbono e a eletrificação dos veículos automotores.
O fato é que a matriz energética atual, de combustível fóssil, vive hoje em dia o final de seu ciclo. Os veículos elétricos são o caminho que todo o setor já começa a seguir. E os motores híbridos da Fórmula 1 não se tornaram a opção que um dia se pensou que seriam.
Some-se a isso os resultados que os motores Honda alcançaram em cinco anos de Fórmula 1. Apenas cinco vitórias, todas elas sempre muito mais creditadas às qualidades do carro da Red Bull do que ao motor japonês.
Uma situação que se agravou nesse ano, com um carro não tão bom quanto se esperava da Red Bull. Vieram junto as críticas à pouca potência e a algumas quebras de motor que alijaram Verstappen de corridas importantes.
O pior é que parte dessas críticas vieram, direta ou indiretamente, da própria Red Bull, a parceira que deveria dividir tanto as alegrias quanto as tristezas.
Talvez por ver se reiniciar a mesma situação que levou Red Bull e Renault a um divórcio litigioso em 2018, a Honda tenha preferido rever sua continuidade na Fórmula 1.
Mas a falta de motor para 2022 não ameaça a permanência da Red Bull e da Alpha Tauri. Em seus regulamentos, a FIA já previa essa situação e se reservou o direito de exigir que o fabricante com menor número de clientes se torne o fornecedor de equipes nessa situação.
A ironia é que o fabricante com menor número de clientes é exatamente a Renault, que a partir do ano que vem só vai equipar os carros de sua própria equipe. Vai ser um casamento de conveniência com enormes dificuldades de convívio.
Porque pelo que se viu até agora, os chefões da Red Bull ainda não adotaram o saudável hábito de criticar em particular e elogiar em público. Fazem exatamente o oposto.
Esse comportamento é também uma das razões da Mercedes e da Ferrari terem se negado a abastecer a Red Bull em 2019, substituindo a Renault. A outra, claro, é a certeza de que, com um motor melhor, a Red Bull poderia se tornar o que é hoje a Mercedes, um adversário praticamente imbatível.
A outra consequência dessa decisão da Honda é a enorme chance dela deixar Max Verstappen livre no mercado antes do fim do seu contrato, que se encerra em 2023.
Verstappen parece ser o único piloto que pode se equiparar a Lewis Hamilton, desde que tenha equipamento um pouco melhor do que o atual.
Ninguém fora do staff de Verstappen e da cúpula da Red Bull conhece os detalhes desse contrato. Mas é certo que existem várias cláusulas de desempenho que podem liberá-lo antes da data prevista.
Talvez seja essa, a caça a Verstappen, a principal consequência da saída da Honda. Mais do que arranjar um novo fornecedor de motores, a Red Bull vai se preocupar em manter seu principal patrimônio, que se chama Max Verstappen.
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