Magnussen surge como candidato à vaga na Haas. Será viável?
Dinamarquês, que correu pela equipe entre 2017 e 2020, passa a ser especulado. Mas o que fazer com sua agenda já cheia para 2022?
Enquanto a Haas não bate o martelo sobre quem será o substituo de Nikita Mazepin, a temporada de especulações da F1 segue ativa como em um bom mês de agosto. Sem o russo (e seu patrocínio), nomes não param de surgir como possíveis candidatos à vaga em aberto: Pietro Fittipaldi, Antonio Giovinazzi, Oscar Piastri e Callum Illot, cada um por seus motivos, já vinham sendo especulados desde o início do imbróglio. Nico Hulkenberg ganhou força nos últimos dias. E emerge mais um novo/velho nome nessa história: Kevin Magnussen.
A possível negociação entre a Haas e Magnussen foi trazida à tona pela imprensa da Dinamarca, país de origem do piloto. K-Mag tem boa experiência na F1, tendo competido na categoria entre 2014 e 2020. Em quatro de suas sete temporadas, correu justamente pela Haas, e, ao que consta, saiu da equipe deixando as portas abertas. Sua saída, na verdade, não se deveu a questões técnicas ou de relacionamento, mas por razões financeiras. A equipe optou por trocar Magnussen e Romain Grosjean por uma dupla bem mais jovem, mas que pudesse aportar algum capital ao time.
Recentemente, Gene Haas, o dono da equipe, concedeu entrevista em que afirmou ter interesse em contar com um piloto com alguma experiência, algo que faltou ao time na formação de 2021, quando correu com dois novatos. Nesse caso, Magnussen teria a vantagem de já conhecer bem a categoria e a própria equipe, o que reduziria seu tempo de adaptação quando comparado a qualquer outro postulante à vaga – exceto Pietro, que já está no time e tocará o barco nos testes de pré-temporada. Contra Pietro, nesse particular, pesam a falta de maior experiência prática na F1 e, aparentemente, de aporte financeiro.
A escolha por Magnussen faria sentido pela ótica da Haas. Mas não deixaria de ser curioso, uma vez que o piloto deu declarações recentes afirmando que não pretenderia voltar à F1 em equipes médias ou pequenas, e que só tem interesse em participar de categorias em que poderia brigar por vitórias - algo que parece bem distante de ser a realidade da Haas. Mas, digamos que ele ignore as próprias declarações e tope o retorno. Nesse caso, algumas concessões teriam que ser feitas.
Magnussen tem compromissos assumidos para 2022. Ele está acertado para o programa de WEC da Peugeot, que volta ao endurance na categoria Hypercar. O desenvolvimento do carro da marca francesa sofreu um atraso, e a expectativa é que a estreia ocorra apenas nas 12 horas de Monza, em 10 de julho. Mesmo assim, ainda restariam dois compromissos até o final do ano: no Japão, em 11 de setembro, e no Barein, dois meses depois. As três datas coincidem GPs da F1: Áustria, Itália e Brasil. Ainda no endurance, Kevin pretende correr as 24 Horas de Le Mans ao lado de seu pai, Jan Magnussen, assim como fizeram em 2021. Mais uma vez, há conflito de datas. Ele teria que perder o GP do Azerbaijão.
A agenda do dinamarquês vai além: ele é titular da forte equipe de Chip Ganassi na IMSA. Conflito de datas com a F1 ocorreria em diversos GPs: Barein, Austrália, Inglaterra, Bélgica e Singapura. Ainda com a Chip Ganassi, Magnussen testou em Sebring recentemente pela Indy, e se coloca como postulante a fazer algumas corridas na categoria ainda em 2022.
Para aceitar o (suposto) convite de Gene Haas e retornar à F1, Magnussen teria que abrir mão da própria vontade de só correr onde pode ser competitivo e desfazer compromissos em diferentes categorias. Tudo para andar no pelotão do fundo da F1. E, claro, desde que ainda traga patrocínios para a nova empreitada na Haas. Ou, em cenário ainda mais improvável, caso a equipe queira muito seus serviços e ele não abra mão dos acordos que já tem, teria que cedê-lo em até nove GPs, promovendo um rodízio com algum outro piloto. Não parece ser uma opção lógica.
Saberemos nos próximos dias quem foi o eleito pela Haas para herdar o carro de Nikita Mazepin, e nenhuma hipótese está totalmente descartada. Fato é que, se for mesmo Kevin Magnussen, ou ele larga o que já tem acertado e muda as próprias expectativas de carreira, ou a Haas fecha com um piloto que não estará disponível integralmente. Ou mesmo as partes chegam a um meio termo, com Kevin saindo de apenas de algum de seus compromissos. Fato é: alguém vai ter que ceder.