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Mônaco, 1997: Barrichello em uma atuação de gala sob chuva

Em 11 de maio de 1997, Rubens Barrichello conquistou um heroico segundo lugar, com a novata equipe Stewart

17 mai 2021 - 13h55
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Rubens Barrichello em atuação impecável pelas ruas Monte Carlo, em 1997.
Rubens Barrichello em atuação impecável pelas ruas Monte Carlo, em 1997.
Foto: Formula 1 / Twitter

Barrichello sempre teve uma caraterísticas de se dar bem na chuva: suas primeiras pole position e vitória foram nessas condições. Mas, nas ruas de Monte Carlo, no ano de 1997, mostrou todo seu potencial nessas condições, em uma das melhores corridas de sua vida.

Dispensado da Jordan em 1996 depois de quatro temporadas, recebeu um convite da Stewart Grand Prix, do tricampeão de F1, Jackie Stewart, junto com seu filho, Paul. A equipe, embora iniciante, tinha boas marcas nas categorias de base. Também contava com o grande aporte financeiro da Ford, com quem o escocês tinha fortes laços, incluindo o papel de consultor da marca norte-americana.

A Ford estava “órfã” na categoria desde que sua longa parceria com a Benetton havia sido quebrada em 1994. Desde então, a montadora tinha feito apenas uma parceria com a Sauber, sem grandes resultados. Então, apoiar o nascimento da Stewart era uma jogada estratégica.

A equipe também teve patrocínios do banco HSBC, Texaco e do governo da Malásia. Além de Rubens Barrichello, o time trouxe Jan Magnussen, uma promessa que nunca se concretizou na F1. O projeto do Stewart SF1, chefiado por Alan Jenkins, se mostrou um bom chassi, mas os motores da Ford, os novos VJ Zetec-R desenvolvidos pela Cosworth, fornecidos em regime de exclusividade, não tinham a confiabilidade necessária.

Michael Schumacher conduziu as ações da prova de ponta a ponta.
Michael Schumacher conduziu as ações da prova de ponta a ponta.
Foto: Michael Schumacher / Twitter

Nas quatro primeiras etapas da temporada, apesar de um 5° lugar de Barrichello na qualificação do GP da Argentina, nenhum dos dois pilotos tinham conseguido cruzar a linha de chegada, todos os abandonos, com exceção de Magnussen no GP da Argentina, foram por problemas mecânicos. Mônaco seria a quinta etapa da temporada.

Na qualificação, o tempo estava seco, Barrichello terminou em 10°, Magnussen, em 19°. As chances da equipe pareciam pequenas em condições normais. No Warm-up de domingo, um treino feito antes da corrida, as condições de pista seca continuavam. Mas, trinta minutos antes da largada, a chuva começou a cair.

Naquela época, existiam duas fornecedoras de pneus: a Goodyear fornecia para sete times, enquanto a Bridgestone, em seu primeiro ano, para apenas quatro, considerados do meio e do fim grid - Arrows, Minardi, Prost e Stewart. Acontece que os pneus japoneses mostraram um ótimo desempenho, principalmente em condições de chuva.

Williams, McLaren e Arrows resolveram adotar uma estratégia arriscada de largar com pneus slicks. Os nove carros a frente de Barrichello, em ordem, eram: Frentzen (Williams), Michael Schumacher (Ferrari), Fisichella (Jordan), Coulthard (McLaren), Ralf Schumacher (Jordan), Herbert (Sauber), Hakkinen (McLaren) e Alesi (Benetton).

Na largada, com a pista bem escorregadia, Michael Schumacher pulou na frente, seguido por Fisichella, Frentzen caiu para terceiro, Ralf assumiu a quarta colocação, Villeneuve caiu para quinto, Herbert subiu para sexto, Coulthard caiu para sétimo, Barrichello subiu para oitavo, passando Hakkinen e Alesi.

Na curva do Cassino, Barrichello ultrapassou Coulthard. Na curva seguinte, foi a vez de roubar a posição de Herbert e, na chicane, superou Villeneuve, que também foi ultrapassado por Herbert, Coulthard e Panis (Prost). Schumacher completou a primeira volta com 6s654 de vantagem para Fisichella, seguido por Ralf, que tinha acabado de passar Frentzen, próximo à linha de chegada, e Barrichello vinha logo atrás.

Na segunda volta, Barrichello passou por Frentzen na Loews. Coulthard, que era sétimo e estava com slicks, acabou rodando na saída do túnel e bateu, ficando atravessado na primeira perna da chicane. Seu companheiro, Hakkinen, não conseguiu frear, e bateu no carro de Hill (Arrows) e depois no guard-rail. O acidente fez com que a suspensão dianteira do britânico quebrasse e ele também teve que abandonar.

Na frente, nada mudou até a volta 5. Schumacher estava abrindo e Barrichello estava pressionando os carros da Jordan, até que Ralf rodou na Loews e Rubens passou para terceiro. Na volta 6, foi a vez de ultrapassar Fisichella, na saída do túnel, assumindo a segunda posição. Ralf aproveitou e também passou pelo companheiro de equipe. Agora o brasileiro estava em segundo, mas 27s091 atrás de Michael, que estava imparável.

A chuva foi aumentando, e Ralf se manteve logo atrás do brasileiro, mas o alemão bateu na volta 10, Herbert, que vinha em quinto, também abandonou. Na volta 24, acabou escorregando na Chicane, mas nada que afetasse o seu desempenho. Rubens estava com um ritmo forte, mesmo que a vitória fosse improvável, visto que Schumacher estava muito à frente, Rubens estava dando o máximo com sua Stewart, as duas primeiras posições da prova estavam definidas e não mudariam até o fim da prova.

Outros destaques da prova eram: Panis (Ligier), que ganhou 8 posições e estava em quarto; Irvine (Ferrari), que ganhou 11 posições e estava em quinto; Salo (Tyrrell), que ganhou 9 posições e vinha em sexto. Salo e seu companheiro, Jos Verstappen, estavam com os X-Wings: aletas laterais que a equipe tinha inventado ali mesmo, tirando pedaços das asas, com a intenção de gerar mais downforce e adquirindo uma aparência curiosa.

Na volta 53, Schumacher deu uma escapada na Sainte Devote, quando tinha 1min15s792 para Barrichello, mas acabou voltando à pista. A corrida acabou no tempo de duas horas, na volta 62. Schumacher segurou o ritmo no fim para cruzar em primeiro; 53s306 depois, veio Rubens Barrichello, concretizando seu heróico segundo lugar.

Na época, apenas os seis primeiros pontuavam. Fisichella, que por boa parte da prova foi terceiro, acabou caindo para sexto, perdendo posições para Irvine, Panis e Salo. Irvine também ganhou a posição de Panis e completou o pódio. Com o quinto lugar, Salo acabou conquistando os últimos dois pontos da Tyrrell na história da categoria. A tradicional equipe seria vendida e faria sua última temporada em 1998.

Nem Rubens, nem a própria equipe acreditavam que, depois de tantos problemas, tinham conseguido tal feito. Barrichello mostrou todo o seu potencial nesse dia, colocando a Stewart em evidência. Foi um renascimento, após a saída da Jordan, mostrando a todos um grande potencial.

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